Índios isolados altamente vulneráveis que recentemente surgiram na região da fronteira entre Brasil e Peru disseram que eles estavam fugindo de ataques violentos no Peru.
Funai, o departamento de assuntos indígenas do Brasil, anunciou que o grupo de índios isolados voltaram mais uma vez a sua comunidade na floresta. Sete índios fizeram contato pacífico com uma comunidade indígena Ashaninka já estabelecida perto do Rio Envira no Brasil há três semanas.
Uma equipe de saúde do governo foi despachada e tratou sete índios com gripe. Funai anunciou que vai reabrir um posto de vigilância no rio Envira, que fechou em 2011, quando foi invadido por traficantes de drogas.
A última notícia foi condenada como “extremamente preocupante” pela Survival International, o movimento global para os direitos dos povos indígenas, porque epidemias de gripe, contra as quais os índios isolados não têm imunidade, têm dizimado tribos inteiras no passado.
Especialistas brasileiros acreditam que os índios, que pertencem ao grupo linguístico Pano, atravessaram a fronteira do Peru para o Brasil, devido a pressões de madeireiros ilegais e traficantes de drogas em suas terras.
Nixiwaka Yawanawá, um índio do Acre, disse: “Esta notícia prova que meus parentes isolados são ameaçados pela violência e doenças infecciosas. Nós já sabemos o que pode acontecer se as autoridades não tomar medidas para protegê-los, eles vão simplesmente desaparecer. Eles precisam de tempo e espaço para decidir quando querem fazer contato e seus escolhas devem ser respeitadas. Eles são heróis! ”
Índios isolados no Peru sofrem várias ameaças à sua sobrevivência – o governo tem entregado em concessões 70 por cento da floresta amazônica para exploração de petróleo e gás, incluindo as terras de tribos isoladas.
Planos para expandir o notório projeto gás de Camisea, localizado no coração da reserva Nahua-Nanti para índios isolados, recentemente recebeu sinal verde do governo, e a petroleira gigante canadense-colombiana Pacific Rubiales, está realizando a exploração em terra habitada pela tribo Matsés e seus vizinhos não contatados.
Ambos os projetos trarão centenas de trabalhadores de petróleo e gás para as terras de tribos isoladas, introduzindo o risco de doenças mortais e encontros violentos, e afugentando os animais que os índios caçam para a sua sobrevivência.
Survival lançou uma petição urgente para os governos brasileiro e peruano para proteger a terra de índios isolados, e apelou às autoridades para honrar seus compromissos de cooperação transfronteiriça.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: ‘Essa notícia não poderia ser mais preocupante – não só essas pessoas confirmaram que sofreram ataques violentos por forasteiros do lado do Peru, mas eles aparentemente já contrairam gripe. O cenário de pesadelo é que eles retornam para suas antigas aldeias portando a gripe com eles. É um verdadeiro teste de capacidade do Brasil de proteger esses grupos vulneráveis. A menos que um programa médico adequado e sustentado é posto em prática imediatamente, o resultado poderia ser uma catástrofe humanitária.’