Muita marcação, muito toque para o lado e pouco futebol. Holanda e Argentina entraram em campo tão preocupados com o que o outro ia fazer, que esqueceram de jogar. O 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil e o risco de um novo vexame parecem ter deixado as duas equipes mais precavidas. Mas não precisavam ser tão precavidos. Ao término dos 45 minutos iniciais, foram apenas quatro finalizações – três para os hermanos e uma dos holandeses. Romero e Cillessen, no entanto, desceram para o vestiário sem muito trabalho.
Na ausência de Di María, Alejandro Sabella optou por escalar Enzo Pérez e uma formação mais defensiva. Era como se dissesse: “Vamos nos defender aqui, e Messi e Higuaín que se virem lá na frente”. No lado esquerdo da defesa, Rojo sempre tinha a ajuda de um companheiro na marcação a Robben. Como o treinador já tinha alertado na véspera, não podia deixar o atacante pegar velocidade. E assim foi. Quando o carequinha flutuava pelo campo, Mascherano o acompanhava, e a atuação apagada de Van Persie facilitava o trabalho dos argentinos.
Com o rival controlado, a Argentina tentou sair e propor o jogo. Enzo Pérez e Lavezzi trocaram de posição, e o segundo impôs correria no lado direito do campo. As melhores jogadas do primeiro tempo saíram de seus pés, com avanços até a linha de fundo. Nada, porém, que empolgasse muito. Messi, na mesma banda do campo, mas um pouco mais recuado, aparecia mais para tabelas do que em jogadas individuais. De Jong o perseguia, e o craque não conseguia fazer a diferença. O jogo era monótono. Chato, na verdade.
Higuaín e Robben – O medo de perder continuou ditando o ritmo do jogo no segundo tempo. A diferença é que foi a Holanda que passou a ter mais a bola e tentar criar alguma coisa. Tentar, e só, porque nada acontecia. Era bola para esquerda, bola para direita, e desarme argentino. Van Persie sequer aparecia para fazer graça, enquanto Robben e Sneidjer erravam quase tudo, até lances de bola parada. Van Gaal até tentou dar um gás, trocando Martins Indi por Janmaat e colocando Kuyt na esquerda. E tudo seguia da mesma maneira.
A partir dos 20 minutos, a Argentina deixou de ser passiva e adiantou a marcação. Pegando forte no meio-campo, obrigava a Holanda a trocar passes no campo defensivo, e o jogo ficou mais monótono ainda. Sem pressa, os zagueiros tocavam de um lado para o outro em busca de espaços. Mas o primeiro bom espaço da partida quem encontrou foram os argentinos.
Aos 30 minutos, Enzo Pérez aproveitou dividida de Messi com dois holandeses, ficou com a sobra, avançou pela direita e cruzou na medida. Higuaín se esticou e tocou com a pontinha da chuteira. Grito de gol no Itaquerão, mas a bola ficou na rede pelo lado de fora. Com o time desgastado pela forte marcação imposta o tempo todo, Sabella mudou e tornou a Argentina mais ofensiva: saíram Enzo e Higuaín para as entradas de Palacio e Agüero. A prorrogação desde o minuto inicial parecia inevitável. Ninguém se expunha, ninguém arriscava.
A posse de bola era quase idêntica: 51% x 49% para Holanda. Mas no lance final por muito pouco a genialidade de Sneidjer não decidiu a favor da Holanda. (Cahê Motta/Do Globoesporte.com)