Após cursar todo o ensino médio numa escola da rede pública, o acreano André Lucas Melo, 19 anos, decidiu estudar na universidade norte-americana de Yale, após conquistar a aprovação em outras quatro, Duke, Brown, Babson e Georgetown.
Filho único de um carpinteiro e de uma servidora pública moradores do bairro Nova Estação, em Rio Branco, André diz que Yale é a universidade que sempre sonhou. “Parecia impossível conseguir. Meus pais nunca poderiam pagar 70 mil dólares por ano pelos meus estudos em Yale. Eu ainda não estou acreditando. A ficha não caiu”, conta.
Para os pais, o sentimento é de orgulho e de saudade. “Eles estão muito orgulhosos, sabiam que minhas chances eram pequenas. Agora, vão sentir muito a minha falta, mas já se conformaram”, disse o jovem. A mãe Marilza Buriti Melo destaca que nunca teve que pedir ou mandar o André fazer as tarefas da escola.
Yale está localizada em New Haven, no estado de Connecticut, a cerca de 1 hora de Nova York. “Fui o único brasileiro ex-aluno de escola estadual a ser aceito – o que é raríssimo e, até onde sei, inédito – e o primeiro acreano a ser admitido em uma Ivy League, grupo das oito mais prestigiadas universidades americanas”, comemora.
Sobre estudar em outro idioma, André não terá problemas, já que é autodidata em inglês. “Sempre gostei de cinema, de séries, e sempre assistia em casa. Via inglês como uma necessidade. Eu não sabia exatamente como, mas sabia que era algo que me ajudaria muito no futuro e ajudaria muito a realizar o meu sonho se eu soubesse. Comecei a estudar em casa, mas também tive oportunidade de estudar numa escola de idiomas, através de uma bolsa de estudo em 2011”, explicou.
Antes de surgir a oportunidade de estudar fora, André Melo, foi aprovado em vestibular para cursar Direito na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Amazonas e Universidade Federal de Campina Grande. Além da Universidade Federal do Acre (Ufac), onde estudou até o quarto período.
Em abril deste ano, André foi convidado pela Georgetown University para conhecer o campus. Ele aproveitou a oportunidade para conhecer as outras instituições de ensino. A opção por Yale se baseia não apenas no prestígio da instituição. “Notei várias vantagens, desde a parte pedagógica, até os dormitórios, que são muito bons e a localização. A parte financeira também contou. As outras universidades também me ofereceram bolsas integrais, mas Yale me ofereceu uma bolsa maior do que o necessário para cobrir meus estudos. Assim, vou poder viver bem sem gerar gastos para os meus pais”, disse.
Dúvida sobre qual área seguir
André está em dúvida sobre o que estudar nos Estados Unidos. “Eu gosto de muitas áreas, sou muito interdisciplinar. Penso em economia, relações internacionais e até jornalismo. Mas vai depender do que eu me interessar ao longo do curso, já que nos EUA você não passa para um curso: você passa para a instituição. O direito vai ficar para a pós-graduação”, afirmou.
Para garantir a aprovação em tantas universidades de excelência, André estudou bastante. Ele precisava se sair bem no Scholastic Aptitude Test (SAT), aceito na maior parte das instituições de ensino norte-americanas. “Eu estava há dois anos longe do ensino médio, estava cursando Direito no Brasil e participando de muitos projetos. Eu sabia que se eu não fosse muito bem no teste, não passaria”, lembrou.
Currículo invejável: único representante brasileiro na Wise
Seu desejo de contribuir por um mundo melhor, no entanto, fez com que ele se tornasse o primeiro brasileiro a integrar o Wise Learners, grupo juvenil do World Innovation Summit for Education (Wise), um dos maiores eventos internacionais na área de educação.
Depois de participar do Wise em outubro de 2013, em Doha, ele voltou à capital do Qatar para um treinamento em janeiro de 2014 e, entre 1º de junho e 15 de junho, participou de mais um encontro, desta vez, em Madri. Na capital espanhola, André se reuniu com sua equipe, formada por outros três estudantes vindos de Guatemala, Haiti e Filipinas. Entre os 35 Wise Learners selecionados em 2013, André é o único representante do Brasil.
Orgulhoso, ele apresenta um currículo de fazer inveja a muitos ativistas. Ele já participou do Parlamento Jovem Brasileiro, do Parlamento Juvenil do Mercosul, o 6º World Youth Congress, Youth Blast durante a Rio+20, International Student Week, em Ilmenau, e Global Entrepreneurship Summer School, em Munique, da VII Jornada Espacial, além de ser voluntário da Organização britânica React & Change.
Além disso, foi selecionado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como editor internacional jovem de uma publicação global sobre educação. Foi escolhido pela Hesselbein Global Academy como um dos 50 estudantes líderes de ponta e já recebeu um prêmio de honra como cidadão do Acre. (Com informações Correio Braziliense/ Foto: Arquivo pessoal)