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Eletrodomésticos antigos e raros são esquecidos em assistência durante anos

Televisores e rádios antigos são procurados para decoração
Televisores e rádios antigos são procurados para decoração

Com o avanço da tecnologia, percebe-se a velocidade com que os aparelhos de televisão foram sendo substituídos. Os consumidores ávidos por acompanhar esse avanço trocam de aparelho, seja porque o objeto ultrapassado apresentou defeito ou para seguir as tendências de mercado. Mas, o que acontece com os modelos antigos?

Trabalhando há 40 anos no conserto de eletroeletrônicos, Antônio Pereira Vale, 64 anos, afirma que tem uma televisão em perfeito estado que há mais de dois anos o dono não foi buscar. “Tenho vários casos, como esse. As pessoas pensam que a melhor televisão é aquela mais fininha, nem sabem que os aparelhos antigos possuem, sem sombra de dúvida, maior durabilidade”, aponta.

Tentando fechar a loja há tempos, Antônio diz que possui mais de 150 aparelhos. “Estamos tentando convocar os donos a recuperar seus bens. Os mais antigos nós colocamos na calçada para que as equipes de limpeza pública removam para local adequado”, explica.

Mas, nem todos os aparelhos são entulhos. Segundo o proprietário, há alguns dias, vários televisores foram doados para decoração de uma loja comercial. “O pessoal veio me procurar com o objetivo de comprar os televisores para decoração. Gostei da ideia e acabei doando os televisores que eles gostaram”, afirmou.

Antônio também ressalta que a durabilidade do material que reveste os aparelhos de televisão mais antigos suportam uma temperatura média de 120°C. “Com esse tipo de material resistente é possível reaproveitar de outras formas”, confirma.

No entanto, na loja de Vale não se vê apenas televisões. Existem também rádios, sendo um deles da época da Segunda Guerra Mundial. Entre os televisores mais antigos no estabelecimento dele estão uma TV Colorado RQ à válvula, datada dos anos 70.

Sobre o problema mais comum encontrado nos aparelhos que estão aguardando o retorno de seus respectivos donos, Antônio é categórico ao afirmar que o defeito de alguns objetos se deve ao fato de não ter boa procedência.

“Moramos num local próximo das fronteiras. É claro que entra produtos que não são de boa qualidade e são comercializados”, denuncia. Já sobre as quedas de energias, Antônio diz que é muito raro os aparelhos sofrerem alguma pane devido à instabilidade elétrica. “O grande problema são as instalações elétricas que, na maioria das vezes, são malfeitas e os picos de energia causam problema na fonte ou em outras partes importantes do aparelho”, explica.

Antônio Pereira Vale é analfabeto e natural de Sena Madureira. Através da loja, ele conseguiu educar dois filhos. “Trabalho sempre à noite. Mas, agora quero diminuir o ritmo, afinal, tenho 64 anos. Vou acabar com a loja para alugar esse espaço. Só vou receber as encomendas dos amigos”, declarou. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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