“Saio fortalecido. Não o Lenine compositor, mas o cidadão, por ter certeza de não ser o único maluco a achar que pode contribuir para a melhoria do ser humano. Saio fortalecido na certeza de que essa turma é grande. E ainda há muita coisa para ser feita”. Com essas palavras, o cantor Lenine encerrou o projeto ‘Música e Sustentabilidade no Acre’, ontem, 1º, durante coletiva de imprensa realizada na Biblioteca da Floresta.
O cantor chegou ao estado no último domingo, 29, para dar continuidade aos ‘Encontros Socioambientais com Lenine – Música e Sustentabilidade numa só nota’ realizados em diversas cidades do Brasil.
Lenine cumpriu agenda nos municípios do interior. Com o objetivo de trocar experiências e informações socioambientais, o cantor conheceu o projeto Gestão Indígena do Acre, que faz parte da Comissão Pró Índio (CPI), na aldeia Ipiriganga dos Poyanawas, em Mâncio Lima. Ele também visitou a sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cruzeiro do Sul.
Ao todo, 70 projetos foram escolhidos entre mais de 700 para participar dos ‘Encontros Socioambientais’. Todos patrocinados pelo programa ‘Petrobras Socioambiental’, que pretende investir R$ 1,5 bilhão até 2018 nesse tipo de trabalho.
Lenine acredita que seu envolvimento com os projetos desenvolvidos em cinco regiões do país pode ajudar de alguma forma a dar voz a essa turma. “Mas isso não é nada comparada a real importância do trabalho desenvolvido por eles”.
De acordo com a coordenadora dos projetos socioambientais da Petrobras, Maria Cristina da Costa, esse é o encerramento de uma temporada, mas acredita que, no próximo ano, novos projetos oriundos do Acre possam ser apoiados pela paraestatal. Além disso, a coordenadora elogia a parceria feita com o Lenine.
“A gente trabalha na realização do sonho de outras pessoas. Essa foi uma parceria de grande êxito. O Lenine foi conhecer aquilo que a gente faz lá na ponta, que não aparece. As nossas exclusões e carências. Ele foi contribuir levando a sua música, alegria e fazer com que esses projetos também se tornassem mais conhecidos”.
Composições que retratam a realidade
Desde as primeiras composições de Lenine, as questões sociais e ambientais estiveram presentes. Mas nunca a natureza entrou na sua música de forma tão sorrateira quanto no disco ‘Chão’.
“Sempre fez parte do meu trabalho essa coisa mais de crônica e de reportagem. Aquilo que me emociona, para o bem ou para o mal, são matérias de minhas músicas. Isso me aproximou de uma série de projeto e ações. Muitas delas têm a ver com a minha formação socialista, familiar, com o fato de eu acreditar realmente que a música é um instrumento de transformação. A maioria dos meus amigos está envolvida em casos assim”.
Lenine nutre grande preocupação com a saúde do meio ambiente. Ainda assim, ele acredita que é possível reverter a situação atual. “Quem tem todo o tempo do mundo é a natureza, porque na verdade a humanidade é passageira. Então a gente pode não estar aqui no futuro, mas a natureza com certeza vai estar”, aponta.
O que disse sobre o Estado
Sobre a visita feita ao Acre, Lenine prefere fazer uma comparação divertida para explicar que o Estado era o único do país que ainda não conhecia. “Sabe aquele jogo War, sobre conquistar territórios? Eu tenho o War versão Brasil. Só faltava o Acre. Já fui a todas as regiões desse país. E só tenho uma certeza: não conheço nada deste país continental. O brasileiro médio não conhece o Brasil onde mora, não tem dimensão da pluralidade desse continente”.
Lenine encerrou o projeto e a sua passagem pelo Acre com um show gratuito na Concha Acústica, em Rio Branco, na noite desta terça-feira, 1º. O evento foi patrocinado pela Petrobras, com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação, Secretaria de Turismo, Fundação Elias Mansour e Fundação Aldeia de Comunicação.
(Fotos: Odair Leal/ A GAZETA)