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“O PT nasceu da diversidade de ideias”, diz Sibá Machado

O deputado federal Sibá Machado (PT/AC) falou sobre os rumos do PT no Acre. Segundo ele, o Partido tem se distanciado dos movimentos sociais e pediu uma aproximação maior dos governos da FPA aos sindicatos.
Em entrevista À GAZETA, o parlamentar comentou que o mensalão teve um julgamento injusto, pois o mensalão tucano e do Democrata não teve o mesmo desfecho pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Falando sobre a Copa do Mundo no Brasil, Sibá disse que os contrários ao evento “vão ter que morder a língua”, pois a Copa é um sucesso.

A GAZETA – Deputado, o senhor tem sido um defensor da Educação e ao fomento à Ciência. Quais os avanços do Brasil nessa área?

Sibá Machado – Eu destaco a votação do Plano Nacional da Educação (PNE) que destina 10% do PIB brasileiro para a Educação e o outro são os royalties do petróleo destinando 75% para a Educação. Mesmo que mude o presidente, isso continua mantido. É lei. Não há como mudar isso. O que pode mudar é o próprio Congresso.
Eu entrei firme na pesquisa e fui o relator do marco legal da Ciência e Tecnologia no Brasil. Vale lembrar que a legislação era vinculada a lei das licitações e isso dificultava o andamento das pesquisas. Eu coordenei o trabalho e essa legislação mexe com 5 leis e cria novas regras para facilitar a vida dos professores. As empresas poderão financiar a pesquisa no Brasil e tudo isso me facilitou a trazer investimentos em Educação para o Acre, a exemplo disso é a SPBC que deve ser realizada no Acre agora em julho.

A GAZETA – Falando em SPBC, esse evento pode superar as expectativas?

Sibá Machado – Estou muito animado. Porque todas as obras estão dentro do prazo. Está se esperando 10 alunos do ensino médio. Vamos estar com todos os estudantes da Ufac envolvidos, Ifac, Senai… Todas as escolas infantis, de Rio Branco, envolvidas. Estamos mexendo na base do conhecimento.

A GAZETA – O senhor foi senador e agora é deputado federal. Há uma diferença entre as duas Casas ou a pressão política é a mesma?

Sibá Machado – Do ponto de vista legal, o Senado representa os Estados. A Câmara representa a sociedade. Mas, se você for ao Congresso vai ver que todo movimento social é na Câmara. No Senado é mais tranquilo. O povo não passa ali. A Câmara sofre mais pressão, tanto da mídia quanto da sociedade.
É claro que a áurea de um senador é dada desde o tempo do Império. Aonde vai um senador, as portas estão abertas sempre. Agora um deputado tem fila até no banheiro (risos). Penso que no Senado eu tive uma grande experiência pela defesa que fiz do governo por conta do mensalão. O Sibá apareceu no Senado Federal. Isso foi dado visibilidade. Na Câmara eu tenho uma visão produtiva.

A GAZETA – Deputado, o senhor afirma que não houve mensalão. O julgamento do mensalão foi injusto?

Sibá Machado – Injusto e político. É só olhar para as outras coisas. A televisão diz que o José Dirceu é um ladrão e quer ver ele preso. Mas a televisão não diz que o Demóstenes Torres era um ladrão e agora o Supremo decide que ele pode voltar ao trabalho dele e ninguém diz nada. Joaquim Barbosa disse na tribuna do Supremo que o Gilberto Mendes é um agenciador de pistoleiro no Mato Grosso. Ele prevaricou toda a Casa, pois não foi mandado investigar isso. Existe uma parte da elite brasileira violenta do setor da mídia e empresas mais retrógadas que queriam extinguir a experiência de governo do PT.

A GAZETA – Como o senhor avalia as duas Casas sendo dirigidas por um mesmo partido?
Sibá Machado – Eu não vejo problemas de um mesmo partido dirigir as duas Casas. A regra é que a maior bancada indique o presidente. Isso deve voltar com naturalidade ano que vem. Eu peço que o PT reivindique se tiver maior bancada (risos).

A GAZETA – As manifestações da sociedade no ano passado foram um alerta aos políticos? O senhor vê assim?

Sibá Machado – As demandas justas levantadas foram atendidas. Deu uma sacudida nos políticos sim. As pessoas se assustaram. Na verdade, houve uma tentativa de desestabilizar a Dilma. A parte sadia que queria reivindicar sobre mobilidade urbana, por exemplo, está sendo garantida.

A GAZETA – Sibá Machado tem acompanhado essa renovação dentro do PT acreano? O senhor teme essa renovação?

Sibá Machado – Não. Mas digo o seguinte, nos anos 70 e 80 era o momento dos sindicatos. O sindicato era quem fazia o contraponto da ordem mundial das coisas. Ele era o grande produtor de líderes. Mas agora, na experiência de ser governo, com a experiência do PT, esses sindicatos perderam potência, perderam força. E de onde agora está vindo quadros para a gestão? O movimento social tem que, inevitavelmente, manter a sua configuração e produzir líderes.

A GAZETA – O PT se afastou dos movimentos sociais?
Sibá Machado – Sim. O fato de ser governo tirou o papel de muitos deles. Várias organizações sociais deixam de ser. O governo vai lá e faz e não faz com eles e isso é outro erro. Mas é preciso fortalecer sim, de alguma forma, a participação popular.

A GAZETA – O PT tem se individualizado?

Sibá Machado – Tem e é um erro. O PT nasceu da diversidade de ideias. E o PT só deu certo porque ele admitiu no seu estatuto que as pessoas não poderiam criar um partido dentro do partido, mas seriam grupos que defenderiam as suas teses e isso trouxe o PT até aqui.  Uns falam que isso mata o partido. Isso não é verdade. Foram estes grupos que trouxeram o PT até aqui. O que não pode é um grupo se arvorar e se achar no direito de querer tudo para si. Das duas uma: ou isso não dá certo e se quebra, ou o partido se quebrará.

A GAZETA – A G7 trouxe desgastes desnecessários ao governo da FPA sendo que não foi comprovado nada ainda? Pode influenciar nas eleições de outubro?

Sibá Machado – Não vai influenciar nessas eleições. Tentou colar algo, tipo o que fizeram no PT nacional, mas não colou. Foi um desgaste desnecessário para quem criou a ideia. Estão de rabo murcho e hoje virou uma batata quente para quem criou essa história. Não encontrou nada, absolutamente nada que fizesse referência à comprovação do G7. O ruim é que expõem famílias. Quem criou isso vai ter que morder a língua e pedir desculpas.

A GAZETA- Para fechamos essa entrevista, qual a sua avaliação da Copa do Mundo no Brasil?

Sibá Machado – Sucesso total. Diziam que não ia funcionar nada. Que os aeroportos eram um caos. Jogaram para baixo. Tentaram atingir a Dilma e o PT com isso. E de uma hora para outra se prova o contrário e o mundo inteiro já pede para se ter outra Copa no Brasil. Quem levantou essa ideia está constrangido e vai ter que morder a língua. E o Brasil vai para a final para a Dilma entregar a taça ao Brasil.

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