Acusado de negligência por João José, pai da menina de 13 anos, atingida por um poste ao colocar a cabeça para fora de um ônibus de passeio, no último sábado (5), em Rio Branco, o motorista Charles Barros, de 25 anos, lamentou a morte trágica da garota, mas afirma que está com o coração limpo e a mente tranquila. Ele diz que, antes de dirigir, se certificou para que todos os passageiros estivessem sentados. No entanto, Vitória Raniele Cardoso teria subido na cadeira no instante em que ele dava a partida no veículo.
Barros conta que quando todos embarcaram no ônibus, somente outras duas crianças estavam em pé nas cadeiras e ele pediu para que todos se sentassem. Como havia um outro carro estacionado em frente ao ônibus, o motorista diz que teve que fazer a conversão para ultrapassá-lo.
“Eu me virei para a frente, coloquei a primeira no ônibus e, no momento que fui desviar para a esquerda, para fazer a conversão, tenho certeza que foi quando ela subiu na cadeira. Ela deve ter visto algum colega da igreja, alguma coisa assim. Foi a hora que tudo aconteceu. Foi na partida, eu não tinha nem andado com o carro”, relembra.
O motorista fala ainda que o acidente ocorreu devido a estrada ser estreita. Ainda nervoso, ele afirma que tem o coração limpo sobre o que houve. “Era uma estrada reta, mas o problema é que era estreita. E como tinha um carro estacionado na minha frente, eu só fui sair dele. Se não tivesse ocorrido a fatalidade, eu nem teria visto, porque o ônibus só raspou embaixo da janela, não amassou nada. É um caso que não tem como explicar, mas meu coração e minha consciência estão tranquilos”, lamenta. (Foto: Cedida)
‘Não vou culpar ninguém’, afirma avó de Vitória Raniele
Alda de Lima, de 79 anos, avó da menina, diz que não pode responsabilizar ninguém pelo acidente. Para ela, trata-se de uma fatalidade que somente Deus pode explicar. É por meio da fé que Alda fala que está encontrando forças para lidar com a situação.
“Eu não vou culpar ninguém, porque não vi o que aconteceu. Entreguei na mão de Deus. Acho que ele preparou tudo, ela estava na igreja, não estava na rua, nas drogas ou em bar. E se mais tarde, ela fosse para algo que eu não pudesse resolver? Deus sabe todas as coisas. Estou sofrendo, mas Deus faz a hora”, diz emocionada.
Direção da escola se pronuncia sobre o acidente
Vitória estudava na Escola Antônia Fernandes de Freitas, localizada no bairro Santa Inês, no Segundo Distrito da Capital. Segundo a diretora Raimunda Silva, algumas pessoas tiveram a impressão que a atividade para onde a menina tinha ido estava relacionada ao colégio. Ela esclarece que era um evento da igreja que a menina frequentava. “Apesar de ter pessoas da escola, não tivemos nenhum envolvimento. Era um evento da igreja”, reitera.
Entenda o caso
A menina de 13 anos, Vitória Raniele teve a cabeça decepada em um acidente ocorrido no sábado (5). O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) informou que a menina estava sentada na última cadeira do lado direito do ônibus quando colocou a cabeça para fora do coletivo no instante em que o motorista fez uma conversão.
O veículo bateu a traseira em um poste. O pescoço de Vitória ficou imprensado entre o vidro da janela e o poste. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender a ocorrência, segundo o relatório.
No dia seguinte, João José, pai da menina disse ao G1 que responsabilizava o motorista pelo acidente que resultou na morte da sua filha. “Não quero julgar, mas tenho plena convicção de que foi imprudência da parte dele [motorista]. Quem organizou esse evento teria que ter deixado pessoas para estar ali [no ônibus] ao lado desses adolescentes para que não tivesse acontecido tal coisa”, reclama. (Caio Fulgêncio/Do G1 AC)