Ensinamentos tradicionais aliados ao interculturalismo marcam o XI Curso de Formação de Professores em Magistério Indígena, aderido e praticado por 305 professores indígenas de 12 etnias acreanas.
A formação é uma realização do Governo do Estado, por meio da Coordenação Escolar Indígena da Secretaria de Educação e Esporte, com apoio do Ministério da Educação, buscando fortalecer o ensino escolar indígena no Acre com a formação de docentes nativos de todas as terras indígenas do Acre.
A ação está sendo realizada na Pousada da Floresta, em Plácido de Castro, e vai até 12 de setembro próximo, reunindo povos indígenas dos municípios das cinco regionais acreanas, com diferentes costumes, gostos, tradições e crenças.
Além dos ensinamentos tradicionais de sala de aula, o curso proporciona um movimento de interculturalidade, que são atividades realizadas no decorrer do curso pelas diferentes tribos para mostrar, por meio de manifestações culturais, sua identidade para outros povos, gerando uma escola de saberes e diversidade cultural.
Segundo o professor Amê Hunikuí da aldeia Humaitá, o curso mostra a valorização cultural do nosso povo. “Cada um tem sua história, e conviver com diferentes tribos é uma oportunidade de conhecer e aprender outras culturas para enriquecer nossos conhecimentos. Vamos sair dessa formação sabendo o papel do professor dentro da escola de cada aldeia”, analisa.
Nixiwaka Kaxinawa, da aldeia Ashanika, de Marechal Thaumaturgo, fala da convivência com outros povos e da atuação do governo na formação de professores indígenas: “Sem o empenho do governo, não teríamos a oportunidade de nos formar e ganhar autonomia para trabalhar com nosso povo. Sairemos do curso com pleno conhecimento, porque, além dos ensinamentos passados pelos professores, estamos aprendendo graças à convivência com indígenas de outras aldeias”, disse.
O magistério – A formação em magistério indígena está dividida em três eixos principais, nos quais são abordadas a autonomia indígena, a educação matemática e a escola indígena e sua história, com professores de diferentes áreas do conhecimento de várias regiões do país.
De acordo com Eucilene Lima, supervisora da formação, ocorre uma construção metodológica de acordo com o contexto sociocultural e linguístico dos povos indígenas, respeitando as especificidades de cada etnia. “O curso é uma construção múltipla da SEE com os povos indígenas, respeitando a diversidade étnica, linguística e cultural de cada aldeia do Acre”, disse.
Para o professor formador Aldir Santos, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), esse curso vem para mostrar que é possível ter algo novo num estado rico de línguas e culturas como o Acre. “Se nos outros lugares o professor ocupa a posição daquele que sabe, mediado pela questão de como transmitir o conhecimento, aqui é um lugar de muita escuta e bastante observação”, enfatizou.
A formação acontece em tempo integral, com aulas teóricas e práticas, complementadas por encontros interculturais entre os povos indígenas Huni Kui, Jamináwa, Manxineri, Shanenawá, Yawanawá, Katukina, Shawãdawa, Jaminawa-Arara, Apolima-Arara, Puyanáwa, Nukini e Náwa. (Texto e foto: Assessoria SEE)