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Marina vira a campanha de ponta-cabeça

Quem diria que o cenário político iria mudar dessa forma. Poucos dias após ter oficializada sua candidatura à Presidência da República, Marina Silva já é o fenômeno desta eleição: ela superou Aécio Neves em dez pontos percentuais; passou a aparecer como uma das concorrentes no segundo turno; e, na simulação de segundo turno, derrotaria aquela que até aqui aparecia como a favorita na disputa, a presidente Dilma Rousseff.

Uma coisa é certa, o resultado da última pesquisa deve, sem sombra de dúvida, estar preocupando os dois comitês, principalmente o do PSDB, pois, se prevalecer o cenário desenhado na pesquisa, esta será a primeira disputa desde 1994 em que o PSDB não estará no segundo turno, quebrando, assim, a polarização que persiste na política brasileira há 20 anos, uma derrota significativa para os tucanos.

Já para o PT, o risco de derrota aparece na disputa no segundo turno. A preocupação aí se dá pelo fato de que Marina Silva pode assumir um espaço no qual até aqui Lula nadava de braçada, representando o líder político com quem mais a população brasileira se identificava.

A esta altura, as campanhas de Dilma e Aécio poderão dizer que a pesquisa é apenas um retrato do momento. Mas um dado da pesquisa mostra a razão pela qual é difícil a reação da presidente na disputa por um novo mandato: o índice de rejeição é de 36% dos eleitores, que afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. A rejeição de Marina Silva é mais baixa (10%). A de Aécio é de 18%.

Está mais do que claro que Marina Silva entrou na disputa avançando sobre o eleitorado de Aécio Neves – sobretudo na região Sudeste, onde ela obtém o melhor desempenho.

Em São Paulo, por exemplo, ela atropelou o tucano Aécio Neves, que estava em trajetória de crescimento. Agora, Marina aparece com 35%, enquanto Aécio caiu para 19% no Estado governado por outro tucano, Geraldo Alckmin. Tem noção do que isso significa? Marina simplesmente está comandando um eleitorado que deveria ser de Aécio Neves.

A estratégia agora da coligação Unidos Pelo Brasil é invadir o reduto de Dilma. Coisa que não será muito fácil. As pesquisas mostram que a presidente tem um desempenho bom na região Nordeste, onde está com 47% das intenções de voto e onde, em 2010, venceu José Serra por uma vantagem de mais de 10 milhões de votos.

Uma coisa não resta dúvida, se não cometer erros ao longo da campanha, Marina pode se eleger presidente da República, pelo menos é o que indica os números da pesquisa. Este será um duelo de titãs.

* Marcela Jansen é jornalista
E-mail: marcelajansen@hotmail.com

A Gazeta do Acre: