Não é rara a emoção que faz chorar em campanha eleitoral, mas na tarde desta terça-feira, em Acrelândia, em torno de 300 pessoas que acompanhavam o candidato Bocalom, da Coligação Produzir para Empregar, silenciaram diante de uma reação contagiante: comerciante, vivendo há 19 anos no município, Ruberlene Macedo deixou rolar as lágrimas, juntou as mãos sobre o peito e, em seguida, murmurou um “Deus seja Louvado” ao avistar o ex-prefeito da cidade adentrando ao seu estabelecimento. Bocalom agradeceu a efusiva manifestação de afeto da mulher, que é evangélica e toca a loja com o marido, e ouviu um apelo que é o sentimento da maioria dos moradores de lá: “seja um governador decente. Perdoe a minha reação, mas a sua história de vida me inspirou a vencer na vida dignamente”.
Como num arrastão, candidatos proporcionais e militantes seguiram Bocalom e o candidato ao Senado, Roberto Duarte, pelas principais ruas de Acrelândia, até serem chamados por um grupo de comerciantes. “A bandidagem está fora de controle por aqui Não aguentamos mais pagar para trabalhar”, explanou Bernardo Filho. Uma informação causou espanto à comitiva: o grupo Gazin, que possui mais de 400 lojas espalhadas no país, tem sua filial de Acrelândia a única no país a manter segurança armada dentro e fora do estabelecimento 24 horas ao dia. Um dos encarregados, que prefere o anonimato por medo de represálias, disse que já houve nove assaltos neste ano.
Comitês
O Comitê 25 e 333, em Acrelândia, foi inaugurado por volta das 19 horas e será o endereço para que os militantes e eleitores conheçam as propostas da coligação. Às 20:40 horas, Bocalom e Roberto Duarte foram recepcionados em Plácido de Castro, onde um comitê de campanha já está funcionando. O candidato ao governo ouviu reclamações de lideranças indígenas da região, preocupados com a mortalidade nas aldeias, considerada, neste ano, uma das mais altas deste 2000. “Faremos funcionar 100% da saúde indígena”, disse ele.
Roberto Duarte fez um dos discursos mais empolgantes da noite. O advogado pediu que cada eleitor de Bocalom multiplique votos, conclamando amigos e familiares, explicando as propostas de governo e, principalmente, orientando as pessoas a não se deixarem levar pela corrupção eleitoral. “Quando você vende o seu voto, você perde o direito de reivindicar melhorias para a sua comunidade. Não caia nessa. Seja honesto consigo e com as pessoas que precisam de uma saúde pública digna, uma educação que alcance a todos e uma segurança de qualidade”, afirmou.