A ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, pediu aos 267 refugiados haitianos, dominicanos e senegaleses abrigados até ontem no Acre, que colaborem com o Brasil, avisando seus compatriotas que ainda estão nos seus países de origem para não pegarem outro caminho senão o das embaixadas brasileiras, antes de chegaram aqui ao Estado.
“As embaixadas brasileiras no país de cada um de vocês estão orientadas a acolher e a facilitar a vida legal de vocês aqui no Brasil”, recomendou ela, ao cumprir agenda extensa em Rio Branco, que incluiu visitas ao Centro Interativo de Libras e à organização das Centrais de Atendimentos a OCA, no centro da Capital.
“Vocês têm que nos ajudar a divulgar a seus amigos e parentes que não venham pelos ‘coiotes’, que exploram vocês e que pela embaixada é mais seguro, mais rápido e correto”.
Os coiotes são agenciadores ilegais de refugiados que cobram caro para transportá-los até o Acre desde seus países, ao longo da América do Sul.
Com o auxílio de um intérprete, a ministra quis tranquilizar os refugiados, afirmando que todos encontrarão emprego e que “por também ser o segundo país mais negro do mundo, o Brasil não medirá esforços para vê-los vivendo de uma forma mais digna”.
As declarações acontecem há duas semanas de a polícia descobrir uma empresa que mantinha haitianos em regime de trabalho análogo ao escravo, em São Paulo.
Ao lado de Nílson Mourão, secretário de Direitos Humanos e de Antonio Torres, secretário de Assistência Social do Estado do Acre, Salvatti conheceu como funciona o abrigo, na Chácara Aliança, na Estrada Irineu Serra e assistiu a apresentações com músicas típicas de cada país.
Trajados de laranjas e azuis, os senegaleses roubaram a cena. Ao som de Pape Diouf, um artista local que faz sucesso com baladas ritmadas por tambores, eles fizeram todos sacolejarem, incluindo, ainda que timidamente, a própria ministra.
Acre na vanguarda – Algumas horas antes, a ministra pôde conhecer o funcionamento do Centro Interativo de Libras (CIL), projeto pioneiro no país que será expandido para as demais capitais e aos grandes municípios.
Por meio do CIL, o Governo do Estado está permitindo uma maior inclusão a cerca de 200 deficientes auditivos em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul. Eles podem, por exemplo, consultar médicos ou participar de audiências na Justiça, com o auxílio de um intérprete do CIL.
“É importante que os centros sejam instalados em todo o país, formando uma rede nacional que vai melhorar as condições de vida dos portadores de deficiência”, asseverou Salvatti.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ao menos 7,6 bilhões já foram liberados dentro do Plano Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Serão criados outros 15 centros parecidos com o de Rio Branco, inclusive em Cruzeiro do Sul. Eles atenderão quatro eixos básicos, nas áreas de saúde, educação, acessibilidade e inclusão. Segundo a secretaria, o país tem 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência física.