Os pais de Gabriel Costa de Oliveira, de seis anos, acusam o Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, de negligência médica. O menino morreu na segunda-feira (25), após uma infecção generalizada, segundo laudo preliminar do IML. Gabriel caiu de uma árvore no dia 13 e, após alguns dias, começou a sentir fortes dores. A família procurou a unidade de saúde, pela primeira vez no dia 19 e, após receitar um paracetamol, o médico, segundo a família, liberou o garoto.
Como as dores se agravaram, a família retornou ao hospital na segunda-feira (25), mas Gabriel não resistiu. A mãe do menino, Esmênia Silva de Oliveira, de 40 anos, reclama do atendimento prestado e diz que o filho morreu por descuido do médico. “Quando o médico atendeu meu filho sequer tocou nele para examinar, mandou fazer um raio-X e disse que meu filho não tinha nada e nos liberou para irmos para a casa. Nós levamos, mas ele estava com muitas dores e a situação foi se agravando, agora estou levando minha criança morta para casa”, relata em desespero.
Procurado pelo G1, o médico cirurgião Victor Aguero, que atendeu a criança, explica que liberou Gabriel da primeira vez porque ele não apresentava nenhum trauma. Quando retornou ao hospital dias depois já apresentava um quadro infeccioso generalizado. Ele diz que não se pode afirmar que a infecção ocorreu em decorrência da queda.
“A necropsia mostrou múltiplos focos de miosite, infecção nos músculos, que ocasionou septicemia. A queda na árvore não tem relação com a infecção. Uma queda provoca fraturas de ossos ou rupturas de um órgão. Se lhe dei alta é porque não tinha nenhum trauma significativo. O paciente pode ter adquirido uma infecção antes ou depois da queda e piorado nos últimos dias”, acredita.
Segundo ele, amostra dos tecidos foram encaminhados para Rio Branco, onde serão estudados.
O pai do garoto, Raimundo Nonato de Oliveira Costa, conta que após o primeiro atendimento, a situação do menino foi piorando. “Nesse período meu filho sempre ficava reclamando de dores nas costas, na última noite em casa, não dormiu e começou a ficar inchado. Trouxemos rapidamente ao hospital, mas já era tarde. Era o mais novo de dez irmãos, era tudo para mim”, desabafa.
Diante da denúncia da família, a direção do Hospital do Juruá encaminhou o corpo da criança para o Instituto Médico Legal (IML) para investigar a causa da morte, já que a unidade não dispõe do Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Informações preliminares do IML, indicam que a criança sofreu uma infecção em várias partes do corpo, mas análises mais aprofundadas irão dizer o que causou a infecção. O laudo conclusivo pode demorar até 30 dias.
Segundo o médico Marcos Lima, diretor técnico do Hospital do Juruá, serão apurados a causa da morte e os prontuários do atendimento. Além disso, ele garantiu que os pais da criança serão ouvidos. “A gente está instaurando um procedimento administrativo para apurar tudo o que aconteceu”, conclui.