![Perpétua falou sobre a participação da mulher na política](https://agazetadoacre.com/noticias/wp-content/uploads/2014/08/Perpétua-Almeida-FOTO-Divulgação-3-300x272.jpg)
A candidata ao Senado da República pela Frente Popular do Acre (FPA), deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB) é a quarta convidada na rodada de entrevista realizada pelo jornal A GAZETA com os candidatos que disputam a vaga ao Senado nas eleições deste ano.
Perpétua é casada com o professor Edvaldo Magalhães, com quem tem dois filhos. Nasceu no seringal Cruzeiro do Vale, que em 1992 tornou-se o município com o nome de Porto Walter.
Filha de seringueiro, caçula de uma família de 15 filhos, aos 14 anos ela entrou para o convento das irmãs Dominicanas, em Cruzeiro do Sul. Foi na igreja que Perpétua despertou para as causas sociais e a política.
Em 2000, ela foi eleita a vereadora mais votada da Frente Popular em Rio Branco. Desde 2002 é deputada federal, sendo a mais votada da FPA nos três pleitos e por duas vezes a deputada mais votada do Acre.
Presidiu a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, cadeira que pertenceu a nomes como Ulysses Guimarães. Atualmente é presidente da Subcomissão de Projetos Estratégicos das Forças Armadas da Câmara.
Em entrevista, a parlamentar falou sobre os desafios da campanha eleitoral e a importância da participação da mulher na política.
A GAZETA – O que lhe levou a se lançar candidata ao Senado Federal?
Perpétua Almeida – Agradeço sempre a Deus e ao povo por ter sido eleita representante do Acre no Congresso Nacional. Isso é extraordinário para uma menina que saiu do seringal, de família grande e humilde. A origem pobre me ensinou a ficar sempre do lado de quem mais precisa e também me dá coragem para ir mais longe.
Estou no terceiro mandato de deputada federal e acredito ter adquirido a experiência necessária para representar bem o Acre no Senado. O Senado é um espaço de equilíbrio de poder entre os Estados da Federação. Na Câmara dos Deputados, a representação é proporcional à população. Assim, o Acre tem oito deputados e São Paulo tem 78. Mas no Senado são três vagas para cada Estado. É no Senado que um Estado pequeno como o Acre se agiganta. Sou candidata com o compromisso de ser a senadora do Acre, sem compromissos estranhos ao nosso Estado.
A GAZETA – Qual o diferencial da sua candidatura?
Perpétua Almeida – O diferencial é compromisso exclusivo com o Acre. É defender os interesses do Acre acima de qualquer empresa ou interesse externo. Também vou fazer da minha campanha uma cruzada por eleições limpas e contra a compra de votos. Estou na rua, batendo na porta das pessoas, conversando com a população, levando nossas propostas. Uma campanha alegre, com a minha cara, do meu jeito de ser. A minha trajetória parlamentar e de vida mostram que sempre estive atenta às necessidades do povo do Acre e trabalhando pelas boas mudanças.
A GAZETA – Como a senhora avalia a participação das mulheres no cenário político?
Perpétua Almeida – A participação da mulher ainda é muito pequena. Dos 513 deputados federais eleitos em 2010, só 45 são mulheres. E no Senado são apenas 10 senadoras num universo de 81 senadores. Entre 188 nações, o Brasil é o número 156 em representação feminina nos parlamentos. E olha que nós, mulheres, somos mais de 50% dos eleitores brasileiros. Temos a Dilma na Presidência da República, mas as mulheres ainda estão sub-representadas nos espaços de poder. “Todo poder à mulher, esperança de um Brasil mais equilibrado”, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio de Mello, em sessão solene do Congresso. Acredito nisso. Tenho fé que o Acre vai ajudar a corrigir essa desigualdade elegendo uma senadora.
A GAZETA – O que uma mulher senadora pode fazer de diferente neste mandato?
Perpétua Almeida – Uma mulher preparada para defender os interesses do Acre pode cumprir integralmente suas atribuições no Senado e ainda dedicar uma atenção especial à construção de políticas afirmativas em defesa das mulheres, jovens, crianças, idosos. É importante lembrar que até hoje, em toda a história do Acre, só elegemos uma única mulher para o Senado, que foi a senadora Marina. Laélia Alcântara e Íris Celia foram suplentes e assumiram o mandato. Mas todas se destacaram no Senado. E a Marina segue honrando o Acre e engrandecendo a política brasileira. Está no centro de um dos momentos mais trágicos da história recente do país, com a morte inesperada de Eduardo Campos. Ela age com a dignidade e a grandeza que o Acre e o Brasil aprenderam a ver nela.
A GAZETA – Depois desses anos como deputada federal, qual a sua avaliação?
Perpétua Almeida – Antes, permita-me falar um pouco sobre essa tragédia que tanto entristece o Brasil. Fui companheira do Eduardo Campos e da sua mãe, a Ana Arraes, que também foi deputada e hoje é ministra do Tribunal de Contas. O PSB é um partido sempre firme na Frente Popular. Nossa consternação é pessoal e política. Nossa solidariedade e respeito se estendem à família do Eduardo e também aos companheiros do PSB, especialmente a Marina, que fazia uma campanha tão próxima e tão unida com ele. Sobre nossa atuação na Câmara, acredito que honrei o voto do povo do Acre. Fizemos um mandato voltado para causas populares e nunca nos distanciamos da população e nem das suas necessidades.
A GAZETA – Qual sua maior vitória no parlamento federal?
Perpétua Almeida – Ainda sobre o mandato, vencemos importantes batalhas na Câmara, ajudamos na aprovação de projetos relevantes como o piso salarial para agentes comunitários, a aposentadoria especial para mulher policial, royal-ties da mineração para a Educação, gratificação para policiais federais e rodoviários que trabalharem em zona de fronteira. Promovemos parcerias com municípios, com destinação de recursos federais, por exemplo, para construção de áreas de lazer e esporte, reforma de mercado, equipamentos para agricultura familiar e piscicultura, combate às drogas, saúde da mulher. Sou uma das únicas parlamentares do Acre que conseguiu no parlamento aprovar duas importantes bandeiras relacionadas com o povo da Amazônia. Primeiro, a garantia de porte das espingardas para caçadores de subsistência. E muito especialmente a Emenda Constitucional dos Soldados da Borracha, com indenização de R$ 25 mil para os seringueiros Soldados da Borracha, viúvas e dependentes.
A GAZETA – Qual avaliação a senhora faz dos 16 anos de administração da FPA?
Perpétua Almeida – Estamos prestando contas e pedindo o voto do povo, com humildade e respeito, mostrando que fizemos boas mudanças e estamos preparados para fazer boas novas mudanças. Ainda há muitas coisas para melhorar e para isso estamos no nosso melhor momento de trabalho, com o Tião no governo e o Marcus Alexandre na prefeitura de Rio Branco. Estamos avançando na industrialização, no desenvolvimento e na geração de empregos. Temos o melhor projeto para o Acre e estamos preparados para fazer as boas mudanças.
A GAZETA – Qual a sua avaliação sobre o atual momento político do Acre?
Perpétua Almeida – Objetivamente, temos a Frente Popular mostrando e propondo boas mudanças versus a oposição das más lembranças de quando e onde governou.
A GAZETA – O governador Tião Viana foi eleito em 2010 com a diferença de menos um por cento dos votos. Como você enxerga a situação dele agora? Está melhor que em 2010?
Perpétua Almeida –Tião foi eleito governador com mais de 50% dos votos, no primeiro turno. E faz um governo sério e com grande aprovação popular. Claro que hoje o cenário é diferente de 2010. O governador Tião Viana vive um bom momento na disputa. A população reconhece o compromisso da Frente Popular e agora também conhece o estilo arrojado do Tião conduzir as transformações que precisamos. Basta citar a Cidade do Povo, o complexo de piscicultura, a implementação e incentivo para o desenvolvimento das indústrias madeireiras, de beneficiamento de castanha, o programa Ruas do Povo. E tantas outras boas mudanças. Tião Viana será reeleito, se Deus quiser.
A GAZETA – Em 2010, a presidente Dilma teve uma eleição pífia no Acre. A senhora acha que agora, na reeleição, é possível melhorar isso?
Perpétua Almeida – Tenho certeza. O governo da presidenta Dilma fez mudanças estruturais no país, tirou da linha da miséria mais de 65 milhões de pessoas. Aqui, o bolsa família ajudou muitas famílias a sair da pobreza extrema. Mais de 76 mil famílias acreanas são beneficiárias do Bolsa Família. Graças a recursos do Governo Federal, o Acre está avançando, desenvolvendo como, por exemplo, temos os R$ 53 milhões que recentemente foram destinados para obras de Mobilidade Urbana na nossa Capital Rio Branco. E as principais ações do governo Tião Viana, como Cidade do Povo, tem a parceria certa da presidenta Dilma.
A GAZETA – Uma mensagem para seus eleitores
Perpétua Almeida – Vamos lutar por eleições limpas e contra a compra de votos. Verifiquem a atuação parlamentar de cada candidato, comparem as propostas e a preparação de cada um para cumprir o que promete. Nesta terça-feira, 19, lanço minha plataforma parlamentar. Será às cinco e meia da tarde, na Central da Frente Popular, na Avenida Ceará. É um compromisso intitulado “Boas Novas Mudanças. Palavra e Ação”. Convido e agradeço a presença de cada um neste evento. Será um momento de aliança pelo Acre. Com fé, força e flor.
(Foto: Divulgação)