![Em entrevista, Fortunato afirma que pretende dar prioridade ao campo da educação](https://agazetadoacre.com/noticias/wp-content/uploads/2014/08/Professor-Fortunato-300x232.jpg)
O candidato ao Senado da República pelo Partido Socia-lismo e Liberdade (Psol/AC), professor Fortunato, é o terceiro convidado na rodada de entrevista realizada pelo jornal A GAZETA com os candidatos que disputam a única vaga ao Senado nas eleições deste ano.
Natural do município de Maués, no Amazonas, Fortunato Martins Filho nasceu em 1967, tornando-se professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre e com mestrado em Desenvolvimento Regional pela mesma universidade. Foi candidato a vereador de Rio Branco em 2012 pelo PPS, mas não terminou vitorioso.
Em entrevista À GAZETA, falou sobre o desafio de enfrentar uma campanha eleitoral, o diferencial do Psol em relação às outras coligações e a participação de seu partido nos movimentos sociais.
O candidato fez ainda uma análise do atual momento político e dos quase 20 anos de administração da FPA.
A GAZETA – O que o levou a se lançar candidato ao Senado Federal?
Professor Fortunato – A decisão de lançar candidatura ao Senado foi do conjunto do Psol visando superar necessidades urgentes no plano nacional, local e a construção de uma alternativa real de poder frente ao conservadorismo. Este propósito se concretiza com a candidatura à presidência de Luciana Genro e Antonio Rocha ao Governo do Acre. Nós precisamos democratizar o Congresso Nacional, atualmente, dominado por latifundiários, grandes proprietários e burocratas que emperram a vida Nacional. Na particularidade do Senado, este se tornou um reduto das oligarquias regionais e em muitos aspectos está muito distante de legislar a favor do povo trabalhador. É preciso que aquela casa tenha entre seus membros pessoas identificadas e que trabalhem pelos interesses mais urgentes da população. Podemos dizer que, hoje, temos meia dúzia de senadores que lutam pelos trabalhadores. O Psol é um partido novo e pela vontade de mudança manifestada nos últimos tempos pela população, podemos dizer que somos, de fato, a única alternativa real de mudança, que se identifica com os anseios populares.
A GAZETA – Qual o diferencial de sua campanha?
Professor Fortunato – A nossa campanha é levada às ruas pelos camaradas do partido, por pessoas que se identificam com os propósitos do Psol, por amigos, conhecidos e simpatizantes. Através das redes sociais, buscamos interagir com os eleitores e divulgar ao máximo nossas propostas. Temos como foco divulgar o que defendemos e não fazer a prática conservadora da divulgação vazia, impregnando nome, número e visualização para seduzir o eleitor.
A GAZETA – Se for eleito, qual será seu perfil político no Senado?
Professor Fortunato – De um democrata que vai trabalhar no legislativo com as demandas da população num diálogo muito próximo com os movimentos sociais e instituições representativas da sociedade. Evidente que o debate é amplo, mas temos prioridades, no campo da educação, inclusive precisamos garantir o aspecto público e gratuito do ensino básico ao superior para todos. Ciência e tecnologia, fortalecimento do campo, com prioridades para reforma agraria e apoio aos pequenos e médios produtores. É preciso democratizar o exercício da representatividade parlamentar e isso só se garante num transito e diálogo muito direto com a população.
A GAZETA – Nas eleições de 2014, o Psol decidiu lançar candidatos ao governo e Senado. Quais as razões que levaram o partido a esta decisão?
Professor Fortunato – O que está aí está velho e superado. Continuamos lutando para garantir o superávit primário sacrificando nossos recursos naturais e renunciando a própria soberania nacional quando concessionamos, privatizamos e terceirizamos poços de petróleo, floresta públicas, portos, aeroportos, empresas de telefonia entre outros. Observamos nos últimos cinquenta anos um verdadeiro desmonte do Estado Nacional, o desmonte da coisa pública. O povo trabalhador não pode continuar sendo sacrificado com péssimos salários para garantir os fabulosos lucros da especulação financeira e nem continuarmos sendo um país exportador de matérias-primas. Precisamos romper com o passado colonial. Eu fico triste quando vejo a entrevista de um “importante empresário” do setor automobilístico se orgulhar de sermos um dos maiores exportadores de ferro, manganês, suco de laranja, soja e outros produtos primários. Precisamos reconstruir o projeto de país soberano, com investimentos em tecnologia, educação, inovação e principalmente que respeite seu próprio povo.
A GAZETA – Como tem sido o contato com os eleitores?
Professor Fortunato – O contato tem sido muito bom. A receptividade tem nos impulsionado para continuarmos trabalhando forte e acreditando em nossos sonhos que com ousadia e coragem o Brasil e o Acre vão mudar.
A GAZETA – Qual o diferencial do Psol das demais coligações?
Professor Fortunato – O Psol tem um projeto nacional para ser debatido com a população e procura fazer isso de forma muito franca e o mais próximo do povo possível, caminhando nas ruas e interagindo com o povo. Nós não aceitamos investimentos de empresários em nossa campanha, ninguém faz doação de campanha. Empresário visa o lucro. Nossos materiais são frutos do resultado de nosso próprio esforço e oriundo de nosso valoroso suor. As coligações que aí estão foram construídas para ampliar tempo de televisão conseguir aumentar arco de aliança e passar a impressão ao eleitor de que são fortes, sem qualquer afinidade propositiva. Muitos partidos tornam-se nanicos com essa postura aliancista. O Psol está longe disto. Somos pequenos e fortes, nanicos nunca.
A GAZETA – No último ano, os movimentos sociais tomaram conta das ruas brasileiras. Qual a inserção que o Psol tem hoje dentro dos movimentos sociais, no Estado?
Professor Fortunato – O Psol tem muita aproximação com os movimentos sociais e muitos dos nossos camaradas participam organicamente de vários movimentos, cada um na sua particularidade. Temos aproximação e participamos dos movimentos dos jovens alternativos, movimento comunitário, dos sindicatos dos trabalhadores da Educação, dos sem terra, pequenos produtores e outros. O Psol tem como objetivo ser a expressão dos inúmeros movimentos sociais e, para isso, fazemos o dialogo muito aberto e estimulamos para que isso se intensifique. Os movimentos sociais ajudam muito na construção do nosso país. Nós somos o partido das ruas.
A GAZETA – Qual avaliação que o senhor faz dos quase 16 anos de administração da FPA?
Professor Fortunato – As necessidades continuam as mesmas, em poucas palavras. Nosso campo é fraco, nosso Estado é pobre. Precisamos inverter essa lógica. Temos que ter campo forte e Estado rico. Continuamos importando produtos básicos e não tivemos salto de qualidade em nenhum setor. Fico triste com tantos pedidos de emprego sem ter como ajudar meus alunos, ex-alunos e outras pessoas que me procuram. Eu ando muito pela Capital e outras cidades e vejo como a pobreza é intensa. Precisamos ser impactantes nesta luta a favor da libertação. Libertação da pobreza, da ignorância, da fome, do egoísmo, da força brutal da exclusão e da falta de trabalho.
A GAZETA – Qual a sua avaliação sobre o atual momento político do Acre?
Professor Fortunato – O conservadorismo ganhou força nos últimos anos, no campo representativo. Porém, vejo uma juventude sedenta por mudança radicais na essência política e muitas pessoas mais velhas entendendo que é hora de avançar no fazer política. Penso que a velha política daqueles que “ganham o mandato” e fazem o que bem querem tem cada vez menos espaço, embora tenhamos muito a fazer. Entretanto, vejo que a política do fazer o bem vai superar a política do se dar bem.
A GAZETA – Uma mensagem para seus eleitores.
Professor Fortunato – Eu posso dizer que sou de uma família pobre, meu pai um produtor rural e minha mãe uma professora. Como eles, trabalhadores, muitos de nós, não nos sentimos representados no Congresso Nacional e eu quero ser senador pelo Acre para trabalhadores como meu pai, minha mãe e muitos outros que não nasceram em berço de ouro, não tem parentes importantes, e dão o duro para ganhar o pão de cada dia. É preciso invertemos a lógica entre os que muito tem e os que muito pouco e nada tem. Quero trabalhar pelo meu Estado e pela educação do meu país. Nós precisamos de um bom viver. Podem contar comigo, eu conto com vocês!
(Foto: Divulgação)