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“O Psol tem como objetivo ser a expressão dos inúmeros movimentos sociais”, afirma Fortunato

Em entrevista, Fortunato afirma que pretende dar prioridade ao campo da educação
Em entrevista, Fortunato afirma que pretende dar prioridade ao campo da educação

O candidato ao Senado da República pelo Partido Socia-lismo e Liberdade (Psol/AC), professor Fortunato, é o terceiro convidado na rodada de entrevista realizada pelo jornal A GAZETA com os candidatos que disputam a única vaga ao Senado nas eleições deste ano.

Natural do município de Maués, no Amazonas, Fortunato Martins Filho nasceu em 1967, tornando-se professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre e com mestrado em Desenvolvimento Regional pela mesma universidade. Foi candidato a vereador de Rio Branco em 2012 pelo PPS, mas não terminou vitorioso.

Em entrevista À GAZETA, falou sobre o desafio de enfrentar uma campanha eleitoral, o diferencial do Psol em relação às outras coligações e a participação de seu partido nos movimentos sociais.

O candidato fez ainda uma análise do atual momento político e dos quase 20 anos de administração da FPA.

A GAZETA – O que o levou a se lançar candidato ao Senado Federal?
Professor Fortunato – A decisão de lançar candidatura ao Senado foi do conjunto do Psol visando superar necessidades urgentes no plano nacional, local e a construção de uma alternativa real de poder frente ao conservadorismo. Este propósito se concretiza com a candidatura à presidência de Luciana Genro e Antonio Rocha ao Governo do Acre. Nós precisamos democratizar o Congresso Nacional, atualmente, dominado por latifundiários, grandes proprietários e burocratas que emperram a vida Nacional. Na particularidade do Senado, este se tornou um reduto das oligarquias regionais e em muitos aspectos está muito distante de legislar a favor do povo trabalhador. É preciso que aquela casa tenha entre seus membros pessoas identificadas e que trabalhem pelos interesses mais urgentes da população. Podemos dizer que, hoje, temos meia dúzia de senadores que lutam pelos trabalhadores. O Psol é um partido novo e pela vontade de mudança manifestada nos últimos tempos pela população, podemos dizer que somos, de fato, a única alternativa real de mudança, que se identifica com os anseios populares.

A GAZETA – Qual o diferencial de sua campanha?
Professor Fortunato – A nossa campanha é levada às ruas pelos camaradas do partido, por pessoas que se identificam com os propósitos do Psol, por amigos, conhecidos e simpatizantes. Através das redes sociais, buscamos interagir com os eleitores e divulgar ao máximo nossas propostas. Temos como foco divulgar o que defendemos e não fazer a prática conservadora da divulgação vazia, impregnando nome, número e visualização para seduzir o eleitor.

A GAZETA – Se for eleito, qual será seu perfil político no Senado?
Professor Fortunato – De um democrata que vai trabalhar no legislativo com as demandas da população num diálogo muito próximo com os movimentos sociais e instituições representativas da sociedade. Evidente que o debate é amplo, mas temos prioridades, no campo da educação, inclusive precisamos garantir o aspecto público e gratuito do ensino básico ao superior para todos. Ciência e tecnologia, fortalecimento do campo, com prioridades para reforma agraria e apoio aos pequenos e médios produtores. É preciso democratizar o exercício da representatividade parlamentar e isso só se garante num transito e diálogo muito direto com a população.

A GAZETA – Nas eleições de 2014, o Psol decidiu lançar candidatos ao governo e Senado. Quais as razões que levaram o partido a esta decisão?
Professor Fortunato – O que está aí está velho e superado. Continuamos lutando para garantir o superávit primário sacrificando nossos recursos naturais e renunciando a própria soberania nacional quando concessionamos, privatizamos e terceirizamos poços de petróleo, floresta públicas, portos, aeroportos, empresas de telefonia entre outros. Observamos nos últimos cinquenta anos um verdadeiro desmonte do Estado Nacional, o desmonte da coisa pública. O povo trabalhador não pode continuar sendo sacrificado com péssimos salários para garantir os fabulosos lucros da especulação financeira e nem continuarmos sendo um país exportador de matérias-primas. Precisamos romper com o passado colonial. Eu fico triste quando vejo a entrevista de um “importante empresário” do setor automobilístico se orgulhar de sermos um dos maiores exportadores de ferro, manganês, suco de laranja, soja e outros produtos primários. Precisamos reconstruir o projeto de país soberano, com investimentos em tecnologia, educação, inovação e principalmente que respeite seu próprio povo.

A GAZETA – Como tem sido o contato com os eleitores?
Professor Fortunato – O contato tem sido muito bom. A receptividade tem nos impulsionado para continuarmos trabalhando forte e acreditando em nossos sonhos que com ousadia e coragem o Brasil e o Acre vão mudar.

A GAZETA – Qual o diferencial do Psol das demais coligações?
Professor Fortunato – O Psol tem um projeto nacional para ser debatido com a população e procura fazer isso de forma muito franca e o mais próximo do povo possível, caminhando nas ruas e interagindo com o povo. Nós não aceitamos investimentos de empresários em nossa campanha, ninguém faz doação de campanha. Empresário visa o lucro. Nossos materiais são frutos do resultado de nosso próprio esforço e oriundo de nosso valoroso suor. As coligações que aí estão foram construídas para ampliar tempo de televisão conseguir aumentar arco de aliança e passar a impressão ao eleitor de que são fortes, sem qualquer afinidade propositiva. Muitos partidos tornam-se nanicos com essa postura aliancista. O Psol está longe disto. Somos pequenos e fortes, nanicos nunca.

A GAZETA – No último ano, os movimentos sociais tomaram conta das ruas brasileiras. Qual a inserção que o Psol tem hoje dentro dos movimentos sociais, no Estado?
Professor Fortunato – O Psol tem muita aproximação com os movimentos sociais e muitos dos nossos camaradas participam organicamente de vários movimentos, cada um na sua particularidade. Temos aproximação e participamos dos movimentos dos jovens alternativos, movimento comunitário, dos sindicatos dos trabalhadores da Educação, dos sem terra, pequenos produtores e outros. O Psol tem como objetivo ser a expressão dos inúmeros movimentos sociais e, para isso, fazemos o dialogo muito aberto e estimulamos para que isso se intensifique. Os movimentos sociais ajudam muito na construção do nosso país. Nós somos o partido das ruas.

A GAZETA – Qual avaliação que o senhor faz dos quase 16 anos de administração da FPA?
Professor Fortunato – As necessidades continuam as mesmas, em poucas palavras. Nosso campo é fraco, nosso Estado é pobre. Precisamos inverter essa lógica. Temos que ter campo forte e Estado rico. Continuamos importando produtos básicos e não tivemos salto de qualidade em nenhum setor. Fico triste com tantos pedidos de emprego sem ter como ajudar meus alunos, ex-alunos e outras pessoas que me procuram. Eu ando muito pela Capital e outras cidades e vejo como a pobreza é intensa. Precisamos ser impactantes nesta luta a favor da libertação. Libertação da pobreza, da ignorância, da fome, do egoísmo, da força brutal da exclusão e da falta de trabalho.

A GAZETA – Qual a sua avaliação sobre o atual momento político do Acre?
Professor Fortunato – O conservadorismo ganhou força nos últimos anos, no campo representativo. Porém, vejo uma juventude sedenta por mudança radicais na essência política e muitas pessoas mais velhas entendendo que é hora de avançar no fazer política. Penso que a velha política daqueles que “ganham o mandato” e fazem o que bem querem tem cada vez menos espaço, embora tenhamos muito a fazer. Entretanto, vejo que a política do fazer o bem vai superar a política do se dar bem.

A GAZETA – Uma mensagem para seus eleitores.
Professor Fortunato – Eu posso dizer que sou de uma família pobre, meu pai um produtor rural e minha mãe uma professora. Como eles, trabalhadores, muitos de nós, não nos sentimos representados no Congresso Nacional e eu quero ser senador pelo Acre para trabalhadores como meu pai, minha mãe e muitos outros que não nasceram em berço de ouro, não tem parentes importantes, e dão o duro para ganhar o pão de cada dia. É preciso invertemos a lógica entre os que muito tem e os que muito pouco e nada tem. Quero trabalhar pelo meu Estado e pela educação do meu país. Nós precisamos de um bom viver. Podem contar comigo, eu conto com vocês!

(Foto: Divulgação)

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