Uma pancada de chuva, associada à forte ventania, causou estragos em vários pontos de Rio Branco, ontem à tarde. No Centro, uma mulher e um motociclista que passavam pela Rua Rui Barbosa quase foram atingidos por pedaços grandes de zinco e de madeira, que voaram do telhado da Galeria do Estádio José de Melo.
As folhas, que estimam pesar entre 100 e 200 quilos, se desprenderam facilmente do teto das lojas da galeria, cruzaram a Avenida Ceará — a de maior movimento de veículos e pedestres na região — e pararam a cerca de 20 metros, bem no meio da Rua Rui Barbosa, ao lado de um ponto de táxi.
Alguns pedaços ficaram presos aos cabos de alta tensão, que passam sobre a Praça do Bebódromo, obrigando a suspensão do fornecimento de energia elétrica, até que o Corpo de Bombeiros os retirassem da fiação.
“Por sorte, não tinha nenhum colega aqui na hora”, comemora o taxista Dionísio Dourado.
Mas da loja de confecção onde trabalha, na Rua Rui Barbosa, a comerciária Denise Oliveira relatou que teve medo de que o telhado atingisse um casal: uma mulher e um motociclista que passavam na hora.
“Daqui dava para ver as folhas de zinco balançando forte. Foi então, que de repente, elas se desprenderam. Quase atingiram o rapaz numa moto e a senhora que passava na hora. O motoqueiro largou a moto e ela também correu pra cá, muito assustada”, narrou Oliveira à GAZETA.
Homens da Companhia de Trânsito da Polícia Militar interditaram o local até que uma equipe da Prefeitura de Rio Branco removesse os pedaços de zinco retorcidos.
Na Vila Ivonete, uma árvore também caiu sobre a Avenida Antônio da Rocha, interditando parcialmente a via.
Para a reportagem, o especialista em clima da Ufac, Alejandro Duarte, já havia anunciado a chegada da transição das chuvas na região.
“Setembro é um mês de transição, quando começam as primeiras chuvas, que são normalmente, muito fortes. Justamente pela mudança de estação, elas podem chegar com violência”, explica o meteorologista.
Fenômeno de ‘explosão’ – Pelas condições em que aconteceram, as rajadas de vento que destelharam a Galeria do Estádio José de Melo são características de um fenômeno já bastante conhecido em aviação chamado de microburst ou microexplosão.
Pelo que narrou testemunhas, houve uma corrente descendente violenta com ventos divergentes ao tocar a Galeria do Estádio. É basicamente o contrário do tornado, que apresenta ventos subindo.
A microexplosão ocorre quando há ventos verticais, no sentido de cima para baixo e que podem perfeitamente derrubar árvores ou destelhar casas. Em procedimentos de pouso e decolagem de aeronaves, ela fica ainda mais perigosa.