Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Borracha do Acre é exposta na 31ª Bienal de Arte de São Paulo

Parte da borracha foi extraída por seringueiros do Acre
Parte da borracha foi extraída por seringueiros do Acre

A borracha nativa da Amazônia novamente é destaque no cenário internacional, desta vez no mundo da arte. A artista plástica indiana Sheela Gowda leva a instalação “Those of Whom” para a 31ª Bienal de Arte de São Paulo, que utiliza mantas de borracha natural como matéria-prima. Parte do material usado na exposição foi adquirido de seringueiros da área do projeto Protegendo Florestas – uma parceria entre o WWF-Brasil, WWF Reino Unido, a rede de TV britânica Sky e o Governo do Estado do Acre que vem desenvolvendo ações de apoio a extrativistas, agricultores familiares e escolas rurais nos municípios de Feijó, Tarauacá e Manoel Urbano.

Na instalação, Gowda faz um contraponto entre a elasticidade da borracha natural e a rigidez do ferro, sendo ambos parte importante da história política e econômica do Brasil. Já as estruturas de ferro foram coletadas em terrenos de demolição na cidade de São Paulo, e servem de esqueletos que recebem as mantas de borracha como uma nova pele.

Natural de Bhadravati, Gowda é conhecida por incorporar escultura, instalação e fotografia em suas obras, além de utilizar materiais do dia a dia para criar suas composições, sempre com a preocupação de se certificar de sua origem e modo de produção. No início de março, a artista viajou para o Acre com o intuito de compreender melhor a realidade e o trabalho dos seringueiros locais e como a extração do látex tem contribuído para evitar desmatamentos adicionais no Estado.

Ela conta que não conhecia nada sobre o histórico e a produção da borracha antes de chegar ao Brasil e que foi convidada para ir à Amazônia conhecer os extrativistas. “Os seringueiros têm uma relação muito forte com a floresta. Cada um deles tem, em média, 300 árvores para tomar conta e extrair o látex. Como o processo é lento, eles acabam cuidando de um grande pedaço da floresta, que ao invés de ser derrubada para pecuária ou ser usada para extração de madeira, permanece cuidada por eles mesmos”.

Por que preservar a floresta?
Como Sheela Gowda pôde perceber, não só a borracha como outros produtos florestais são fundamentais para integrar a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas ao desenvolvimento econômico do país. Através do Projeto Protegendo Florestas, o WWF-Brasil estimula a cultura extrativista, com apoio contínuo a seringueiros e ao comércio justo da borracha, construção e Fernanda Melonio manutenção de unidades de processamento de látex de borracha, agregação de valor do açaí e suporte à coleta e processamento dos produtos.

Ao ampliar o valor socio-ambiental dessas cadeias produtivas e realizar a inclusão das comunidades tradicionais no mercado, possibilita-se que as famílias de extrativistas sobrevivam sem necessariamente desmatar grandes áreas ou causar danos à floresta amazônica.

Para Kaline Rossi, analista de conservação do WWF-Brasil, “a difusão dos usos da borracha natural – especialmente aquela proveniente do extrativismo amazônico – atrelada ao uso da arte como forma de expressão é um artifício poderoso para a sensibilização do público a respeito da importância da manutenção das florestas e da garantia dos serviços ambientais que elas fornecem para o planeta como, por exemplo, a regulação do regime hídrico e o do clima. Quanto maior o desmatamento, menos chuva e menos água nos reservatórios que abastecem as cidades”. (Assessoria WWF-Brasil/ Foto: FRANÇOIS – GHISLAIN MORILLION)

Sair da versão mobile