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Em duas horas chove mais em Rio Branco do que quase o mês inteiro de setembro

Avenida Antônio da Rocha Viana ficou inundada
Avenida Antônio da Rocha Viana ficou inundada

A menina Fernanda Souza, 6 anos, moradora do Bairro Ayrton Senna, afirmava ofegante: “Tio, foi um estrondo só lá em casa. Fiquei com muito medo. Depois veio muita chuva e apagou a luz”.

O que a garotinha, que na primeira oportunidade subiu na cama dos pais, não sabia era que uma forte chuva torrencial com rajadas de ventos de até 30 quilômetros, relâmpagos agressivos e estrondosos ruídos de trovão são comuns nesta época do ano.

Embora tenha chovido ontem 80% do que era previsto para o mês inteiro de setembro tem uma explicação, diz o meteorologista Alejandro Fonseca Duarte, membro do Instituto Nacional de Meteorologia e pesquisador da Universidade Federal do Acre.

“Setembro é um mês de transição do período seco para o chuvoso. Como estávamos com um tempo muito quente e baixa umidade relativa, a própria evaporação satura e o vapor se transforma em chuva muito intensa”, explica o cientista, para definir a chuva forte que caiu sobre Rio Branco no curto espaço das 14 horas às 16h.

A chuva causou transtornos em diversos pontos da cidade, como a reportagem de A GAZETA constatou. No Conjunto Castelo Branco, a cerca de 10 quilômetros da casa da menina Fernanda, que abre a nossa reportagem, a Escola de Ensino Primário Monteiro Lobato sofreu destelhamento parcial. Ninguém ficou ferido.

Parte do Bairro Floresta, onde fica a escola, a energia foi interrompida por cerca de meia hora, segundo os moradores, sobretudo, no Conjunto Mascarenhas de Morais e Esperança 1 e 2.

“Eu ouvi um trovão muito forte e logo depois, os fusíveis [dos postes próximos] parecem ter desarmados causando o apagão”, relatou Lucineide Pontes, 30 anos, moradora do Conjunto Mascarenhas de Moraes.

Na Avenida Antônio da Rocha Viana, um grande bolsão d’água se formou próximo ao prédio da Polícia Civil, causando um congestionamento que começou na rotatória do Conjunto Village, próximo ao posto Ipiranga.

“Isso é muito chato. Tô aqui há pelo menos meia hora tentando passar e não consigo porque tudo está muito lento”, reclama o microempresário Mário Tavares, que conduzia um Fiat Uno.

“Meu carro é muito pequeno para passar aí. Vai alagar tudo. Melhor deixar o trânsito fluir e pegar um atalho ali próximo”.

Até 18h40 de ontem, o trânsito na cidade, já caótico em horários de picos como são os do início da noite, ainda permanecia irregular, principalmente, nas ruas Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e nas avenidas Ceará e Nações Unidas.

De acordo com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Rio Branco, entre 14 horas e 16h foram registrados 71,6 mm de chuva, volume considerado extremamente alto para setembro, a ponto de ter desaguado quase o total para o mês inteiro, que é de 89,6 milímetros.

Conforme o Corpo de Bombeiros, pelo menos quatro chamadas de emergência foram feita à central relatando rompimento de cabos de energia elétrica na cidade e também por quedas de árvores.

O prefeito Marcus Alexandre se apressou a percorrer os locais mais prejudicados pelos pontos alagados e prometeu avaliar os danos.

“Vamos ver o que poderá ser feito para evitar que problemas como esses voltem a acontecer”, disse. A ideia é corrigir os transtornos. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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