Apesar da pressão da iniciativa privada e o fantasma de uma nova enchente que poderia deixar o Acre isolado do restante do país, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, fez questão de ressaltar que não está assegurada a elevação da BR-364 atingida pelas águas do Rio Madeira, na cheia do início do ano, durante visita ao Acre nesta terça-feira, 16.
Após sete meses do isolamento causado pelas águas do rio Madeira, o que existe é a constatação das necessidades e a execução de reparos, em cerca de 60 km, que já estão em andamento, detalhou Paulo Passos.
“Ainda não há estudos específicos que apontem em quanto e se de fato, a pista deve ser elevada. Além disso, não há como inserir a obra no orçamento de 2015”, explica.
Ele explicou que antes de iniciar a elevação da pista é necessária finalizar uma série de estudos que estão sendo feitos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e tem previsão para ser concluído até o final do ano.
“Se houver outra cheia nós não teríamos condição, em qualquer hipótese, de ter o tempo necessário para fazer a mudança que iremos fazer para dar a solução definitiva. Mas se eventualmente se desenhar algo parecido, teremos que contar com o apoio de órgãos capazes de fazer as previsões. De forma que o governo federal, junto com o governo do estado, possa tomar as medidas cabíveis para evitar que o estado possa sofrer dificuldades de isolamento”, afirmou o ministro.
De acordo com Passos, o Dnit vai voltar ao Acre para dar uma explicação técnica, clara e objetiva sobre os estudos e próximos passos que devem ser feitos. “Fazer a alteração de uma rodovia com ela ainda em operação é um trabalho complexo”, garantiu Passos.
Segundo o diretor do Dnit, Luís Guilherme Rodrigues de Mello, é provável sim que seja necessário a elevação da rodovia, mas para isso, se torna fundamental os estudos para definir, por exemplo, o quanto essa rodovia deverá ser elevada.
Ministro dos Transportes garante início das obras da Ponte do Madeira ainda este mês
“As obras para construção da ponte sobre o Rio Madeira já foram iniciadas. O canteiro de obras já foi instalado e a abertura da área de acesso. Já os trabalhos de fundação da base de sustentação da ponte ainda devem iniciar ainda este mês”, anunciou o Ministro dos Transportes.
Com um investimento inicial de R$ 128 milhões, a expectativa é que a ponte seja finalizada até o final de 2016. Os 1,056 metros de extensão, largura de 14,5 metros, vão central de 170 metros, a uma altura de 19 metros em relação a lamina d’água, livrará o Acre do fantasma do isolamento por terra.
“Posso afirmar que nós vamos trabalhar na expectativa de termina-la no final de 2016, porque a gente sabe da importância dessa ponte, dessa ligação para o Acre, para Rondônia, e para o acesso ao Pacífico”, completou Paulo Passos.
Manutenção de rodovias
Durante a visita do ministro, a comitiva esteve no km 35 da rodovia BR-364, sentido Rio Branco e Sena Madureira, para vistoriar os trabalhos de asfaltamento, restauração de pavimento e pintura. Passos anunciou o investimento de R$ 200 milhões para a recuperação e manutenção das rodovias federais no Estado.
Na BR-317, será recuperado desde o município de Senador Guiomard até Assis Brasil, além do trecho até a divisa com o Amazonas. Na BR-364, todo o trecho até Sena Madureira receberá o investimento. “Dessa forma, daremos uma cobertura integral as rodovias federais aqui no estado do Acre”, afirma o ministro.
Volume de chuva que causou cheia do Madeira ocorre a cada 300 anos
O representante da Agência Nacional das Águas (ANA) informou que em 50 anos de medições na bacia do Rio Madeira, nunca foi registrado uma cheia desta magnitude. Segundo cálculos estatísticos realizados pela própria agência, a probabilidade é que um evento como esse ocorra a cada 300 anos, mas ainda não é possível realizar uma previsão meteorológica para 2015.
“É uma cheia que tem pouca probabilidade de ocorrer novamente. Não é possível afirmar que vai acontecer a mesma cheia ano que vem, mas também não se pode garantir que não vai ocorrer. É preciso acompanhar as previsões de chuva ao longo dos próximos meses, para fazer uma previsão, mas hoje não é possível ainda determinar como será em 2015”, disse.