“Era uma vez Marina Silva…”. É assim que a revista de fim de semana do jornal Le Monde intitula uma reportagem em que mergulha nas origens da candidata do PSB à presidência. O repórter do vespertino viajou até o Acre para contar o que chama de “um conto de fadas made in Brazil”. A história de vida de Marina parece começar a cair nas graças da imprensa francesa, assim como ocorreu com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Na reportagem de quatro páginas, o jornalista Nicolas Bourcier não deixa de reparar que a cidade em que a candidata nasceu se chama Bagaço, que ele traduz como “déchet”, que na língua francesa tem um sentido ainda mais forte, de “resíduo” ou “dejeto”. Bourcier diz que o nome é eloquente quando se constata a pobreza da região encravada na Floresta Amazônica.
Através de depoimentos de pessoas próximas – como o da própria irmã de Marina, que ainda vive em Bagaço – ele elenca alguns momentos-chave da vida da ex-senadora, que fazem com que a sua trajetória do Acre a Brasília pareça uma história de ficção.
“Lula da Amazônia”
Primeiro, a infância trabalhando no seringal. Depois, a doença que a acometeu aos 16 anos, quando trabalhava como empregada doméstica, e que levou um médico a lhe dar não mais do que três meses de vida. Também o encontro com o bispo Dom Moacyr Grechi, que obteve o tratamento para Marina em São Paulo. E sua atuação política a partir de 1979, primeiro na luta revolucionária, depois no Partido dos Trabalhadores.
O Le Monde diz que Marina é chamada por muitos de “Lula da Amazônia” e recorda que ela deixou o governo do ex-presidente cinco anos depois de assumir o cargo de ministra do Meio Ambiente, “após precisar engolir as alianças do governo com o complexo agro-industrial, a legalização da soja transgênica e a construção de usinas hidrelétricas”, justamente a agenda defendida, diz o jornal, “pela então ministra Dilma Rousseff”.
Religião
A publicação também destaca a trajetória ligada à religião de Marina Silva, primeiro com o catolicismo da Teologia da Libertação – movimento que está nas origens do PT – e depois junto à igreja evangélica.
O jornal, no entanto, diz que a candidata se diz favorável a plesbiscitos para decidir questões complicadas do ponto de vista religioso, como o aborto.
Nos depoimentos de pessoas próximas a Marina, eles relatam que a ex-senadora sempre soube separar sua religiosidade e sua trajetória política. (Do Portal www.portugues. rfi.fr, com informações do Jornal Le Monde/ Foto: Divulgação)