Só alcançado em vários pontos por sacolejantes estradas de terra, rodeadas de pastos e pouca floresta, o antigo Seringal Bagaço, nos arredores de Rio Branco, é o berço de Marina Silva e de sua carreira política, mas ainda não viu a campanha dela acontecer. Ali não são poucos os moradores que declaram voto na ex-ministra do Meio Ambiente, na esperança de que, sendo filha da terra, ela resolva problemas históricos, como a regularização fundiária, ainda pendente.
Mas ainda não sabem que número apertar na urna. “Não vieram trazer os santinhos”, diz Maria do Carmo de Oliveira, de 50 anos, moradora e presidente da Associação Gleba Gaivota, que representa 60 famílias.
Na comunidade às margens do Rio Acre, em que a presidenciável do PSB viveu até os 16 anos, sobressai na paisagem a propaganda de candidatos da coligação local do PT, ao lado de uma sorridente Dilma Rousseff. “Política, aqui, tem direto, mas ninguém veio pedir voto para Marina”, diz Benedita Menezes, de 56 anos. Na cerca de casa, ela pendurou propaganda de Dilma. Questionada, explicou: “O deputado trouxe aqui e não podia fazer ofensa com ele”.
No Bagaço, uma conquista recente é a energia, ligada em algumas casas somente a partir de 2008, por meio do programa Luz para Todos. Mas é a Marina, e não à candidata do PT, que muita gente atribui a benfeitoria.
O maior desafio agora é o assentamento de famílias que ainda não conseguiram o registro das terras em que vivem, processo emperrado por imbróglio com o Banco do Brasil. “Sem o papel, não temos direito a um financiamento do governo”, diz Francisco Ribeiro de Araújo, de 59 anos, ex-seringueiro que declara voto em Marina, mas não sabe o número dela.
Vice-governador do Acre e candidato do PSB à Câmara, César Messias diz que falta dinheiro e as peças de campanha disponíveis têm Eduardo Campos, morto num acidente avião em agosto, como cabeça de chapa. “Da Executiva Nacional, não recebemos nada. Do nosso caixa, tivemos entre R$ 80 mil e R$ 100 mil”. (Agência Estadão)