Há 25 anos, aconteceram as primeiras eleições diretas para presidente da república realizadas no Brasil depois do golpe de 1964. Trata-se, claramente, de um marco simplório quando comparado a democracias mais maduras que a brasileira, como a norte-americana, por exemplo, mas de imensa importância para um país que vive hoje o mais longo período democrático de sua história.
As eleições de 1989 no Brasil aconteceram em um contexto de profunda crise econômica, social e política. O novo regime político que começava a ser construído a partir da Constituição aprovada em 1988, ainda estava marcado pelo continuísmo. O aparato repressivo, a política econômica subserviente ao FMI e os ataques aos trabalhadores herdados da ditadura se mantinham.
À frente do governo, José Sarney batia recordes de impopularidade. O primeiro presidente civil desde 1964 só havia chegado ao poder em consequência da morte de Tancredo Neves, que havia sido escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral.
O brasileiro passou quase três décadas sem poder exercer o seu direito de voto. A última vez que o país foi às urnas para escolher seu principal mandatário havia sido em 1960, quando, com pouco mais de cinco milhões de votos, Jânio Quadros foi eleito presidente da República. Após longo período de jejum, apenas 1989 que o brasileiro voltou a ter o direito de escolher por conta própria, sem intermediários, quem iria governá-lo.
Nada menos do que 22 candidatos se apresentaram para concorrer às eleições. Desde nomes importantes no cenário político brasileiro das últimas décadas, como Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Aureliano Chaves, Paulo Maluf, passando por forças políticas em ascensão, como Luiz Inácio Lula da Silva, Mário Covas, Afif Domingos, Fernando Collor de Mello, até nanicos que se notabilizaram pela excentricidade, como Enéas Carneiro, Marronzinho e Lívia Maria, a primeira mulher a concorrer à Presidência da República na história do país.
Após quase um ano de campanha, a eleição que trouxe de volta o direito de o brasileiro escolher seu presidente terminou em um debate político entre Collor e Lula na televisão, com Collor saindo vitorioso na eleição.
Políticos como Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), que atualmente disputam o comando do país, na época, já estavam envolvidos na política brasileira. O tucano era deputado federal pelo PMDB, enquanto a petista militava pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola. A ex-presidenciável, Marina Silva (PSB), também já militava no Partido dos Trabalhadores.