Policiais federais de cinco estados e do Distrito Federal decidiram realizar uma paralisação de 72 horas, a partir desta terça-feira, 21. A categoria reclama das interferências e da falta de compromisso do atual governo.
Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), os agentes, escrivães e papiloscopistas federais se sentem desprestigiados, com salários congelados há seis anos, e reclamam da falta de compromisso do atual governo em relação ao termo de acordo que finalizou a última greve em 2012.
O estopim da greve é a recente Medida Provisória 657, que “atropelou” as tratativas junto ao Ministério do Planejamento. Ao restringir as chefias e o conceito de autoridade policial somente para o cargo de delegado, a medida cria uma hierarquia política nunca existente na PF, e retira a autoridade e autonomia técnica dos demais policiais envolvidos nas investigações.
“Queremos uma polícia com chefes que mereçam os seus cargos pelo mérito e pela experiência. Somente com profissionalismo podemos evitar interferências nas investigações, garantir que todas as provas produzidas pelos agentes federais cheguem na Justiça e impedir que ocorram vazamentos de informações sigilosas”, explica o presidente da Fenapef, Jones Borges Leal.
Num quadro considerado caótico pelas entidades sindicais, a cada ano mais de 250 agentes federais abandonam a carreira, o índice de doenças psíquicas é altíssimo, a queda no número de indiciamentos é comprovada, o aumento da violência e criminalidade no país é visível, e os problemas de gestão das polícias são piorados por chefias que são escolhidas por critérios políticos.
“A Polícia Federal está sendo destruída, e é um absurdo como são desperdiçados os recursos financeiros e humanos, enquanto a população brasileira precisa do combate ao crime organizado e corrupção. Hoje, infelizmente, milhares de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal são engolidos pela burocracia”, explica Leal.