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‘Fui usada como bode expiatório’, diz militante presa por crime eleitoral

Jaqueline Teles: desabafo
Jaqueline Teles: desabafo

A jornalista e militante da Frente Popular do Acre, Jaqueline Teles, presa no domingo (5) em Cruzeiro do Sul, pela Polícia Federal, suspeita de transporte ilegal de eleitores, foi solta nesta segunda-feira (6). Ao G1, a militante nega que tenha cometido qualquer crime eleitoral e diz que apenas ajudava uma amiga de infância que é deficiente e votava na mesma seção que ela.

Jaqueline passou a noite no Núcleo de Execução Penal Feminino (NEPF), em Cruzeiro do Sul, junto a outras detentas e afirma que foi usada como ‘bode expiatório’.

“Estou me sentindo perseguida, porque sempre deixei meus posicionamentos políticos muito claros, principalmente, em redes sociais. Sempre indaguei e questionei a postura e a capacidade de alguns candidatos que concorriam a cargos majoritários para exercerem seus cargos e acredito que meus comentários podem ter incitado a ira dessas pessoas. Fui sim usada como bode expiatório”, acusa.

Para corroborar sua tese, a militante comenta que outras pessoas foram detidas com suspeitas na prática de diversos crimes eleitorais, incluindo compra de votos, mas ela foi a única a ser encaminhada para o presídio.

Procurada pelo G1, a juíza Eleitoral da 4ª Zona, Evelyn  Bueno, disse que a militante foi presa em flagrante e com ela foram encontrados ainda santinhos e materiais de campanha. De acordo com a juíza, além de Jaqueline, outras três foram presas, pelo mesmo motivo, e encaminhadas ao presídio.

A juíza conta que estava acompanhada de um policial próximo ao local onde a militante foi presa. A abordagem teria sido feita pelo agente e, em seguida, chamado reforço, pois, segundo ela teria encontrado irregularidades no caso.

“O flagrante veio nos seguintes termos, parece que tinham panfletos e santinhos no carro dela e que ela estava fazendo transporte ilegal de eleitor. Foi a Polícia Federal que encaminhou porque autuou ela por transporte ilegal de eleitor e não cabe fiança pelo delegado, só o juiz pode estabelecer fiança. Por isso, não somente ela, mas todos que foram autuados ontem por transporte de eleitor foram encaminhados para o presídio. Essa é a praxe, é proibido ficar preso em delegacias”, diz.

A magistrada nega perseguição. “Desconheço qualquer tipo de perseguição. Qualquer pessoa é livre para fazer reclamação por escrito. O auto de flagrante está no TRE para quem quiser olhar”, comenta.

A advogada de defesa de Jaqueline, Claudia Souza, também afirma que  a jornalista estava apenas fazendo o transporte de uma amiga, que é deficiente e usa muletas. No momento da prisão, Jaqueline estava acompanhada de outras três pessoas. O coordenador da Coligação Frente Popular do Acre e também presidente do PT no Estado, Ermício Sena, ressaltou que foi tudo um ‘mal-entendido’. “É uma amiga dela, que é deficiente, ela estava dando carona para ela, que é algo que a Jaqueline sempre faz. Ela foi abordada e decidiram que estava fazendo o transporte ilegal de eleitor”, lamenta.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC), pelo menos 12 pessoas foram presas no Acre suspeitas de crimes eleitorais como boca de urna, corrupção e propaganda. Dois candidatos estão entre os apreendidos. Ao todo, foram apontados 36 ocorrências durante a votação deste domingo (5). (Veriana Ribeiro Do G1 AC)

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