O domingo amanheceu com o tempo ameno. Um dia perfeito para votar. E o ex-seringueiro Francisco Ricardo de Souza, um eleitor já calibrado com os seus 72 anos de idade, também não deixou de dar a sua contribuição para a democracia. Ele já havia preparado seu título eleitoral um dia antes, e na manhã do dia 5 restou apenas separar os seus documentos pessoais e sair da sua casa, no bairro Areal, para ir até a sede do Incra no Acre para votar.
A rotina de seu Francisco Ricardo foi parecida com a de muitas pessoas neste domingo. Exceto por um detalhe impossível de não se destacar: ele é deficiente físico. Desde jovem, Francisco morava e trabalhava dia e noite em um seringal perto de Plácido de Castro. Na dura rotina do corte da seringa, certo dia ele foi picado por uma cobra venenosa. Ele escapou. Sobreviveu para contar sua história. Mas com sequelas. Francisco perdeu a perna esquerda.
Hoje, superado todo este trauma, ele anda com a ajuda de muletas. Sua locomoção não é igual a da maioria. Mas nem por isso ele deixa de abusar do seu direito de ir e vir.
Outro direito que ele não abre mão é o de votar. De eleger seus representantes para o futuro da terra onde ele viveu sua vida inteira. Ontem, ele foi de moto com um parente mais jovem e votou cedo. Não quis perder tempo. Na saída do prédio, seu Francisco Ricardo contou que seu papel como eleitor estava cumprido. E, mesmo sem saber ler ou escrever, disse que votou consciente. Digitou todos os números certos e escolheu quem ele achava estar mais preparado.
Seu Francisco contou que, mesmo sem uma perna (e mesmo sendo idoso), nunca deixou de votar em sequer uma eleição. “Eu voto toda vez porque gosto. É uma escolha minha. Sou um exemplo de força de vontade”, afirmou ele, reforçando que as pessoas não podem abrir mão do seu direito de votar. “É uma oportunidade única. Ninguém pode faltar”, completou.
