A manhã de ontem foi constrangedora para parte dos professores, do pessoal técnico e dos 450 estudantes do turno matutino da Escola Pública de Ensino Médio Armando Nogueira. Pelos corredores, o que mais se comentava era o episódio do casal de aluno em ato libidinoso, cuja foto foi parar nos grupos do aplicativo de celular WhatsApp.
A menina envolvida, de apenas 14 anos, estudante de 1º ano, não foi à aula, ao contrário do garoto, de 17, aluno do 3º ano, que embora presente na sala, “demonstrava muita vergonha”, segundo a coordenadora de Ensino da escola, Guiomar Barros Simões dos Santos.
Guiomar, assim como todo o corpo docente da instituição, estava abalada com a situação. Ela falou à reportagem de A GAZETA.
“A situação é de muita vergonha, porque o que mais prezamos é pelo respeito, por sempre transmitir valores éticos, pautados nos ensinamentos morais e pela construção de um caráter ilibado de nossos estudantes”, afirma ela. “Algo que foi arranhado pelo episódio”, frisa.
Diferente do que fora divulgado em alguns sites e grupos de mensagens de celulares, a imagem do casal praticando sexo oral não aconteceu nos corredores, mas ao lado da quadra de esportes, entre um pequeno campinho e o muro da escola, ao fundo da instituição, quando a campainha do final de aula já tinha soado.
“Eles vieram para cá, porque sabiam que seria mais fácil de ser menos notados. Infelizmente, não poderíamos ter controle da situação porque as nossas dependências são muito grandes”, lamenta a coordenadora.
“O que me resta neste momento é pedir novamente a confiança da comunidade, que infelizmente não poderia ser manchada por um episódio irresponsável como o que ocorreu”, completa Guiomar Simões dos Santos.
Para A GAZETA, a coordenadora mostrou uma queixa-crime contra ela, feita no dia 14 de outubro deste ano, pelos pais de um estudante que foi repreendido por estar dentro de sala com a namorada sentada no colo dele.
“Eu disse-lhe que aquilo não poderia acontecer e fui intimada na delegacia”, diz.
A audiência, coincidentemente, acontece hoje pela manhã, na Delegacia da Infância e da Adolescência da Polícia Civil.
A situação de liberdade desenfreada de jovens como este casal de 17 e de 14 anos, segundo a educadora, é corroborada pelo distanciamento da maioria dos pais, que não se interessam pelo andamento da situação dos filhos na escola.
Na opinião de muitos especialistas em educação, esta visão unilateral: de que somente a escola tem o papel de educar, é ultrapassada e pode gerar episódios como esse. “Os pais também têm de ser responsabilizados pela conduta de seus filhos”, vocifera a servidora. Mas ela assevera que esse não foi o caso dos pais dos dois adolescentes. Pelo contrário, eles trataram de se mobilizar por uma melhor solução para o desconforto.
Com os olhos mareados, a mãe do garoto esteve na escola, ontem à tarde, para acertar alguns detalhes sobre a possível transferência dele para outro colégio. Demonstrava nítida vergonha com a situação e não quis falar com a reportagem.
Segundo informou a escola, para evitar bullying dos colegas, termo usado atualmente para descrever uma situação em que os alunos zombam de outros, o recomendado nesses casos é a mudança de estabelecimento. Paralelo a isso, estuda-se a possibilidade de atenção psicológica aos dois.
Em mensagem, adolescente se defende – Em sua página do Facebook, o jovem creditou a divulgação da imagem a um “estranho” que teria “mexido em seu aparelho celular”.
Ele diz: “Nunca confie em estranhos mexendo em seu aparelho celular (…) [esta é] uma situação muito complicada que afetou amigos próximos, vizinhos, a minha família e da garota também”.
Mais adiante, ele afirma que “ninguém sabe o que ocorreu de verdade”, “ou se sou o divulgador dessa droga”. A garota também teria desativado sua conta no Facebook. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)