Com 196.509 votos válidos, o que equivale a 51,29% do eleitorado do Acre, o governador Tião Viana (PT) foi reeleito no dia 26 de outubro, no segundo turno das eleições 2014. A diferença de votos entre Viana e o oponente tucano Marcio Bittar foi de 9.851 (2,58%). O candidato da Frente Popular (FPA) venceu em 13 dos 22 municípios do Estado.
Em entrevista ao jornal A GAZETA, o governador recém-eleito agradeceu os votos obtidos e reafirmou o compromisso com o desenvolvimento do Acre. Também se comprometeu em entregar um novo Estado ao fim do mandato.
“O Acre está se constituindo em pleno ambiente de prosperidade. Tenho certeza de que em 2018 vamos entregar um novo Acre para as futuras gerações”, afirmou.
Em relação ao próximo mandato, ele vislumbra a possibilidade de levar os produtos locais, como o açaí e peixes, ao mercado do Pacífico.
“Com o corredor rodoviário ligando o Brasil à costa oeste do Peru, podemos concretizar e consolidar a comercialização dos nossos produtos locais em outros países”, pontuou.
Ele afirmou, ainda, que dará continuidade a programas estabelecidos nos primeiros quatro anos de mandato, como a construção de casas e pavimentação, manutenção e urbanização de rodovias, estradas, ramais, bem como o programa Ruas do Povo.
“Daremos continuidade aos projetos que já foram estabelecidos nesta primeira gestão. Iremos reforçar a segurança em escolas públicas e policiamento comunitário. Para a geração de empregos, vamos investir na criação de postos de trabalho nos setores industriais, infraestrutura, desenvolvimento urbano e produção rural.
O governador planeja, ainda, quintuplicar a produção de peixe no Estado, especialmente o pirarucu (de 20 mil para 100 mil toneladas anuais), que rendem R$ 15 mil anuais por hectare. Floresta, portanto, é a melhor opção econômica. Confira a entrevista:
A GAZETA – Qual avaliação o senhor faz desse período eleitoral?
Tião Viana – Houve momentos intensos. Tenho cuidado do nosso Acre desde o dia primeiro de janeiro de 2011, quando assumi o Governo do Estado. Embora tenham ocorrido momentos tensos durante todo esse período, a vontade de continuar essa luta em favor do povo do Acre falou mais alto. Este é um governo que tenta estar cada vez mais próximo da população. Cada viagem que fiz aos municípios foi de fundamental importância, pois só assim saberemos quais as necessidades do Estado. Nosso objetivo é o desenvolvimento econômico. Vou cumprir cada palavra do que assumi durante a campanha de governo.
A GAZETA – Como o senhor enxerga a atuação da oposição nesse pleito eleitoral?
Tião Viana – Acredito que cada um dá o que tem. Eu, por exemplo, fiz uma campanha apresentando propostas para o Acre. A oposição optou por fazer uma campanha oferecendo acusações, ofensas e ódio. O resultado dessa estratégia da oposição só lhes rendeu à quinta derrota consecutiva. Continuaremos nosso trabalho em prol do desenvolvimento do Estado, enquanto eles continuarão a levantar mentiras contra aqueles que estão trabalhando em favor do Acre.
A GAZETA – Uma boa parte do eleitorado votou no candidato da oposição. Como o senhor pretende mostrar a esses eleitores que o seu projeto é o melhor para o Estado?
Tião Viana – Temos hoje avaliações, realizadas pela Vox Populi e Instituto Ibope, que mostram que o meu governo está com avaliação de mais de 90% de aprovação. A Vox, por exemplo, me apresenta com 69% de ótimo e bom e 92% de ótimo, bom e regular. Esse é um dado quase que atípico. Quase não se vê isso no Brasil para um governador. E, ao mesmo tempo, temos um processo eleitoral disputado. Na véspera da eleição eu tinha uma apresentação de votos de 13 pontos à frente do adversário, o que me colocava com uma margem muito segura. Porém, no dia da eleição, quando se abriu as urnas, o resultado foi outro. Não é tão diferente do que se viu no Brasil inteiro. No entanto, o Acre vive um fenômeno eleitoral, que é a compra de voto. Por onde eu passei, os representantes de municípios me apontavam a violenta participação da compra de votos da oposição. Logo, temos uma população que aprova o meu governo, mas temos pessoas que infelizmente acabaram por vender o voto. Mas, o que importa é que a maioria das pessoas tem consciência do voto e fizeram a sua escolha.
A GAZETA – Em suas entrevistas após a reeleição, o senhor tem comentado sobre o sonho de um Acre novo. Como seu governo pretende construir esse novo Estado?
Tião Viana – Nas últimas semanas estive visitando o BNDES para tratar sobre os investimentos que temos recebido. É impressionante quando se olha para esses investimentos, comparando com outros estados. O Acre está bem. Temos avançado e isso é muito importante. A nossa taxa de investimento público é superior a 30% há mais de seis anos. Isso é extraordinário. Estamos no caminho certo para o desenvolvimento. Temos grandes projetos estratégicos, como a criação de animais, entre eles, suínos, peixes, ovinos. Tem-se, também, projetos de plantio, de grãos até frutíferas. Florestas plantadas com base extrativista como seringueira, castanheira. O Acre desponta como o estado que está tendo a ‘agroindustrialização’. Saímos de três distritos industriais para treze. Somos o terceiro estado com a melhor distribuição de renda no Brasil, de acordo com o próprio IBGE. Estamos planejando ainda quintuplicar a produção de peixe aqui, especialmente o pirarucu, que rendem R$ 15 mil anuais por hectare. Floresta, portanto, é a melhor opção econômica. Esse é o novo Acre que estamos sonhando nos próximos anos.
A GAZETA – Há mercado no Acre para a ampliação industrial da produção local?
Tião Viana – Consolidar a industrialização, com alta tecnologia, é a nossa responsabilidade. Por isso que, no caso do peixe, queremos sair da produção de 20 mil toneladas/ano para 100 mil/ano, para sermos o maior produtor do Brasil de água doce; e ampliar a produção suína, também para 100 mil toneladas. É fácil fazer isso em quatro anos. Hoje, o Peru está interligado, por rodovia, pela qual nós queremos alcançar o mercado asiático. A nossa Zona Especial de Exportação já foi visitada pela China três vezes. Tem empresa australiana que já decidiu implantar o modelo de indústria para levar o açaí para a China – já conseguiu autorização do governo chinês para exportação do fruto. Vai ser uma grande nova vertente econômica. O açaí rende R$ 21 mil por hectare/ano; o peixe dá R$ 15 mil; e o gado, R$ 500 mil. Portanto, esta é uma área que está em franco crescimento, com condições, sim, de uma ampliação industrial.
A GAZETA – Tendo como parâmetro seu primeiro governo, o que o senhor pretende melhorar em sua segunda gestão?
Tião Viana – Um dos meus compromissos é banda larga, com internet em alta velocidade em todos os municípios do Estado. Senão, não vai ter educação do futuro; mais escola de tempo integral; consolidar as políticas de solução dos problemas de saúde nas regionais, para acabar com as filas. Somos o único Estado que zerou as filas de cirurgia geral – não tem doente esperando na fila, não – à exceção de algumas especialidades, como varizes, próstata, alguns aneurismas e próteses. Nas outras especialidades, nós zeramos. Sobram 200 vagas por mês, de cirurgia geral, na Capital. Temos de avançar na humanização dos serviços públicos para a comunidade no próximo governo e consolidar a redução de desigualdades que ainda existe entre os trabalhadores rurais e os das cidades. Enfim, o objetivo é continuar avançando, fazendo do Acre um bom lugar para se viver.
A GAZETA – Considerações finais.
Tião Viana – Meu sentimento é de gratidão ao povo do Acre e, por isso, reafirmo o compromisso de fortalecer as políticas públicas, consolidando os avanços na saúde e educação, com apoio aos Pequenos Negócios e aprofundando a agroindustrialização.
(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)