“Foi o cinto de segurança que salvou a vida delas”. A declaração, da irmã de uma sobrevivente de um acidente na última terça-feira, 25, sintetiza de uma maneira muito clara um dos recursos imprescindíveis para salvar-se numa eventual colisão ou capotamento.
A GAZETA foi às ruas na sexta-feira e observou que tão negligenciado quanto gravíssimo numa hipótese de acidente é a falta do uso do cinto nos bancos traseiros. E o que é pior, é onde viajam muito mais crianças, condição que triplica as chances de morte numa colisão.
No cruzamento da Avenida Getúlio Vargas com a Avenida Nações Unidas, no Bosque, foi possível observar, por exemplo, até três crianças brincando no banco traseiro de um Pálio, sem qualquer proteção. Abordado pela reportagem, o autônomo Francisco Fernandes da Silva, 32, que dirigia o veículo, fez uma mea culpa.
“Admito que esteja errado, mas só estou trazendo-os de um colégio aqui perto para casa. É jogo rápido, eles não vão se machucar”, disse sorrindo à espera do semáforo abrir.
Ontem, fez uma semana que a odontóloga Jessica Jerônimo, 24, morreu num acidente na BR-317, próximo do município de Xapuri, quando o veículo Sandero em que ela viajava com outras duas amigas, desabou numa ribanceira de 20 metros.
A um site de notícias local, a irmã de uma das vítimas que sobreviveram, Georgete Oliveira dos Santos, narrou que o cinto de segurança tinha salvado a vida da sua consanguínea. E foi mesmo. A estudante de Direito, Jaynne Oliveira, 22 anos, era quem que dirigia o carro que caiu numa ribanceira.
Segundo os especialistas em trânsito, na maioria das vezes apenas o motorista e o passageiro ao seu lado colocam o cinto de segurança. Os demais negligenciam esse procedimento.
O senso comum [por sinal, completamente equivocado] é: “Viajando no banco de trás não há problema, porque em caso de acidente os bancos amortecem”.
Completamente falso, alerta o Portal do Trânsito. E por três razões. A primeira é que Os bancos dos automóveis não suportam forças muito elevadas e podem ceder. A segunda, que é o caso de um dos nossos entrevistados, a criança, ao deslocar-se e colidir violentamente com o banco da frente, sofre desacelerações muito superiores àquelas que sofreria se fosse na cadeirinha. As acelerações são a principal causa de morte nos acidentes de automóveis e não os ferimentos “com sangue”.
E em terceiro, num choque frontal existe uma grande probabilidade da criança “passar” entre os bancos e ir colidir com o pára-brisa, ou até mesmo ser lançada para fora do veículo.
Nos choques laterais a criança choca-se violentamente com as portas.
Já em situações de capotamento, a criança pode ser projetada do carro e ser esmagada, ou, permanecendo no interior do carro, sofrer, por exemplo, lesões irreversíveis na coluna, o que significa ficar paraplégica ou tetraplégica e passar o resto da vida numa cadeira de rodas.
O portal cita estudos que mostram que, se a criança viaja na cadeirinha ou banco (de acordo com a idade) e com os cintos corretamente colocados, a probabilidade de ser projetada em caso de acidente é reduzida em 96%. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)