Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Fotógrafo viaja o país sobre bicicleta para registrar o cotidiano de quem escolhe esse meio de transporte

Felipe Baenninger chegou a Rio Branco no dia 5
Felipe Baenninger chegou a Rio Branco no dia 5

Coragem e determinação. Esses parecem ser ingredientes indispensáveis para o fotógrafo paulista Felipe Baenninger, 26 anos, que viajou de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, até o Acre sobre uma bicicleta. A jornada começou no dia 1º de junho de 2013. Tudo pelo propósito de produzir um fotolivro documentário com as histórias por trás das bicicletas brasileiras.

O projeto Transite, como foi batizado, nasceu em 2012 idealizado pelo próprio Felipe Baenninger e amigos. “A ideia foi inspirada na África, onde dois fotógrafos documentaram a cultura da bicicleta, fizeram um investimento coletivo e terminaram com uma publicação impressa. Pedi autorização pra eles e transpus essa ideia para cá”, explicou.

O intuito do projeto é documentar e valorizar a imagem dos ciclistas. Segundo Felipe, busca-se entender o motivo de, mesmo com tantas pessoas nas bicicletas, as cidades não estarem preparadas pra elas.

A jornada, com cerca de 1.8000 km a bordo da ‘magrela’, começou por Porto Alegre. Sozinho com seus equipamentos, alguns mantimentos e a sua bicicleta, ele seguiu pelo litoral brasileiro até o Espírito Santo. Depois foi rumo a Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso até chegar à região Norte do Brasil. Conforme o planejado, Felipe chegou ao Acre ainda em 2014, pelo município de Acrelândia. No dia 5 deste mês, finalmente conheceu Rio Branco.

A aventura parece perigosa para muitos. Ainda assim, Felipe descobriu na viagem que não precisa ter medo. “Eu já apanhei da polícia, mas também fui recebido por centenas de pessoas, o que é uma coisa boa. A acolhida do povo brasileiro é a coisa mais especial que me aconteceu. A vida vai trazendo as coisas que você precisa para viver. Medo eu passo todos os dias, mas o importante é enfrentar ele de frente”.

O fotógrafo documenta todas as histórias sobre os mais remotos lugares e seus ciclistas, como uma forma de valorizar a imagem deles. “Acreditamos no potencial social da bike e como ela transforma o dia-a-dia de uma cidade”, acrescentou.

Para manter o Transite a todo o vapor, Felipe Baenninger realiza campanhas online para arrecadar dinheiro. Ele troca a publicação que irá ser feita com as pessoas, como um pré-agendamento, a fim de viabilizar o projeto financeiramente. Para colaborar, basta acessar o site www. cartase. me/pt/tr2.

Ciclovias de Rio Branco
Sobre conhecer o Acre, o fotógrafo diz acreditar no potencial do Estado em se tornar exemplo na cultura da bicicleta pro Brasil.

Em Rio Branco há dias, Felipe observou que o lugar oferece uma vasta opção de ciclovias. No entanto, ele faz algumas observações. “Como a Passarela é proibida para as bicicletas, muitas acabam se arriscando na Ponte Metálica, disputando espaço com os carros. Isso põe em risco a vida de todas as pessoas que transitam por aquela ponte. Afinal, as cidades são feitas para os carros. É proibido, por exemplo, andar de bicicleta na Gameleira. Ainda assim, as pessoas o fazem, inclusive o fiscal da prefeitura, que amarra a sua bike no poste”, aponta.

Para ele, as ciclovias só vão ter um impacto na vida das pessoas quando ela vier com restrição de velocidade. Felipe sugere aos órgãos que se discuta sobre o que poderia ser feito para criar convivência nas ruas. “Apesar de a cidade possuir muitas ciclovias, os carros acabaram sucumbindo esses espaços, transformando-os em estacionamentos. Como a cidade é feita para o carro, ninguém protesta. Acaba-se suprimindo uma estrutura que foi criada com muito esforço para simplesmente sumir depois”, acusou.

Felipe chegou a Rio Branco pelo município de Senador Guiomard. No início encontrou a ciclofaixa até chegar à ciclovia da Capital. Com isso, ele percebeu a forte presença da cultura da bicicleta na região. “Primeiro eu chorei quando cheguei a Rio Branco e depois eu me senti bem-vindo e seguro”.

Destino
O fotógrafo sabe que a bicicleta não será a única responsável por salvar o mundo, mas, ainda assim, ele defende a importância do meio de transporte no dia a dia dos brasileiros.

Baenninger pretende encerrar essa jornada no final de 2015, que vai coincidir com a edição e a distribuição do livro para as pessoas que já apoiaram. Ele ainda pretende conhecer Xapuri e Cruzeiro do Sul. E adianta que o próximo passo será pedalar até Manaus, completar o Norte e chegar ao Nordeste.

No final do projeto serão três anos vivendo sobre uma bicicleta e muitas histórias dos quatro cantos do país documentadas em um livro.

Felipe Projeto Transite - FOTO Divulgação

(Foto: FELIPE BAENNINGER)

Sair da versão mobile