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Transplante de órgãos dá nova esperança de vida para os acreanos

Seis cirurgias foram realizadas no último fim de semana: quatro transplantes de rins e dois de fígado; a equipe cirurgiã foi liderada pelo médico especialista Tércio Genzini
Seis cirurgias foram realizadas no último fim de semana: quatro transplantes de rins e dois de fígado; a equipe cirurgiã foi liderada pelo médico especialista Tércio Genzini

Já passava de 1h da madrugada quando o sono de Maria José Sales foi interrompido pelo toque do telefone. Ela atendeu apreensiva. Com o coração acelerado, recebeu a notícia de que finalmente conseguiria o transplante de órgão.

Graças à doação de uma família acreana, Maria José, de 38 anos, daria fim à cansativa hemodiálise e ao tratamento que já durava 1 ano e 4 meses.

Na última sexta-feira, 23, ela e mais três pessoas foram beneficiadas com o transplante de rins e outras duas com o de fígado, no Hospital das Clínicas (HC) em Rio Branco.

Já na sala de recuperação, Maria José chorava emocionada ao lembrar que nunca mais teria que fazer hemodiálise. “Eu vinha três vezes na semana e ficava quatro horas. Estou feliz, porque tenho a oportunidade de viver novamente e viver bem”.

Durante todo o tempo de espera na lista de transplante, a paciente acreditou que um dia chegaria a sua vez. “O meu agradecimento não é só pela vida nova, mas também pelo excelente tratamento que estou tendo aqui. O HC está de parabéns”, declarou.

Na maca ao lado, Mailson Felício, de 26 anos, também estava cheio de razões para comemorar. A espera dele pela doação de um rim durou 3 anos e 7 meses. Foram longos dias de tratamento e dor até chegar a sua vez.

Após ser beneficiado com o órgão, o paciente fez um apelo à população acreana. “Liberem o órgão para o seu familiar, porque eu convivi com pessoas e vejo que eles precisam. Assim como eu ganhei, eles precisam muito ganhar e ter uma vida nova”.

(Foto: Luciano Pontes/ Secom)

Mais de 200 pessoas esperam por um órgão
Maria José e Mailson Felício tiveram a oportunidade de recomeçar a vida de uma forma saudável. Como uma segunda chance. No entanto, a luta ainda continua para as 242 pessoas que estão na fila de espera pela doação de rins no Hospital das Clínicas. Com a inauguração da Clínica de Doenças Renais do Vale do Juruá, em Cruzeiro do Sul, 25 desses pacientes irão para lá.

A Dra. Jarine Nassarela detalha que, atualmente, 20 pacientes estão na lista do transplante de rins e outros 80 estão em estudo. Além disso, 81 pessoas em pós-transplante são acompanhadas no HC.

A coordenadora salienta a importância da doação de órgãos à população acreana. “É muito difícil pela distância um rim chegar de outro Estado para cá. Esperamos pela doação do Acre mesmo e, graças a Deus, esse final de semana foram duas doações, quatro rins e dois fígados”.

Para doar órgãos é preciso mais do que atitude. É necessário que haja o sentimento de amor e dedicação ao próximo. As pessoas que desejam ser doadoras precisam comunicar aos seus familiares e estes devem compreender que tal escolha salvará vidas.

20 pessoas  estão na fila de transplante de rins e outras 80 em estudo

Acre pode ter transplante de pâncreas e ossos no futuro

Outros pacientes poderão ser beneficiados assim como Maria José, que recebeu um rim
Outros pacientes poderão ser beneficiados assim como Maria José, que recebeu um rim

Na manhã desta segunda-feira, 26, o governador Tião Viana visitou os seis pacientes receptores de rins e fígado no Hospital das Clínicas (HC), em Rio Branco.

Para o gestor, a área da Saúde é um desafio permanente. “O grande segredo é seguir o doente e ver o que ele está precisando, pois então conseguirá as melhores respostas. Tentamos traduzir em simplicidade o que o doente precisa e o que devemos fazer por ele. Além da motivação da equipe, e essa é especial, pois tem sensibilidade, atenção, carinho e amor pelo serviço público e pelo usuário”, garantiu.

O governador adianta que o próximo desafio é, até o final de 2015, o Acre já realizar transplante do pâncreas, sendo também o primeiro estado da região amazônica a fazer esse tipo de procedimento. “Também queremos partir para o transplante de ossos. Já fizemos casos isolados e agora queremos fazer com regularidade”.

Na área de doenças especializadas, o investimento chega a ser superior a R$ 200 milhões por ano. “Mas, o que importa pra gente não é o custo, e sim o que tem que ser feito. A presidente Dilma Rousseff e o Ministério da Saúde têm sido parceiros. De R$ 710 milhões que o Acre transfere para a Saúde, mais de R$ 100 milhões é oriundo do Ministério e os outros são nossos”, apontou.

Apesar das conquistas, Tião Viana é bem realista e compreende que ainda há muito para avançar. No entanto, acredita estar no caminho certo. “O nível de satisfação dos que são atendidos aqui (Hospital das Clínicas) é bom. Já o nível de satisfação dos que querem ser atendidos é intranquilo. Portanto, nós precisamos melhorar a porta de entrada, a resolução de exames e o atendimento especializado dele”.

(Foto: Gleilson Miranda/ Secom)

Hospital das Clínicas sediou transplantes de rins e fígado
As cirurgias dos seis transplantados realizadas na sexta-feira, 23, e no sábado, 24, contou com uma equipe de seis cirurgiões gerais liderados pelo médico especialista Tércio Genzini. Além disso, equipes da Central de Notificação e Distribuição de Órgãos (CNCDO/Acre) e da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) atuaram na organização do procedimento cirúrgico, a fim de que tudo saísse conforme o planejado.

“Esses transplantes sucedem um avanço para o Estado, pois oportunizam à população uma nova chance de vida”, comentou o médico Tércio Genzini destacando a previsão de novas cirurgias previstas para o mês de março. Ainda de acordo com ele, estão sendo feitos novos diálogos com o Governo do Acre para dar andamento à ampliação do projeto para cirurgias do fígado, vias biliares e pâncreas, consideradas de alta complexidade.

De acordo com a coordenadora do transplante de rins, Dra. Jarine Nasserala, para receber os órgãos, primeiramente o paciente precisa ser preparado. Ele passa por uma bateria de exames que identificará se está apto a transplantar. Depois disso, o receptor entra na lista nacional. Quando surge um doador, a pessoa entra no ranking de compatibilidade, detalhou ela.

O secretário de Saúde do Estado, Armando Melo, frisou que o procedimento é bem complicado. “O líquido vem de fora e tivemos que buscá-lo de madrugada, porque quando sai uma captação é tudo de última hora, pois tudo depende da decisão da família. E isso envolve uma logística muito grande. Mas é compensador. O ato de amor de duas famílias salvou a vida de seis pessoas.

O Acre é o primeiro Estado da Amazônia a realizar transplante de fígado desde abril do ano passado. O paciente foi um homem de 40 anos que tinha Hepatite B e já estava na lista de transplante desde 2011.

Além disso, o HC também zerou a lista de espera para transplante de córnea, de acordo com a direção do local.

Os transplantes de rim começaram no Acre em 2006, mas foram paralisados em 2008. Eles foram retomados apenas em 2010, quando foi realizado o primeiro transplante de rim a partir de um doador falecido. A captação do doador beneficiou dois pacientes. Na época, o Estado havia sido o segundo da Região Norte a fazer o procedimento – o primeiro foi o Pará.

Vale do Juruá ganha primeira clínica de nefrologia

Serão 25 máquinas de filtragem de sangue com capacidade para tratar 92 pacientes por dia
Serão 25 máquinas de filtragem de sangue com capacidade para tratar 92 pacientes por dia

A Clínica de Doenças Renais do Vale do Juruá foi inaugurada no último sábado, 23, em Cruzeiro do Sul. O espaço levará tratamento de hemodiálise para a segunda maior cidade acreana. Trata-se de uma forma de descentralizar o atendimento de saúde.

No Acre, a hemodiálise era disponibilizada apenas em Rio Branco. Dessa forma, doentes de outros municípios precisavam deixar suas famílias para iniciar o tratamento na Capital.

Com a nova clínica de nefrologia em Cruzeiro do Sul, dezenas de pessoas poderão fazer as sessões de filtragem do sangue perto de casa.

A Clínica de Doenças Renais do Vale do Juruá é um investimento privado de mais de R$ 3 milhões, realizado pelos médicos nefrologistas Ricardo Sena e Monicely Sales e a médica clínica geral, Aline Cameli.

O Sistema Único de Saúde (SUS) contratará os serviços para a população, com repasses de recursos do Governo do Estado. “Para ter criado essa clínica aqui tivemos todo um desafio. E o maior entusiasta disso tudo foi o governador Tião Viana, principalmente por ver pacientes tendo que se mudar e viver longe de suas famílias”, conta Ricardo Sena.

No local, além de hemodiálise, serão ofertados para os pacientes o ambulatório de especialidade renal, a preparação para transplante renal – que ocorre em Rio Branco – e o serviço de hemodiálise dentro da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ao todo serão 25 máquinas de filtragem do sangue. No primeiro momento, a clínica poderá tratar 92 pacientes em dois turnos, podendo saltar para 150 pacientes em três turnos. Cada paciente necessita de três sessões de hemodiálise por semana, com duração de quatro horas cada uma. (Com informações Agência Acre)

(Foto: Sergio Vale/ Secom)

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