Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

“Firmeza, ética, articulação e coerência são minhas marcas pessoais”, afirma deputado Lourival Marques

O resultado eleitoral do pleito de 2014 revelou novas lideranças que deverão protagonizar o cenário político nos próximos quatro anos. Entre os nomes que irão compor o quadro de parlamentares da Assembleia Legislativa do Acre está o do engenheiro agrônomo Lourival Marques (PT). No total, o petista teve 6.585 votos, o que equivale a 1,62% dos votos válidos.

Com um histórico profissio-nal ligado as questões da produção agropecuária, ele foi escolhido pelo governador Tião Viana, em 2011, para gerir a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), que envolve a Emater e a Cageacre. Um ano depois já acumulava outra pasta, a Secretaria de Agropecuária (Seap).

O ex-secretário recebeu a equipe de reportagem do jornal A GAZETA para um bate papo, no qual falou de suas expectativas para seu primeiro mandato. Indagado quanto à pretensão de disputar um cargo na mesa diretora nesta legislatura, o deputado afirma que independente de ser agraciado ou não, seu objetivo é ser um ‘canal para ajudar o Acre a se desenvolver’.

Quanto à expressiva votação que teve no pleito do dia 5 de outubro, o parlamentar agradeceu o povo do Acre por ter lhe confiado este mandato. Ele ressalta que irá se ‘empenhar para corresponder à confiança que lhe foi depositada’. Confira a entrevista.

A GAZETA – Enquanto secretário da Seaprof e Seap, quais foram as principais atividades desenvolvidas durante sua gestão?
Lourival Marques – Levamos as políticas públicas do setor produtivo tanto para os agricultores familiares quanto ao grande produtor. Exemplos como o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e de Desenvolvimento da Piscicultura que tiveram investimentos importantes como a compra de máquinas agrícolas tanto para a mecanização para o plantio de culturas anuais como para a construção de açudes para a criação de peixes. Foram mais de 360 máquinas entre tratores, caminhões, implementos agrícolas que foram distribuídas entre os 22 municípios. A única contrapartida dos produtores é o óleo diesel. Na mecanização, com destoca e gradagem, chegamos a mais de 55 mil hectares de áreas alteradas mecanizadas. Ampliamos a produção de milho em seis vezes. Já na piscicultura, o Acre saiu de uma produção de 4.100 toneladas de pescado em 2010 para 20 mil toneladas em 2014. Os dados são do Ministério da Pesca e Aquicultura, que prevê um salto para 25 mil toneladas em 2015.

A GAZETA – Outro projeto importante desenvolvido pela Seaprof foi o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA). O senhor poderia falar um pouco a respeito desse projeto.
L. M. – O PPA é um programa que promove o acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e promove a inclusão social e econômica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar. Os produtos são destinados a ações de alimentação empreendidas por entidades da rede socioassistencial; Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos e para famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, esses alimentos também contribuem para a formação de cestas de alimentos distribuídas a grupos populacionais específicos.

A GAZETA – Em termos de valores, qual o investimento nesse projeto e os resultados?
L. M. – Já foram investidos mais de R$ 16 milhões e adquiridos mais de 10 toneladas de alimentos para atender 475 entidades beneficentes em 20 municípios do Estado. No total, 1.632 produtores foram beneficiados com renda anual de R$ 5,5 mil. Isso fez com que fossem desenvolvidas ainda ações como a de incentivo a Ovinocultura pela Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap), que já beneficiou 390 produtores com a entrega de 5.070 animais. Junto a isso, também o incentivo ao plantio de coco, da variedade coco – anão, na região do Juruá, que já chegou a mais de 80 mil mudas. São mais de 400 hectares de área plantada. Junto com a distribuição das mudas também vêm a mecanização e a adubação do solo.

A GAZETA – Na região do Alto Acre, os investimentos resultaram no complexo industrial que dispõe de um amplo frigorífico. Em relação à produtividade, qual a capacidade do frigorífico?
L. M. – O frigorifico tem a capacidade para abater até 40 mil frangos por dia – atualmente abate 14 mil/dia e, até este ano, deve chegar à marca de 25 mil frangos diários. O governo do Estado também tem financiado, por meio da parceria público/privado, o ambicioso projeto de suinocultura naquela região.

A GAZETA – E quanto ao Programa de Acesso ao Crédito?
L. M. – Esse programa foi fundamental para as conquistas alcançadas nesse setor. O Governo do Acre, com apoio do Governo Federal e instituições financeiras, já viabilizou quase R$ 180 milhões em linha de crédito para produtores rurais. De 2011 a junho de 2014 já são 13.441 projetos de crédito elaborados pelos técnicos do Governo do Estado, por meio da Seaprof. Isso não é nem um terço das ações que os técnicos da Seap e da Seaprof  desenvolvem. O trabalho de assistência técnica e extensão rural é muito amplo. O fomento também.

A GAZETA – Quais municípios foram contemplados com os projetos da Seaprof?
L. M. – Todos os municípios do Estado foram e continuam sendo contemplados com os programas de governo. Inclusive aproveito o espaço para agradecer pelos votos que recebi. Tive votação em todos os municípios, inclusive, surpreendendo com a expressiva votação no município de Marechal Thaumaturgo.

A GAZETA – O que o eleitor pode esperar do deputado Lourival Marques nesta legislatura?
L. M. – Fui eleito deputado estadual comprometido, principalmente, com a população rural e os problemas que elas enfrentam. Já venho atuando nesse setor há algum tempo, já que sou engenheiro agrônomo. Como secretário de Estado, tive a oportunidade de conhecer, com maior profundidade, as dificuldades enfrentadas por nossos agricultores, classe importante para o desenvolvimento do nosso Estado. Minha campanha foi pautada na defesa da agricultura e pecuária, desenvolvimento regional, juventude, esporte, cultura e lazer. Firmeza, ética, articulação e coerência são minhas marcas pessoais.

A GAZETA – Nos bastidores da política circula o comentário que o senhor será o novo líder do PT na Aleac. Essa informação procede?
Lourival Marques – Não recebi nenhum convite para ser líder do PT na Assembleia Legislativa. Somos cinco deputados e todos estão preparados.

A GAZETA – Caso não seja o líder do seu partido na Aleac, existe a possibilidade de o senhor ser agraciado com um dos cargos da mesa diretora?
L. M. – A eleição da mesa diretora ainda está sendo discutida dentro do partido e com os outros parlamentares. Não sou candidato a nenhum cargo da mesa diretora. Independente de qualquer dessas questões, irei me empenhar muito nas Comissões para ajudar o Acre a desenvolver.

A GAZETA – O seu partido saiu bastante fortalecido nas eleições de 2014. O que podemos esperar da atuação dos parlamentares do PT em 2015?
L. M. – Realmente o PT saiu fortalecido nas eleições de 2014. Aumentou a bancada de três para cinco deputados estaduais. É a maior bancada na Aleac. Na Câmara Federal deixamos de ter dois parlamentares e passamos a ter três. Reelegemos o governador Tião Via-na e sua vice, Nazaré Araújo, e a presidente Dilma. Sob esse aspecto, a avaliação não poderia ser mais positiva. Entendemos que o eleitor é o grande juiz da democracia. E estar mais perto da população para discutirmos o futuro do Acre é a melhor política. Essa é a estratégia do governador Tião Viana e que iremos continuar apoiando.

A GAZETA – Nesta última eleição houve uma renovação de 75% no parlamento estadual. Em sua opinião, qual fator levou a esse resultado?
L. M. – É bom lembrar que dos 24 deputados, nove não disputaram a vaga para estadual. A população escolheu quem mais trabalhou e ficou próximo da base. Faz parte da democracia.

A GAZETA – Durante o processo eleitoral, os deputados estaduais que concorriam à reeleição criticaram bastante a participação de alguns secretários no pleito. Como o senhor enxergou as criticas dos parlamentares?
L. M. – Fui convidado pelo governador Tião Viana para executar políticas públicas no setor rural. À frente da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, a Seaprof, e da Secretaria de Agropecuária, a Seap, executei vários programas que influenciaram na mudança de vida das pessoas. Levamos esperança para o setor rural. Conseguimos ter uma classe média rural no Estado. Minha atuação como secretário de Estado foi sempre pautada na responsabilidade e na ética. Críticas são normais. Encaro com bastante tranquilidade, porque fui eleito pelo povo e sua opinião é soberana.

Sair da versão mobile