“Sem dúvidas, uma perda irreparável de um profissional honesto, comprometido e responsável. É tanto, que tombou cumprindo com o seu dever, com sua obrigação”, destacou o secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, durante o velório do delegado Antônio Carlos Marques de Melo, na manhã desta sexta-feira, 9.
A luta do delegado pela vida terminou no final da tarde desta quinta-feira, 8, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas do Acre, em Rio Branco. O velório ocorreu na sede da Secretaria de Polícia Civil, na Avenida Antônio da Rocha Viana, até a noite. Depois, o corpo seguiu para Niterói, no Rio de Janeiro, onde será enterrado no final de semana. A pedido da família, o velório foi fechado.
“Na verdade, a família perde um ente amado, nós perdemos um amigo e a sociedade perde um herói que trabalhou e acabou doando sua vida. É uma situação irreparável para nós. Mais um delegado morto em serviço, é lamentável. Uma perda que não tem como reparar e que a sociedade comece a refletir que nosso trabalho é árduo e cansativo para combater a criminalidade que segue em nosso país”, destacou o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Acre (Adepol), Rafael Pimentel.
Antônio Carlos exercia há três anos a titularidade de delegado-geral de Xapuri e era conhecido como ‘Carioca’. A pacata cidade, distante 180 quilômetros da capital do Acre, foi palco, no dia 14 de dezembro do ano passado, da operação policial liderada pelo delegado para prender Elivan Verus da Silva, de 32 anos, que em 26 de novembro, assassinou a adolescente Janaína Nunes da Costa, de 15 anos.
Na ocasião, o criminoso resistiu à prisão, atirou algumas vezes e atingiu contra o investigador da Polícia Civil. No dia 15 de dezembro, o suspeito Elivan Verus da Silva foi preso em uma operação montada pelas polícias do Acre. No dia 16 de dezembro, Elivan seguiu para o presídio, onde se mantém preso.
A governadora em exercício, Nazareth Araújo, também manifestou condolências à família do delegado, ainda na quinta-feira. “Manifestamos o mais profundo sentimento de solidariedade à família. É uma grande perda para a sociedade acreana, em especial à comunidade de Xapuri. Fica registrado o nosso pleito de reconhecimento a este admirável profissional da segurança, dedicado e cônscio de sua responsabilidade, que atuou no exercício de sua missão até a morte, e que muito contribuiu para a promoção da segurança pública de nosso Estado”, ressaltou.
Adepol confirma quadro deficitário de delegados e alerta para estatística
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Acre (Adepol), Rafael Pimentel, confirma um dado alarmante. “Em dois anos, temos o registro de dois delegados mortos durante serviço no Acre. É preciso que o Estado e a sociedade repensem essa situação. Precisamos que a sociedade chame para si o debate. A associação certamente dará apoio”, confirmou o presidente.
Rafael Pimentel confirma que o sentimento é de revolta e impotência diante de mais um profissional que morre durante o trabalho. “Hoje, o quadro de delegados é deficitário. E isso é inegável”, concluiu.
Fotos/ODAIR LEAL
