Ontem comecei a ler o Plano de Governo do segundo mandato (2015-2018) do governador Tião Viana. Por enquanto, vou me referir apenas à introdução que me pareceu muito explícita, sobre o caminho o Acre precisa percorrer com sua política de sustentabilidade. O volume de 276 páginas contem dados atualizados e oficiais com uma linguagem compreensível, e também boa fundamentação histórica. As fotografias e os quadros estatísticos utilizados convencem que se trata de um estudo técnico confiável.
De cara, o documento desfaz comentários ouvidos principalmente nos guetos oposicionistas, segundo os quais existe graves contradições entre o atual governo e os dois que o antecederam, do mesmo Partido dos Trabalhadores: de Jorge Viana, atual vice-presidente do Senado, no período 1999 a 2006; e de Binho Marques, ocupando importante diretoria no Ministério da Educação em Brasília, de 2007 a 2010.
“Nos primeiros 12 anos – diz a introdução, – os governos do projeto de desenvolvimento sustentável do Acre romperam com a inércia e inépcias do passado, reorientando a economia para a construção de uma economia de base florestal sustentável (…) Fizeram avanços na educação como requisito de desenvolvimento, criaram as condições mínimas para o acesso aos direitos de cidadania, promoveram importantes mudanças institucionais e restabeleceram o estado de direito reconstruindo as destroçadas estruturas do aparelho de Estado”.
Quem já passou dos 30 e viveu por aqui dos anos 1970 para cá conhece bem essa história, e não a desmente. Eu, aliás, acompanhei como jornalista as lutas de resistência travadas na época pelos povos da floresta, principalmente nas décadas 1970/1980. Sei muito bem quem prefere escrever acreano com “i” no lugar do “e”, e torce para que o Acre se pareça cada vez mais com lugares tidos como modelos de desenvolvimento, mas que não passam de cópias capitalistas mal enjambradas, que passam ao largo do que entendemos por sustentabilidade.
A propósito, o plano de Tião Viana afirma que “o grande objetivo do governo é fazer crescer a economia, contribuir para a resolução da questão social, assegurar a infraestrutura e a proteção dos recursos naturais almejando a sustentabilidade do desenvolvimento”.
A expressão “desenvolvimento sustentável” ainda não foi bem digerida pelas pessoas comuns, melhor dizendo, pelos povos da floresta, o que é uma pena, pois não se faz sustentabilidade sem eles. O conceito não se viabiliza por decreto, ou por projetos mal conduzidos por tecnoburocratas. Ele pode emergir com força do cidadão comum, através de atitudes simples do cotidiano. É mais espírito que matéria. Por isso, vivo a dizer que os acreanos estão aptos a compreender e construir sua “sustentabilidade”.
Entre as diretrizes apontadas e defendidas no Plano, são citadas 13 no documento (imagino que esse número é o mesmo do PT apenas por coincidência). Reproduzo aqui algumas: Fortalecer as instituições e as liberdades democráticas; Fazer um governo para todos os acreanos com atenção especial aos que mais precisam; Reunir todas as forças sociais num esforço único de consolidação do projeto de desenvolvimento sustentável diversificado: Defender os direitos humanos fundamentais e proteger os setores sociais que sofrem discriminação; Valorizar a cultura própria e fortalecer a identidade do povo acreano…
Se a oposição tem um Plano melhor, que apresente, difunda e prove que é realizável, de preferência, antes das campanhas eleitorais. Bla-bla-bla pra enganar eleitor, não vale!
* Elson Martins