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Cheia do Rio Acre causa transtornos em vários municípios

Alguns bairros da Capital já começaram a ser tomados pelas águas do rio. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
Alguns bairros da Capital já começaram a ser tomados pelas águas do rio. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

Devido às fortes chuvas que têm caído na região, o nível das águas do Rio Acre em todo o Estado continua subindo. De acordo com o monitoramento realizado às 18 horas, pelo Corpo de Bombeiros, o manancial atingiu na Capital a marca de 15,07 metros, nesta segunda-feira, 23. Quase um metro acima da cota de transbordamento é de 14 metros.

Os bairros mais atingidos são bairros Airton Sena, Seis de Agosto, Taquari, Triângulo Novo, Baixada da Habitasa, Baixada da Cadeia Velha e a área rural do Panorama. Montado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, o abrigo público com 160 boxes, atualmente, acomoda 52 famílias atingidas pela cheia, somando um total de mais de 200 pessoas.

A Defesa Civil de Rio Branco pede às famílias que tiverem suas casas atingidas pelas águas do Rio Acre que liguem para o serviço de emergência, no número 193. Cerca de 20 equipes, composta pelo Corpo de Bombeiros e servidores da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Sensur), estão prestando apoio às vítimas da enchente na capital acreana.

Homens do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (Deracre) retiram balseiros (troncos e galhos de árvores), desde a última sexta-feira, 20, das pontes e passarela que cortam a área urbana de Rio Branco, como também da ponte do Riozinho do Rola, o principal afluente do Rio Acre.

Segundo o diretor de Hidrovias do Deracre, Cleber Perez, centenas de metros cúbicos de balseiros foram retirados das colunas das pontes. “Esse trabalho não pode parar. A cada dia que ficamos sem remover o entulho, o volume triplica, colocando em risco a estrutura do local”, alertou.

Previsão do tempo para o Estado
O pesquisador meteorológico Davi Friale, através do site O Tempo Aqui, alerta que chuvas intensas vão continuar até hoje, 24, na maior parte do Acre. Na capital acreana, o nível do Rio Acre, sobe, em média, quatro centímetros por hora, e no final da tarde desta segunda-feira, 23, já marcava 15,20 metros. “Nesta segunda, o rio apresentava uma vazão de 1.700 metros cúbicos por segundo. Até o final desta terça-feira, deverá ultrapassar a cota de 16 metros. As chuvas diminuirão bastante, a partir de quarta-feira, 25, em todo o Acre”, afirma Friale.

O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordamento na tarde de domingo, 22, em Rio Branco. Segundo o comandante da Defesa Civil Municipal, coronel George Santos, a previsão é de mais chuva para a capital acreana.

Nesta segunda-feira, 23, a intensa chuva que caiu perto do meio dia, deixou o trânsito caótico no Centro de Rio Branco e que para piorar a situação, devido a falta de energia, muitos semáforos não funcionavam, complicando ainda mais a situação.

Prefeitura decreta estado de calamidade pública em Brasiléia

Brasiléia já vive a pior enchente da sua história, com marcas que superaram 2012. (Foto: Secom Acre)
Brasiléia já vive a pior enchente da sua história, com marcas que superaram 2012. (Foto: Secom Acre)

BRUNA LOPES

A prefeitura de Brasiléia decretou estado de calamidade pública na manhã desta segunda-feira, 23. Segundo medição da Defesa Civil, o nível do Rio Acre no município atingiu a cota de 14,96 metros, às 18h desta segunda-feira, 23, ultrapassando a marca da enchente histórica de 2012, com medição de 14,72m. Parte da telefonia móvel no município está comprometida.

A informação é de que 631 famílias já foram desalojadas e desabrigas, o que equivale a cerca de 1.994 pessoas. Ao todo, 13 bairros foram atingidos diretamente pela enchente. A operação conta com o apoio de mais de 100 homens do Corpo de Bombeiros, 130 soldados do Exército, 92 policiais militares, 250 funcionários da prefeitura, voluntários e servidores públicos do Governo do Estado.

Em Epitaciolância, cidade vizinha, 67 famílias estão desabrigadas e 804 pessoas foram atingidas. A prefeitura também decretou estado de emergência na localidade. Quatro bairros foram afetados.

O estado de calamidade pública pode ser declarado quando há chuvas e alagamentos fora de controle, associados a desastres como deslizamentos de terra. Com o decreto reconhecido pelo Governo Federal, a prefeitura poderá fazer compras sem licitação e receber verbas federais.

Situação em Tarauacá
Com a chuva que atingiu Tarauacá, no início da tarde desta segunda-feira, 23, o nível das águas alcançou a marca dos 10,50 metros. Ou seja, ultrapassou a cota de transbordamento, que é de 9,50 metros. A prefeitura abrigou quatro famílias, retiradas do Bairro da Praia, em uma creche da cidade.

Quatro famílias se encontram no abrigo público. Outras 50 famílias estão desalojadas e foram encaminhadas para a casa de parentes. No entanto, a quantidade de pessoas atingidas de forma também indireta pela enchente do Rio Tarauacá é maior.

Situação em Xapuri
O monitoramento e auxílio aos afetados também estão sendo realizados em Xapuri, onde o Rio Acre marcou 15,64 metros na última medição realizada pela Defesa Civil. A cota de transbordamento no local, que é de 13,40 metros, chegou a ser alcançada na tarde de domingo, 21.

Na última grande enchente, Xapuri registrou a marca de 15,65 metros. Desabrigou cerca de 500 pessoas. Aproximadamente 200 famílias já foram removidas e estão em casas de parentes ou alojadas em escolas da rede municipal e no Ginásio Poliesportivo Álvaro da Silva Mota.

Situação em Assis Brasil
Assis Brasil registrou uma grande vazante entre 6 horas da manhã de domingo e 6 horas desta segunda-feira. O nível do Rio Acre saiu de 11,38 metros para 6 metros. Ontem, a prefeitura de lá decretou estado de emergência, devido a grande parte da cidade estar debaixo d’água.

Parlamentares estaduais visitam municípios do Alto Acre atingidos pela cheia e entregam donativos

Amorim informou que a sessão de hoje foi cancelada para que os deputados fossem até as cidades afetadas. (Foto: Agência Aleac)
Amorim informou que a sessão de hoje foi cancelada para que os deputados fossem até as cidades afetadas. (Foto: Agência Aleac)

MARCELA JANSEN

Com o período chuvoso se intensificando, cresce o número de famílias desabrigadas em decorrência do transbordamento dos rios em todo o Estado do Acre. Os municípios de Brasiléia e Epitaciolândia são os mais recentes atingidos com a cheia.

Com objetivo de levar ajuda às famílias desalojadas, o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, deputado Ney Amorim (PT), cancelou a sessão ordinária desta terça-feira, 24. Na oportunidade, os parlamentares estaduais estão se direcionando aos municípios do Alto Acre para entregar seis toneladas de alimentos e um carregamento de água mineral para serem distribuídos entre as cidades de Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia e Assis Brasil.

De acordo com o presidente do parlamento estadual, os alimentos são oriundos da campanha de doação, iniciado pela Aleac no começo de fevereiro para ajudar os atingidos com a cheia dos rios acreanos.

“A campanha iniciou para ajudar os desabrigados do Juruá, porém, estendemos para todos os municípios. Como representantes do povo, precisamos estar presentes nesses momentos para ajudar nossa população”, afirmou.

Os alimentos foram arrecadados pelos deputados, servidores do legislativo e populares. “Este é o momento de nos unirmos em prol daqueles que mais necessitam, é o momento de prestarmos a nossa solidariedade a quem está sofrendo com esta alagação, e a Aleac não poderia deixar de levar sua contribuição e seu apoio aos desabrigados da região do Alto Acre. O acreano é um povo guerreiro e solidário”, disse o presidente da Aleac, Ney Amorim.

O petista finalizou ressaltando a importância dos representantes políticos se esquecerem de cores partidárias nesse momento. “Devemos nos esquecer das cores partidárias, as divergências de oposição e situação e focar na total solidariedade às famílias. O povo acreano é solidário, o parlamento tem ser mais ainda”, declarou Amorim.

Um posto de arrecadação de donativos para os desabrigados será montado na frente do prédio do Poder Legislativo do Acre a partir desta terça-feira.

Seaprof levanta prejuízos de agricultores familiares com alagação
A Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) começou nesta segunda-feira, 23, a monitorar a situação dos produtores rurais que estão tendo suas plantações atingidas pelas enchentes que ocorrem em vários municípios do estado.

Os escritórios do órgão em Assis Brasil, Brasileia, Xapuri e Tarauacá já trabalham no levantamento. A intenção é levantar a quantidade de agricultores atingidos, e avaliar o prejuízo de cada agricultor.

Glenílson Figueiredo, gestor da Seaprof, afirma que o órgão está tomando todas as providências para tentar amenizar a situação dos produtores rurais prejudicados. “Por determinação do governador Tião Viana, estamos levantando todas as informações para darmos o apoio necessário aos produtores rurais”.

Além dos produtores ribeirinhos do interior do estado, os técnicos da Seaprof também monitoram a situação dos agricultores da região da bacia do Riozinho do Rola, Belo Jardim, Panorama e Catuaba, onde, pela localização, comumente a produção agrícola é afetada.

“Estamos torcendo para que as águas baixem o mais rápido possível. Os produtores rurais que tiverem prejuízos terão todo o apoio do governo do Estado para amenizar a perda de sua produção e o sofrimento com a enchente”, destaca Glenílson Figueiredo. (Leônidas Badaró / Agência Acre)

Governo acelera liberação de novas casas para população desabrigada
O governador Tião Viana comandou na manhã desta segunda-feira, 23, na Casa Rosada, reunião para dar celeridade à liberação de unidades habitacionais prontas para famílias carentes atingidas pela cheia do Rio Acre ou que morem em área de risco em Rio Branco. Participaram do encontro o prefeito Marcus Alexandre e representantes da secretarias de Obras e de Habitação, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Segundo o governador, a burocracia tem impedido quase mil famílias de serem beneficiadas com uma nova casa. Só na Cidade do Povo, 600 moradias já estão prontas, no Rui Lino são 232 e no residencial Capiuva, mais 112. “São mais de duas mil pessoas que nós podemos ajudar imediatamente. Imagina nós podermos levar essas famílias atingidas direto para uma casa nova, em vez do abrigo no Parque de Exposições”, ressaltou Tião Viana.

Já nesta segunda-feira, 23, a prefeitura liberou o documento de Habite-se. Já o governo do Estado se prepara para emitir ainda hoje também a Licença de Operação. Para os bancos financiadores, faltam ainda as vistorias nas unidades e a documentação de liberação vinda do Ministério das Cidades e do Ministério da Integração.

O prefeito Marcus Alexandre lembrou que foram as iniciativas habitacionais do Estado que mudaram a realidade na alagação. Em 2005, quando o Rio Acre chegou em 14,42 metros, a prefeitura já havia removido 51 famílias para o abrigo. Hoje, com 14,54 metros, só existem seis famílias desabrigadas. “Os esforços na área de habitação do governador ajudaram muito o povo em Rio Branco. Nós já tivemos condições muito difíceis, mas com incentivos como a Cidade do Povo essa realidade mudou”, disse o prefeito. (Samuel Bryan / Agência Acre)

Em caminhada pelos bairros alagados, Marcus Alexandre explica serviços da Defesa Civil aos moradores

Prefeito andou entre os alagados
Prefeito andou entre os alagados. (Foto: Ascom PMRB)

O prefeito Marcus Alexandre visitou nesta segunda-feira, 23, os bairros mais afetados pela cheia do Rio Acre para avaliar pessoalmente a estratégia de enfrentamento ao problema e o atendimento às famílias que precisam do poder público. O prefeito esteve no bairro Taquari, um dos primeiros a sofrer com as enchentes, e caminhou pelas ruas cobertas de água para conversar com os moradores que ainda permanecem nas casas mesmo diante da alagação iminente. “O telefone para chamar ajuda do Corpo de Bombeiros é 193”, avisava o prefeito aos moradores.

O nível do Rio Acre seguirá subindo nas próximas horas a uma razão de 14 centímetros a cada três horas, o que poderá suscitar a decretação do estado de emergência pela Prefeitura de Rio Branco. No Taquari, o prefeito atravessou a parte alagada da Rua Lourival Ribeiro e conversou com várias pessoas, alertando sobre a necessidade de se preparar para uma invasão das residências pelas águas. “O prefeito sempre aparece e não tem medo de andar no meio da água”, disse Aline Souza Andrade, moradora da Rua Lourival Ribeiro.

O prefeito esteve também no Ramal São José para avaliar o acesso, agora asfaltado, da Via Verde ao bairro do Taquari. Os bairros mais afetados são Seis de Agosto, Taquari, Triângulo Novo, Airton Sena, Baixada da Habitasa e Baixada da Cadeia Velha, além de comunidades ribeirinhas como o Ramal do Panorama.  (Assessoria PMRB)

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