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Mesmo com chuvas, setor da construção civil se mantém aquecido

Durante o inverno amazônico, empresários da construção civil recorrem a medidas para evitar queda nas vendas
Durante o inverno amazônico, empresários da construção civil recorrem a medidas para evitar queda nas vendas

Com o período de chuvas em pleno vapor em todo o Acre, quem pensava que o setor da construção civil iria apresentar uma grande queda, engana-se. O sindicato da Construção Civil no Acre (Siduscon) afirma que o Estado está acostumado com a sazonalidade do clima e suas consequências.

De acordo com o presidente do Siduscon/Acre, Carlos Afonso Cipriano, os trabalhadores da área já entendem que nessa época o volume de obras é diferente e, portanto, se programam. Por isso, não existe mais um número expressivo de desemprego.

“A construção civil não para. Em toda a cidade é possível identificar obras sendo executadas mesmo debaixo de chuva. As grandes obras do governo foram reduzidas, mas não pararam. Os trabalhadores sabem do cronograma das obras e elas chegam ao fim com ou sem chuva”, explica o presidente.

As obras externas se tornam mais complicadas, mas não impossíveis. Além disso, nessa época é comum o aumento na realização de pequenas reformas dentro das residências, afirma o trabalhador da construção civil, João de Oliveira.

“O prejuízo é maior para as obras que estão na fase inicial, quando é necessário escavar as fundações. Não seria possível fazer, porque terra e chuva são incompatíveis. Já para outras reformas, alguns itens ficam bem em conta nessa época do ano. Com isso, acaba valendo a pena investir, mesmo no inverno”, destaca.

Um grande problema neste período chuvoso é a umidade. Por causa dela, o reboco não seca, os tijolos ficam mais frágeis e, por isso, quebram-se com maior facilidade. A dica nesse período é aproveitar o tempo nublado e começar a trabalhar cedo. “Se trabalhar direito, dá para seguir com a obra”, explica o trabalhador da construção civil.

Prova da incompatibilidade de terra e chuva, foi o anúncio feito pelo Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa), de suspender obras de grande porte do programa Ruas do Povo, logo no início do inverno amazônico, em dezembro do ano passado.

A redução no ritmo de obras também ocorreu na Cidade do Povo. A infraestrutura macro, as vias de grande porte que dão acesso ao empreendimento, teve a execução parada por não ser possível trabalhar com o solo.

O secretário de Obras Públicas, Leonardo Néder, explica que a paralisação dos trabalhos nas vias representa uma pequena porcentagem, já que as edificações das casas continuam no local.

A construção das casas continua no mesmo ritmo do período do verão, confirma o secretário. Todas as obras de edificações, como reformas de escolas, construção de unidades de saúde e outras, continuam normalmente, esclarece Néder.

Em outros pontos da cidade, os trabalhos para a construção do Hospital Geral de Brasileia, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), além da reforma e ampliação do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), seguem normalmente, sendo os dois últimos com ritmo reduzido.

Já as obras na encosta das margens do Rio Acre em Brasileia foram paralisadas devido às chuvas, mas a parte estrutural já está concluída, faltando agora a finalização do serviço.

Lojas especializadas confirmam queda nas vendas de material de construção
COnstrução Civil - OL (22)O mês de janeiro é sempre marcado por grandes volumes de chuva, conhecido como inverno amazônico. Um dos setores que mais sofre nesta época é o da construção civil, que resulta na redução de vendas de material de construção e atraso no andamento de obras.

O gerente de uma loja no Segundo Distrito, Evaldo Ferreira da Silva, 39, aponta que o mês de janeiro de 2015 tem sido peculiar em relação ao ano anterior. “Há um baque na venda material de construção. Esse inverno está mais forte. No mesmo período, em 2014, as vendas foram melhores. A expectativa é que, esse ano, os prejuízos sejam realmente grandes”, alegou.

Apesar disso, outros produtos movimentam o setor. O ‘basicão’, composto por areia, brita e tijolo, por exemplo, não para de sair. No entanto, em menor proporção comparada aos meses ensolarados. “Devido à chuva, compra-se pouco porque se usa devagar. As obras dão uma amenizada, mas não param”, relata o gerente.

Em compensação, o setor de produtos que menos vende neste período é o de tintas. “Quem pinta sua casa, necessita do sol para secar. Não se pode passar uma massa acrílica se estiver chovendo demais, porque não seca. O sol, hoje, é o cargo chefe da construção civil. Sem ele, a construção não deslancha. Empaca”, explica.

Para atrair o cliente nesta época, a loja utiliza recursos como promoções e facilidade de pagamento. “Você tem que usar o que tem. Promoções, ofertas, atendimento, produto, quantidade, qualidade. Você tem que encontrar uma maneira de compensar o prejuízo do começo de ano”, conclui Evaldo.

Rio Madeira ameaça chegada dos materiais de construção ao Estado

Empresários alegam que, mesmo numa enchente, não haverá desabastecimento
Empresários alegam que, mesmo numa enchente, não haverá desabastecimento

O começo do ano passado foi marcado pela cheia do Rio Madeira, que, na ocasião, inundou parte da BR-364. Durante três meses, o Estado do Acre foi isolado por terra. De acordo com o gerente de uma loja de material de construção, Evaldo Ferreira da Silva, se no ano passado foram pegos de surpresa, este ano estão programados, caso haja uma nova interdição da rodovia.

Atualizados quase que diariamente sobre o nível do rio pelos caminhoneiros da frota da empresa, eles afirmam que o rio não para de encher.

“Apesar do isolamento do ano passado, vendemos muito bem. Principalmente itens como piso, revestimento e cimento. A propósito, antes de faltar cimento na cidade, por exemplo, nós tínhamos uma parceria com o Peru. Já tínhamos comprado uma quantidade bem ampla de cimento peruano. Quando deflagrou a cheia do Rio Madeira, a compra estava a caminho. Por mais que já estivesse acabando ou acabado o cimento nacional, a gente tinha o cimento peruano para atender a demanda. Isso fez toda a diferença para o resultado positivo nas vendas durante a crise”, explicou o gerente.

A rede de loja continua oferecendo aos clientes a opção do cimento vindo do Peru. “Mesmo que a BR-364 seja novamente invadida pelas águas do Rio Madeira, a loja não ficará desabastecida de cimento, que é um dos principais produtos para as obras”, concluiu Evaldo Ferreira da Silva.

BOLETIM RIO MADEIRA
Apesar das condições climáticas desfavoráveis e do volume de chuva estar acima da média nos rios que influenciam o Rio Madeira, a previsão do Centro Regional de Porto Velho do Sistema de Proteção da Amazônia (CR-PV/Sipam) é de que o nível do manancial se eleve em ritmo lento e se estabilize nos próximos 10 dias.

Uma nova cheia não é descartada. Guajará Mirim, Nova Mamoré, Abunã e Porto Velho ainda permanecem nos limites das zonas de atenção.

O volume de chuvas na bacia do Rio Madeira no centro-norte (região do Rio Beni) e nordeste (região do Rio Mamoré), ocorridas nos últimos dias, está acima da média, indicando que o nível das águas poderá sofrer novo repique.

“Até esse momento, o cenário não indica o alcance da magnitude dos índices de 2014, mas temos de continuar o monitoramento, para que seja possível fazer novas afirmações”, esclareceu a Coordenadoria Operacional do CR-PV.

(FOTOS: ODAIR LEAL/AGAZETA)

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