O clima continua tenso nos presídios acreanos desde que agentes penitenciários decidiram radicalizar e deliberaram um indicativo de greve da categoria, e protesto pela morte de dois colegas de farda. Na quarta-feira, 4, eles suspenderam as visitas aos presos, o que gerou grandes conflitos, dentro e fora das unidades.
No final da manhã de quinta-feira, 5, apenados do presídio Evaristo de Moraes, na cidade de Sena Madureira, deram início a uma nova rebelião na unidade prisional. De acordo com informações, pelo menos cinco detentos ficaram feridos durante a confusão, um deles com fratura na perna. Todos foram encaminhados ao hospital geral da cidade.
Segundo o que foi informado, no final da manhã de ontem, presos do Evaristo de Moraes deram início a uma rebelião em retaliação ao protesto dos agentes penitenciários, que suspenderam todos os serviços realizados pela categoria, em reivindicação de melhores condições de trabalho e também pela morte de dois colegas de farda, em menos de 24 horas.
Os detentos começaram a rebelião “batendo grades” e depois passaram a queimar colchões, destruir as celas e ameaçar os carcereiros. Duas equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram enviadas ao município para conter a fúria dos presos.
Para isso, os policiais tiveram que fazer uso de bombas de efeito moral. Pelo menos 10 foram usadas durante a rebelião.
Após controlar a situação, a polícia conduziu os feridos ao hospital geral do município, onde receberam atendimento médico. Como medida de segurança, os militares isolaram o local, o trânsito normal de pacientes só foi restabelecido cerca de uma hora depois, com o final do atendimento médico aos presos.
A polícia apreendeu ainda centenas de armas de fabricação artesanal (estoques) nas celas dos envolvidos na rebelião. Informações dão conta de que pelo menos 10 presos foram transferidos para o complexo prisional de Rio Branco.
Invasões e represálias a agentes
Além do incêndio do ônibus, outras duas ações criminosas foram realizadas na noite de quarta-feira, 4, um agente penitenciário, que reside na região do Segundo Distrito de Rio Branco, teve sua casa invadida por marginais, no momento em que o imóvel estava vazio. Os bandidos não levaram nada da casa do agente, apenas reviraram todos os cômodos da residência.
Outro arrombamento ocorreu na sede da Associação dos Agentes Penitenciários do Acre, localizada na Rua Minas Gerais. Nada foi subtraído. Os invasores apenas bagunçaram todas as salas da sede da associação.
Agentes mantêm decisão de greve
Como haviam anunciado na terça-feira, 3, a greve dos agentes penitenciários do Acre que estava marcada para esta sexta-feira, 6, foi suspensa após uma reunião com equipes de setores estratégicos do governo. A informação foi repassada pela assessoria de comunicação do Estado.
A reportagem de A GAZETA tentou contato com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindap), Adriano Marques, mas as ligações foram todas desviadas para a caixa postal.
Por telefone, o representante da Associação dos Agentes Penitenciários, José Janes, informou à reportagem que a decisão foi única e exclusiva do Sindap, mas que a categoria estava mobilizada e unida para o movimento grevista.