Rio Branco sofre a pior cheia da sua história. São 6 mil pessoas alojadas em abrigos montados pelo governo e várias famílias esperando uma vaga. Segundo moradores, encurralados pela água, animais morrem e ladrões invadem as casas alagadas e abandonadas para roubar os poucos pertences que não foram destruídos.
“Aumentou a onda de assaltos. Tive relatos de cinco invasões de casas na periferia. Animais morrendo, gritando por socorro nas áreas alagadas. Isso é chocante. Fora a desolação no semblante das pessoas”, descreveu Irineida Nobre, moradora de Rio Branco em entrevista à Rádio Nacional. Ela pede que outros estados ajudem com doações para minimizar a perda dos milhares de moradores de Rio Branco e regiões próximas, como Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia.
Com sua casa atingida, ela teve que se mudar para o apartamento de uma amiga. Ao seu redor, Irineida vê o desespero tomando conta da cidade. Também com a casa tomada pela água, uma amiga cogita se arriscar para salvar algum pertence. “A gente está tentando fazer com que ela não volte lá. No auge do desespero ela quer entrar, ver o que consegue salvar.”
Três pontes que ligam as duas partes da capital do estado estão interditadas. Duas delas por questões de segurança e a terceira por moradores que, com suas casas inundadas, exigem vagas em abrigos. Apenas uma ponte, em uma área mais afastada, está livre para circulação. Com isso, longos congestionamentos acontecem no local.
“O abrigo onde a babá da minha filha está não teve condição de oferecer café da manhã para todo mundo hoje de manhã. Fico me perguntando se isso vai ser agravado. A cada hora chegam mais pessoas para esse e para outros abrigos”, disse Irineida.