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Comércio sente os efeitos da cheia histórica do Rio Acre

A cheia histórica do Rio Acre atingiu quase 40% da população de Rio Branco; apesar disso, toda as relações comerciais foram afetadas pela crise durante a enchente. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

Após completar um mês de cheia do manancial que corta Rio Branco e outros três municípios do Acre, o comércio já contabiliza os prejuízos que vai muito além dos comerciantes que tiveram seus estabelecimentos invadidos pelas águas. Apesar de a cheia ter atingido quase 40% da Capital, todas as relações comerciais foram afetadas pela crise.

O empresário Marcello Moura, proprietário do grupo Recol e da linha de supermercado Pague Pouco, afirma que, depois de um começo de mês difícil, aos poucos as vendas de Rio Branco estão se recuperando, embora alguns empresários ainda amarguem prejuízos e a queda nas vendas.

“No momento, a situação segue se normalizando. É claro que não podemos atestar que as vendas já voltaram 100% ao normal. Porém, não resta dúvida que já estão melhorando”, frisou.

Para o empresário, os pequenos comerciantes são os mais prejudicados com a crise que instalou no Estado devido à alagação. Segundo ele, quem mais sofre com essa situação são os pequenos empresários.

“Houve um momento em que a população estava mais preocupada em saber o que iria acontecer com suas casas, seus pertences. Nesse tipo de situação, o normal é contenção de gasto e, infelizmente, quem é mais atingido com essas situações são os pequenos empresários”, disse.

Marcello Moura frisa que mesmo com a alagação, situação que atingiu mais de 80 mil pessoas, no que diz respeito ao comércio, algumas áreas não chegaram a ser afetadas, como a alimentação.

“Na área de alimentação, as vendas subiram um pouco. Mesmo passando por uma situação delicada, como foi a cheia do Rio Acre, ainda assim, a população não pode deixar de se alimentar, então, este é um setor que provavelmente nunca será tão afetado com essas situações”, informou.

Porém, o empresário ressalta que o Acre registrou, no início de março, uma queda na venda de automóveis.

“Em comparação com o mês de fevereiro, no início de março registramos uma pequena queda na venda de carros na Capital. Hoje, as vendas já estão normalizadas”, disse.

Expectativas
A expectativa, de acordo com o empresário, é que abril seja um mês mais lucrativo, haja vista que se está diante de uma demanda reprimida. Porém, ele demonstra preocupação de que essa crise possa se estender ao longo do ano.

“O desejo é que abril seja mais lucrativo. Mas isso não significa que o prejuízo desse último mês possa ser restituído nos próximos dois ou três meses. É uma situação delicada por que estamos diante de uma situação que pode se prolongar o ano todo. Um mês em crise, em muitos casos, pode refletir nos meses seguintes”.

Ele ressalta a importância de políticas públicas, a fim de auxiliar os empresários atingidos com a enchente.

Empresários acham que os próximos meses serão difíceis e falam em conter gastos

Proprietário da Casa Natal, Alberto Felício Abrahão. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)


BRUNA LOPES

Com a vazante do Rio Acre, os municípios atingidos com a maior cheia já registrada no Estado já começam a contabilizar os prejuízos. No rastro deixado pelo recuo do rio, é comum ver muita lama, casas, ruas, móveis e eletrodomésticos destruídos. A cheia em Rio Branco não afetou apenas os moradores de casas em áreas alagadas. O comércio da Capital também foi atingido, não só aqueles que tiveram as águas invadindo seus estabelecimentos.

O proprietário da Casa Natal, Alberto Felício Abrahão, lembra que o período crítico foi quando as vias que dão acesso ao Centro da cidade ficaram interditadas. “Nesse período, o movimento ficou muito fraco. Depois que liberaram o Centro, o movimento ficou um pouco melhor. Essa é uma situação complicada. O Acre todo está sofrendo! É lamentável”, afirmou o empresário.

Alberto destaca que apesar do momento de crise, essa também pode ser uma boa oportunidade para o comércio. “Muitas pessoas precisarão recomeçar e do zero. E é nisso que o comércio em geral, deve se empenhar. Estamos oferecendo várias facilidades no pagamento, pois as pessoas precisam dessa ajuda para retomar a vida depois da cheia. Prova disso é um pequeno aumento nas vendas de lençol de cama, capa de colchão, travesseiro e outros”, explicou.

Sobre as estratégias para lidar com a crise, Alberto afirma que já definiu um maior controle com os gastos, já que a tendência é que os próximos meses sejam difíceis.

A gerente de uma loja de confecção, Maria de Fátima Moraes, localizada no Calçadão da Benjamin Constant, teve o prejuízo de pelo menos R$ 5 mil. “Antes da água chegar a minha loja, as ruas do Centro foram interditadas. Fiquei 11 dias sem vender uma única peça. Meu prejuízo só não foi maior porque tirei todo estoque de dentro da loja”.

Sobre o futuro, a gerente, afirma que após a limpeza do local, voltou a trabalhar normalmente. “Tenho que trabalhar muito para compensar o prejuízo do início do mês”, confirmou.

Situação em Brasileia e Xapuri
Após a cheia histórica do Rio Acre, que devastou a cidade de Brasileia, deixando o município 100% atingido pelas águas e ficou 80% submerso durante a enchente. O Centro comercial de Brasileia foi 100% afetado e o prejuízo estimado é de mais de R$ 7 milhões. Dos 16 bairros da cidade, 12 foram completamente atingidos pelo maior desastre natural da histórica do Rio Acre no município, que registrou 15,46 metros, no dia 24 de fevereiro. A prefeitura estima que o prejuízo supere R$ 35 milhões.

Ao menos 300 famílias ficaram desabrigadas durante a cheia. Mais de 10 mil pessoas foram atingidas diretamente, entre desabrigadas e desalojadas. A cidade contou com 25 abrigos públicos para receber essas famílias.

Já em Xapuri, ruas, casas, praças, terminal rodoviário, hospital, comércios e órgãos públicos instalados na região central do município, além da casa e do Centro de Memória Chico Mendes foram tomados pelas águas. Na cidade de pouco mais de 16 mil habitantes, o rio chegou a marcar 18,29 metros. Atualmente, cerca de 160 pessoas ainda estão em abrigos públicos disponibilizados pela prefeitura. O déficit de moradia é um dos principais problemas para a administração pública. O município estima prejuízo de R$ 20 milhões após a tragédia natural.

Presidente da Acisa nega crise comercial: ‘outros setores tiveram acréscimo nas vendas’

Jurilande Aragão nega crise no comércio. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)


BRUNA LOPES

O presidente da Associação Comercial do Acre (Acisa), Jurilande Aragão, afirmou que a cheia histórica do Rio Acre não causou uma crise no comércio acreano. E que o momento agora é de ajudar na reconstrução dos municípios de Brasileia e Xapuri, além de Rio Branco.

As lojas de móveis e supermercados nesse período já registraram um acréscimo nas vendas neste mês. “As pessoas estão precisando repor as coisas que perderam. E nos supermercados, as vendas de cestas básicas aumentou durante a enchente”, confirma. O setor de construção civil também já registrou um aumento nas vendas. “Esse é o momento de recomeço para as famílias atingidas. E o comércio tem sentido isso”.

Jurilande esteve no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para sugerir alternativas para que a iniciativa privada acreana retome ambiente adequado ao crescimento após a cheia histórica do Rio Acre que afetou diretamente quatro municípios.

O presidente da Acisa também discutiu a possibilidade de o BNDES anular (ou elevar) o teto do faturamento anual das empresas como critérios para que possam ser beneficiadas com a linha de crédito subsidiada. Atualmente, o faturamento anual de R$ 90 milhões é o limite.

O momento que o Acre enfrenta é de extrema calamidade e que obviamente isto prejudicou o empresariado local que ainda amarga dívidas de 2012, quando também houve uma catástrofe natural no Estado, confirmou Jurilande.

“Nós solicitamos o retorno daquela linha de crédito emergencial para caso de desastre natural e pedimos que os juros possam ser de 5%. Estamos vivendo um momento atípico e os empresários precisam se reerguer e não conseguirão se não tiverem ajuda”, disse Jurilande.

Empresa que fatura além desse montante já teria acesso a linhas de crédito com percentual de juros menos generoso. “Senti que o ambiente no BNDES é de reconhecimento da gravidade do momento do Acre”, afirmou o presidente da Acisa. “Agora, é aguardar o resultado do que foi discutido e defendido aqui”, disse momentos após a reunião ocorrida na sede do banco no Rio de Janeiro.

Fecomercio e Suframa debatem benefícios a empresários atingidos pela cheia

Após enchente do Rio Acre, empresários precisarão de apoio. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

O superintendente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomercio),  Egídio Garó,  reuniu-se, nesta semana, com o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), João de Deus, para debater sobre as possibilidades de benefícios aos empresários atingidos pela cheia. Algumas diretrizes foram traçadas como direção durante a conversa.

Dentre as sugestões, ficou exposta a postergação do recadastramento das empresas que tenham suas inscrições Suframa vencidas durante o estado de emergência. Segundo João de Deus, a publicação do último dia 2 de março do Diário Oficial da União (DOU) – a Portaria nº 40 – determina, em caráter provisório, que todas as atividades e serviços referentes às operações de cadastro e de ingresso, além das de internamento de mercadoria nacional das empresas estabelecidas nas áreas incentivadas sejam realizadas pela Unidade Administrativa da Suframa mais próxima da(s) cidade(s) atingida (s) e localizada dentro da própria unidade da federação.

A intenção da portaria é permitir a continuidade dos serviços das empresas sem prejuízos das operações de controle e acompanhamento pela autarquia, enquanto permanecer o estado de calamidade pública do(s) município(s) atingidos.

Serviços de cadastros novos e reativações serão suspensos, em caráter temporário, até a normalidade da situação emergencial existente, entretanto, as empresas cadastradas na autarquia podem operar normalmente.

Durante o período da contingência, caberá às empresas destinatárias cumprirem com todos os dispositivos legais em vigor quanto à destinação de uso. (Ascom Fecomercio/AC)

Comércio tem expectativa de aumento nas vendas dos ovos de Páscoa

Prateleiras dos supermercados de Rio Branco já foram todas preenchidas pelos coloridos dos ovos de Páscoa. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

BRUNA MELLO

O brilho e o colorido dos ovos de Páscoa tomaram os corredores e prateleiras dos supermercados, há cerca de um mês. Hoje, menos de 20 dias para a Páscoa, a procura pelos ovos de Páscoa ainda é tímida.

Neste ano, a data é comemorada no próximo dia 5 de abril. Porém, a oferta de chocolates que ‘enchem os olhos e a boca’ tem sido intensificada nas últimas semanas.

De acordo com Igor Albuquerque, gerente geral de um supermercado local, a expectativa de vendas é que supere em 100% as do ano passado. Pois, em 2014, com a cheia do Rio Madeira, muitos supermercados ficaram praticamente desabastecidos nesta época do ano.

“A saída desses produtos ainda é razoável. Estamos na expectativa de o consumidor chegar mais próximo a Semana Santa”, disse o gerente.

Para Igor, a cheia histórica do Rio Acre pode afetar nas vendas. Mas, até o momento, o balanço de saída de chocolates é positivo. E a expectativa é que até a Páscoa as vendas aumentem ainda mais.

Keuliane Rodrigues, promotora de vendas de uma marca de chocolate, diz que a maioria dos clientes têm feito uma pesquisa de valores. “A maioria das pessoas perguntam os preços e falam que só vão comprar mais perto da Páscoa”, avaliou.

Ainda de acordo com Keuliane, o maior público que busca pelos chocolates é o feminino e o infantil.

Adriana Pinheiro, artesã e mãe de duas crianças, já gastou cerca de R$ 60,00 com a compra dos ovos de chocolate. A artesã pesquisou em outros estabelecimentos e avaliou que a diferença de valor é pequena.

“Os preços estão bem parecidos. Quase não vi diferença no valor de produtos iguais, de um lugar para o outro”, frisou Adriana.

Ovos caseiros são opções para presentear

Comerciantes apostam nos ovos de Páscoa caseiros e ganham espaço no mercado. (Foto: Cedida)

Além da variedade de chocolates encontrada nos supermercados, algumas pessoas aproveitam a imaginação e criam novas opções para lucrar. Com a mesma qualidade no sabor, os ovos de Páscoa caseiros estão caindo na ‘boca do povo’ e ganhando espaço no mercado.

Roziene Muniz, professora, prepara ovos para vender na Páscoa há três anos. Encantada com a Páscoa, a professora se especializou utilizando sabores diferenciados. O grande diferencial é que os seus são para comer com colher.

“O tempo pascal sempre me encantou. Tenho uma família grande e sempre gostamos de fazer brincadeiras e chocolates diferentes na Páscoa”, explicou Roziene.

De acordo com a professora, que trabalha em parceria com sua mãe, o desejo de mudar e inovar foi o empurrão que estavam precisando. “As criações são nossas. Fiz um curso de decoração de bolos e doces, pesquisei na internet e em sites de doces”, acrescentou.

A professora diz estar otimista com as vendas deste ano, pois as encomendas estão grandes e já superam as expectativas.

Os ovos só podem ser adquiridos através de encomenda. Qualquer modelo tem o valor de R$ 50,00. Eles são recheados de ‘beijinho’, brigadeiro ou doce de cupuaçu e com coberturas variadas, de acordo com o gosto do cliente.

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