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Em uma semana água invade áreas centrais de Rio Branco e depois recua deixando rastro de destruição

Terminal foi coberto por água e causou vários prejuízos à população; a plataforma foi liberada e as atividades voltaram ao normal na última sexta
Terminal foi coberto por água e causou vários prejuízos à população; a plataforma foi liberada e as atividades voltaram ao normal na última sexta

 

A quarta ponte, ou ponte da Avenida Amadeo Barbosa, teve de ser interditada; mesmo depois da vazante, a ponte continua com água perto
A quarta ponte, ou ponte da Avenida Amadeo Barbosa, teve de ser interditada; mesmo depois da vazante, a ponte continua com água perto

 

No Camelódromo, os comerciantes tiveram que tirar tudo dos seus boxes; no pós-cheia, eles tentam somar o prejuízo e limpar o local
No Camelódromo, os comerciantes tiveram que tirar tudo dos seus boxes; no pós-cheia, eles tentam somar o prejuízo e limpar o local

 

Terminal Urbano, cabeceira da 4ª ponte, Avenida Ceará próximo a Habitasa e o Camelódromo do mercado Aziz Abucater foram áreas centrais em Rio Branco que foram atingidos pela cheia do Rio Acre no início da semana. Com a rápida vazante apresentada pelo manancial, um rastro de destruição chama a atenção de quem passa por esses locais.

A água nunca tinha chegado tão longe, afirmou estarrecido um comerciante que trabalha no Camelódromo. O depoimento dele é uma prova de que a cheia histórica do Rio Acre na Capital, não afetou apenas os moradores de casas em áreas alagadas.

Os locais onde a água não chegou, os efeitos também são sentidos. De acordo com gerente de uma loja de confecção, Maria de Fátima Moraes, a loja em que trabalha está desde a última segunda-feira, 2, fechada devido o rio ter chegado no estabelecimento. “Meu prejuízo foi de ao menos R$ 5 mil, pois fiquei 11 dias sem vender”, diz. Antes mesmo do fechamento da loja, a gerente já estimava sérios prejuízos. “Com o Centro fechado, quem vem comprar?”, justifica Maria de Fátima.

De acordo com a última medição da Defesa Civil, feita às 12h deste sábado, 7, o Rio Acre media 17,27 metros na Capital. Ao todo, 3.014 mil famílias estão alojadas em 26 abrigos públicos, o que representa quase 10,6 mil pessoas. Todos os dias são servidas 29.545 refeições nos abrigos. Mais de 2,1 mil voluntários colaboram para o bem-estar das famílias nos abrigos.

Desde o dia 22 de fevereiro, data em que o Rio Acre, superou a cota de transbordamento na Capital do Acre. Desde então, mais de 900 ruas foram afetadas pelas águas. Estima-se que 24,7 mil edificações foram atingidas.

Devido as fortes chuvas na região da cabeceira do Rio Acre, o nível nas cidades de Assis Brasil e Brasileia voltou a subir. Neste domingo, 8, cerca de 30 equipes começam a limpar as ruas atingidas pela cheia. Só após essa limpeza e com a confirmação que o nível do rio continue baixando é que começará a ser discutida a operação volta para casa das famílias desabrigadas.

Nesse período é importante tomar cuidado com doenças como leptospirose, hepatite, febre tifoide e diarreia. As pessoas que estão nos locais atingidos pela enchente devem redobrar seus cuidados em relação ao consumo de água, manuseio de alimentos e higiene em geral.

(Fotos: ODAIR LEAL/AGAZETA)

Força Nacional do SUS vistoria unidades atingidas pela enchente
Uma equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), do Núcleo estadual do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) visitou os municípios do Alto Acre, nesta sexta-feira, 6. Acompanhados do secretário de Estado de Saúde, Armando Melo, os profissionais verificaram de perto os danos causados pela enchente do Rio Acre, principalmente à rede de atenção do SUS, composta por postos de saúde e hospitais. Na quinta-feira, 5, eles vistoriaram a situação da Capital. Neste sábado, 7, seguem para Porto Acre.

Vistorias no Alto Acre
Em Xapuri, os profissionais vistoriaram a Unidade de Saúde da Família José Fadul (UBS), de responsabilidade da prefeitura, para onde foram encaminhados os serviços de urgência e emergência e sala de parto. Esses e outros serviços eram ofertados no Hospital Dr. Epaminondas Jácome, que ficou quase totalmente submerso pela enchente.

Alguns setores do hospital foram comprometidos, como lavanderia, central de esterilização e equipamento de raio-X. Os servidores do hospital e voluntários ainda fazem o trabalho pesado de limpeza, com a retirada da lama deixada pela água e desinfecção dos ambientes. Ainda não há previsão de retorno do funcionamento da unidade estadual.

Ainda em Xapuri, foram verificados os danos das sedes do Controle de Endemias e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), completamente atingidas pela alagação.

Em Brasileia, o Hospital Raimundo Chaar continua com a parte da frente interditada por medida de precaução, devido ao desbarrancamento da margem do rio, próximo à unidade. Com isso, são realizados apenas atendimentos de urgência e emergência. Outros casos são encaminhados para as unidades municipais, como o Centro de Saúde Cândido de Mesquita, de Epitaciolândia.

Ainda em Brasileia, os profissionais do SUS, MS e Sesacre vistoriaram um abrigo público e o Laboratório de Fronteira (Lafron), especiali-zado em exames de saúde pública. O Lafron realiza exames para constatação de doenças endêmicas, como dengue, por exemplo. A água chegou ao forro da unidade, mas todos os equipamentos para realização de exames foram encaminhados para o Hemonúcleo de Brasileia, sem avarias. (Diego Tenutti / Assessoria Sesacre)

Avaliação e medidas de apoio
Depois de toda a vistoria com registros fotográficos e coleta de dados, a equipe do SUS e MS avaliará novas medidas de apoio do Governo Federal para a manutenção dos serviços de saúde, nesse momento de crise provocada pela cheia do Rio Acre. Posteriormente, deverá ser colocado em prática um trabalho de recuperação das unidades de saúde.

“O mais importante disso tudo é que, desde o início da enchente, nós estivemos unidos [governos municipais, estadual e federal] para garantir o serviço de saúde à população. Independentemente dos locais – pois tivemos unidades estaduais atingidas, e remanejamos nossos serviços para unidades municipais -, nós estamos conseguindo manter a oferta de saúde”, ressaltou o secretário Armando Melo.

Acisa vai ao BNDES propor medidas em prol dos empresários após cheia histórica do Rio Acre

Jurilande apresentou propostas ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
Jurilande apresentou propostas ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social


BRUNA LOPES

O presidente da Associação Comercial do Acre (Acisa), Jurilande Aragão, acompanhado do empresário George Pinheiro, apresentou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sugestões para que a iniciativa privada acreana retome ambiente adequado ao crescimento após a cheia histórica do Rio Acre que afetou diretamente quatro municípios.

O encontro, articulado pelo vice-presidente do Senado, Jorge Viana, teve como prioridade dois assuntos: a retomada do BNDES Per, que é uma linha de crédito subsidiada usada em regiões onde ocorreram desastres naturais.

Foi uma linha de financiamento que teve boa aceitação entre os empresários do Acre por se tratar de um dinheiro barato: tinha carência de dois anos e prazo de pagamento por até 10 anos, com juros de 5% ao ano. Na última grande cheia que houve no Acre, em 2012, o BNDES Per beneficiou 1.011 empresas.

Com relação ao dinheiro adquirido em empréstimo em 2012, Jurilande afirma que a Acisa pediu um prazo maior de carência nas parcelas já vencidas. As sugestões foram discutidas com um dos diretores do banco, Maurício Borges Lemos.

“Temos empresários que ainda estão amargando prejuí-zos da cheia de 2012, com parcelas atrasadas e precisamos que eles tenham uma carência maior para quitar estes débitos. Precisamos que o banco dê uma parada nas parcelas já vencidas e só reinicia-as daqui a oito meses a um ano”, salientou.

Jurilande também discutiu a possibilidade de o BNDES anular (ou elevar) o teto do faturamento anual das empresas como critérios para que possam ser beneficiadas com a linha de crédito subsidiada. Atualmente, o faturamento anual de R$ 90 milhões é o limite.

O presidente da Acisa fez questão de ressaltar que o momento que o Acre enfrenta é de extrema calamidade e que obviamente isto prejudicou o empresariado local que ainda amarga dívidas de 2012, quando também houve uma catástrofe natural no Estado.

“Nós solicitamos o retorno daquela linha de crédito emergencial para caso de desastre natural e pedimos que os juros possam ser de 5%. Estamos vivendo um momento atípico e os empresários precisam se reerguer e não conseguirão se não tiverem ajuda”, disse Jurilande.

Empresa que fatura além desse montante já teria acesso a linhas de crédito com percentual de juros menos generoso. “Senti que o ambiente no BNDES é de reconhecimento da gravidade do momento do Acre”, afirmou o presidente da Acisa. “Agora, é aguardar o resultado do que foi discutido e defendido aqui”, disse momentos após a reunião ocorrida na sede do banco no Rio de Janeiro.

Bombeiros trabalham dia e noite cooperando com as famílias atingidas pela enchente

BRUNA MELLO

A capital acreana ainda sofre com os efeitos da maior enchente da sua história. As águas ultrapassaram as marca do ano de 1997 (17,66 metros) e de 2012 (17,64 metros). Cerca de 87 mil pessoas foram atingidas no município e mais de 10 mil estão em abrigos públicos. Na última medição desta sexta-feira o manancial apresentou a marca de 17,79m.

Com a intenção de ajudar e amenizar o sofrimento dessas famílias, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre vem trabalhando intensamente, para fazer a retirada de famílias e pertences das áreas atingidas.

O aluno soldado Jonhsons, 24 anos, diz que ajudou famílias que saíram apenas com a roupa do corpo e que perderam tudo. Avalia que mesmo perdendo muita coisa, as pessoas saiam felizes, pois estavam vivas. “É uma tristeza ver o desespero das pessoas, clamando por socorro. Ao mesmo tempo me sinto feliz em poder ajudar. Gostei muito do trabalho que eu vou ter que exercer. Quero seguir nessa profissão pelo resto da minha vida”, disse o aluno soldado.

Bombeiro desde 2013, a soldado Juliana, 26 anos, enfermeira, trabalhou na parte de assistência aos colaboradores, em uma ambulância de assistência básica de saúde. “É um sentimento de contribuição. Contribuímos no que podemos e até no que não podemos”, salientou Juliana.

Juliana acrescenta que acredita na rápida reconstrução da cidade e da vida dessas pessoas que perderam tudo. “Acredito que vamos vencer toda essa fase, pois o povo acreano é guerreiro. Permanecemos sempre firmes”, afirmou.

Para o major Eden, há 19 anos na corporação, da Divisão de Riscos e Desastres da Defesa Civil, diz que essa enchente marcou por sua magnitude. “Em todos os lugares que fui me deparei com momentos de tensão e desespero. Fizemos o nosso melhor, mas devido ao impacto do acontecimento muitas pessoas ainda perderam tudo”, disse o major.

Agricultores acreanos se recuperam da força dos rios em cheia histórica
Enquanto a zona urbana de Xapuri, um dos palcos da luta rural do Acre, volta da difícil conversa com o Rio Acre, que desde o dia 20 de fevereiro começou a subir mais de 18m, superando a marca histórica de 15,57m, seus agricultores batalham para se reerguer, juntar as mudas, adquirir novos animais e recriar a abundância de semanas atrás.

Subindo o Rio Xapuri, afluente do Rio Acre, na Comunidade Floresta, fincando os dedos barranco acima, que se desfaz depois da vazante das águas, é possível chegar a uma das mais de cem famílias afetadas pela enchente neste corpo d’água. O casal João Roque do Nascimento, conhecido como Riba, e Maria de Lima relatam as dores de ver a natureza levar o trabalho e sustento da família rio abaixo, uma natureza alterada, que não reconheciam.

“Eu vou fazer 58 anos depois de amanhã, se Deus quiser, e todos esses anos vivi aqui. Eu não acreditava e nem sei explicar isso, porque não era tanta chuva, não era chuva de assombrar não. Já vi chuva muito mais grossa que isso e não encheu o rio do jeito que encheu”, diz Riba, sentado ao lado da companheira, olhando as estacas da pequena horta caídas ao chão.

O casal tira o sustento da produção de hortaliças cultivadas com muito zelo e vendidas na feira da cidade, sempre às segundas-feiras. No domingo, 22 de fevereiro, pela manhã retiraram, como de costume, as cebolinhas, pimentas e couves, para a venda no dia seguinte.

Na tarde, não acreditavam no que viam: a água já havia coberto a horta no meio do barranco, alcançando a cintura de quem se atrevia a salvar alguma coisa. Durante a noite, um dos filhos se arriscava, mergulhando entre as estacas cheias de prego, soltas pela força da correnteza, para desafogar o que podiam.

Durante conversa com Mamed Dankar, diretor-presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) – uma das equipes do Governo do Estado que faz o levantamento do impacto da cheia na zona rural do Acre e traça planos para recuperação -, Maria contabiliza a renda que tirava a cada semana: “Eu tirava tudo daquela horta, só o que sobrou foi o pé de urucum, com o que produzo o colorau a um real o saquinho”.

Apesar dos seguidos dias nublados, dos hectares de milho, hortaliças e animais perdidos, o sorriso dos trabalhadores da terra não cessa, o sentimento é um só: recomeçar. “Quero recomeçar logo, é o que a gente sabe fazer. A ruma de cebolinha que o menino conseguiu pegar de mergulho já plantamos de novo lá no roçado. Tudo que a gente leva para a feira vende bem”, diz Maria, com orgulho de sua perseverança, mostrando o colorau e os molhos de pimenta que ainda restam. (Arison Jardim / Agência Acre)

Ponte Nova é aberta para o tráfego de veículos e pedestres
A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Rbtrans) anunciou a liberação do tráfego  para veículos e pedestres na Ponte Coronel Sebastião Dantas, conhecida como “Ponte Nova” ou Ponte de Concreto, na manhã de ontem, 7.  A ponte estava interditada desde o dia 2 de março, devido à inundação nas cabeceiras nos seus dois extremos.

Já a Ponte Juscelino Kubtcheck (Ponte Metálica), ainda passa por avaliação. “A ponte nova está totalmente segura para tráfego, o que não é o caso da ponte metálica onde o governo ainda trabalha na retirada de balseiros e na limpeza geral para que então possa ser avaliada e tenha o trânsito liberado”, explicou o superintendente da Rbtrans, Nélio Anastácio. (Paula Amanda / Agência Acre)

Campanha do Acre Solidário ganha mais apoiadores
Em apoio à campanha do Acre Solidário, que visa atender às vítimas da maior enchente registrada no Acre, a ex-senadora Marina Silva anunciou, neste sábado, 7, que está articulando com empresários, políticos e artistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará doações para destinar ao movimento em apoio aos atingidos pela cheia.

Na manhã deste sábado a ex-senadora visitou os pontos de arrecadação e armazenamento do Acre Solidário e Rio Branco Amiga. O primeiro local visitado foi a Companhia de Abastecimento (Conab), principal ponto de arrecadação da campanha Acre Solidário.

“Eu estou aqui para uma visita de solidariedade pelo momento trágico que meu Estado está vivendo. Boa parte da minha família foi atingida. Além disso, eu mobilizei algumas pessoas em outros estados para que também contribuam para ajudar o nosso povo”, afirmou.

Walnizia Cavalcante, coordenadora da campanha, explica que todas as doações são destinadas aos municípios atingidos pela enchente. “Além das cestas básicas, nós também estamos recebendo roupas, colchões e brinquedos. Assim como em Rio Branco, todas as doações são encaminhadas para Brasileia, Capixaba, Porto Acre, Sena Madureira, Xapuri e Epitaciolândia”, disse.

De acordo com dados da coordenação da campanha Acre Solidário, o estado já recebeu mais de três mil cestas básicas, em doações realizadas por órgãos de governo, igrejas, supermercados, atacadistas, lojas maçônicas, cooperativas, associações e a sociedade civil em geral, bem como do Governo Federal. (Agência Acre)

Vazante revela sinais de destruição e grandes prejuízos em Rio Branco após catástrofe da alagação

Entulhos, restos de lixo e um cheiro forte ficaram nas praças de Rio Branco que foram atingidas; já em várias ruas, a água ainda cobre calçadas inteiras
Entulhos, restos de lixo e um cheiro forte ficaram nas praças de Rio Branco que foram atingidas; já em várias ruas, a água ainda cobre calçadas inteiras

 

Ruas e calçadas foram danificadas com a força da correnteza e o tempo prolongado em que ficaram sumersas; prefeitura vai precisar de ajuda para repará-las
Ruas e calçadas foram danificadas com a força da correnteza e o tempo prolongado em que ficaram sumersas; prefeitura vai precisar de ajuda para repará-las

A segunda semana de março termina com a cidade tentando voltar à normalidade ao menos nas regiões aonde as águas do Rio Acre e seus afluentes vão baixando. Na medida em que as águas secam vê-se a verdadeira dimensão dos prejuízos: ruas completamente destruídas, árvores que há dezenas de anos faziam parte do cenário, arrancadas em suas raízes, caídas como mortas e muita – mas muita sujeira.

O perigo ronda essa fase. Nas áreas onde as águas secaram o mais sensato é promover uma grande ação de limpeza para higienizar o local. As autoridades de saúde recomendam usar água sanitária, água e sabão em boa quantidade para reduzir a possibilidade de contaminações. A leptospirose, doença transmitida pela urina do rato, é grande ameaça neste período. A água de beber deve ser tratada com hipoclorito de sódio. Todos esses materiais e produtos podem ser obtidos junto à Defesa Civil de Rio Branco.

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) está dando mostras de como amenizar os impactos dessa tragédia natural de forma rápida e enérgica, o que se soma a essa grande operação de limpeza, recolhimento de entulhos e desobstrução de bueiros que o prefeito Marcus Alexandre e o governador Tião Viana lançam nesta segunda-feira, 9, no estacionamento do estádio Arena da Floresta.

A Semsur começou na sexta-feira, 6, o  trabalho de limpeza das áreas afetadas pela cheia do Rio Acre em Rio Branco e que já não estão mais alagadas  pelo Calçadão da Benjamim Constant  na região Central de Rio Branco. Ali, a água fez sérios estragos e deixou um rastro de prejuízos a 380 feirantes, camelôs e lojistas, segundo levantamento preliminar do Sindicato dos Camelôs e Feirantes de Rio Branco (Sincafe). Já neste sábado, a limpeza foi realizada no Calçadão da Gameleira, seriamente afetado pelas águas da cheia do Rio Acre.

A Semsur vem utilizando equipe de 18 homens e mulheres, três caçambas, um carro-pipa e veículos de apoio para avançar no serviço que antecipa a grande operação de segunda-feira. A Semsur calcula que 2,5 toneladas de lixo e entulho foram removidas do Calçadão e adjacências (Camelódromo, Mercado Aziz Abucater, Terminal Urbano e outros) apenas do que foi trazido pela alagação.

Mas os trabalhos serão profundamente intensificados nesta terceira semana de março. A grande mobilização de limpeza e reconstrução de Rio Branco contempla 30 equipes com 330 homens, 273 operadores e 280 equipamentos. Essa ação, executada pela Prefeitura, conta com a parceria do Governo do Estado e do Governo Federal através das Forças Armadas. Organizações como a Federação da Indústria do Acre (Fieac), Sindicato da Indústria da Construção Civil do Acre (Sinduscon), cooperativa, empresários e grupos ligados à construção civil.

A composição das equipes de limpeza será de 11 pessoas, sendo um coordenador do grupo. Cada equipe contará 1 retroescavadeira, 1 pá carregadeira, 5 caçambas toco/truck, 1 carro pipa e 1 caminhão ´carga seca´. As ações contam ainda com 3 carros de apoio para abastecimento (comboio de lubrificação).

Uma equipe de apoio permanecerá no aterro de inertes com 1 escavadeira hidráulica e 2 tratores de esteira. As bases operacionais serão na sede do Corpo de Bombeiros, na Ceasa, e na Arena da Floresta, este coordenado pelo 7° BEC.

Nas três bases, a população poderá contar com total apoio do serviço público, incluindo assistência de agentes de endemias e entrega de kits de limpeza, entre outros serviços. As equipes serão distribuídas nos bairros onde há possibilidade de se trabalhar atualmente: Seis de Agosto, Canaã, Baixada da Sobral, Base, Centro, Triângulo Novo, Triângulo Velho, Cadeia Velha, Baixa da Cadeia Velha, Adalberto Aragão, 10 de Junho, Cidade Nova e Bairro do Quinze, Comara, Areal, Recanto dos Buritis, Oscar Passos e Sapolândia.

(Fotos: Fagner Delgado)

OS NÚMEROS DA MAIOR TRAGÉDIA NATURAL DA HISTÓRIA DE RIO BRANCO
*Nível do Rio Acre às 12h deste sábado, 17.27m
* 53 bairros atingidos em Rio Branco;
* Mais de 900 ruas afetadas pelas águas;
* 24.713 edificações afetadas na cota atual;
* 86.937 pessoas atingidas;
*40 áreas rurais com a produção comprometida;
*30 milhões de reais de perdas estimadas e prejuízos com a produção;
*4.500 hectares de área atingida;
*1 ponte interditada no Centro da cidade;
*26 abrigos públicos;
*3.014 famílias em abrigos públicos;
*10.599 pessoas nos abrigos públicos;
*Mais de 30 mil refeições servidas diariamente nos abrigos públicos e trabalhadores;
*2.100 voluntários diariamente nos abrigos;
*250 veículos e equipamentos na operação de retirada de famílias das áreas atingidas;
*110 barcos em operação de socorro às famílias;
*550 homens trabalhando na remoção das famílias.

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