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Lista dos brasileiros no HSBC Suíço tem ex-secretário de governo do Acre

Em janeiro passado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda para combater a lavagem de dinheiro, recebeu uma planilha com informações de 342 nomes de clientes brasileiros do private bank do HSBC, na Suíça. A amostra foi extraída de um arsenal de quase oito mil nomes de brasileiros que aparecem no SwissLeaks, como está sendo chamado o maior escândalo de vazamentos de dados financeiros da história. Os dados estão sendo debulhados há meses pelo diário francês Le Monde, em conjunto com o ICIJ, consórcio internacional de jornalistas investigativos, e só agora começam a aparecer.

Ao cruzar os nomes recebidos com sua própria base de dados, o Coaf constatou que 60 deles já haviam aparecido nos radares de controle em 1.246 operações. Dentre os clientes, 15 já haviam sido objeto de alerta anterior por causa de suas movimentações financeiras no exterior. Com esses achados, o Coaf enviou à Receita Federal um relatório de inteligência financeira de caráter sigiloso. Obtido pela ISTOÉ DINHEIRO, o documento contém uma análise técnica do histórico de operações de cada cliente, com a quantidade de comunicações e o motivo do alerta.

Alguns nomes foram considerados muito suspeitos. Outros, nem tanto. Dentre os clientes do serviço de grandes fortunas do HSBC destacados pelo Coaf estão o megainvestidor Lírio Parisotto, dono da Videolar e acionista de grandes companhias como Usiminas, Eternit e Banco do Brasil, e os empresários Ricardo Steinbruch e Jacks Rabinovich, dos grupos Fibra e Vicunha.

Muitos nomes citados no SwissLeaks são apenas pessoas muito ricas e com aplicações no exterior, o que não é crime se o dinheiro for declarado à Receita e tiver origem legal.

Segundo ele, a conta no HSBC recebe o pagamento de juros de aplicações pessoais em bônus externos e, atualmente, o valor passa de US$ 100 milhões. Na lista submetida ao Coaf pelo ICIJ, constam nomes de banqueiros, executivos do mercado financeiro, industriais, arquitetos, médicos, designers de joias, esportistas e “donas de casa” (uma delas está entre as mulheres mais ricas do país). Segundo a DINHEIRO apurou, algumas dessas pessoas já faleceram. Há casos de famílias que enviaram dinheiro limpo para fora na época da hiperinflação e dos planos econômicos e, hoje, esperam por uma anistia para repatriar os recursos.

O relatório de inteligência do Coaf também ressalta que as comunicações anteriores sobre o empresário Generoso Martins das Neves, do ramo de transporte público, foram alvo de investigações por suspeita de fraude em licitações. Também já havia alertas contra Luiz Carlos Nalin Reis, ex-secretário de Planejamento do Acre na gestão de Orleir Cameli (PPR), acusado num esquema de fraude licitatória e compra de votos. (Denize Bacoccina e Luiz Gustavo Pacete, da Revista ISTO É Dinheiro)

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