Após cinco horas consecutivas mantendo o nível de 18,40 metros, o Rio Acre, na capital do Estado, começou a apresentar sinais de vazante às 23h desta quarta-feira, 4. Na medição das 6h e 7h desta quinta-feira, 5, o manancial registrou o mesmo nível de 18,34 metros, uma vazante de 6 centímetros. Já às 18h baixou mais 12 centímetros e chegou a 18,22 metros.
No entanto, segundo a Defesa Civil, ainda há previsão de muita chuva para o Estado nos próximos dias. O Riozinho do Rola, principal afluente do Rio Acre na Capital, apresentou uma leve vazante e saiu de 18,87 metros para 17,84m, em 24 horas.
A informação sobre a vazante do rio animou as mais de 9,2 mil famílias que estão alojadas nos 26 abrigos espalhados por toda cidade. “Quero voltar para minha casa”, apela a autônoma Maria do Socorro Souza moradora do bairro Boa União, um dos locais onde a água nunca antes tinha atingido.
Já o técnico em eletrônica, José Lima de Castro, afirma que depois de quatro enchentes, quer sair do bairro Taquari. “Perdi quase tudo nessa alagação. Não aguento mais ter que começar do zero a cada cheia do Rio Acre. Quero me mudar para um lugar onde as casas não sejam alagadas”, desabafou.
Somente na zona rural, 40 comunidades foram afetadas e os prejuízos na área ultrapassam os R$ 30 milhões. O nível do Rio Acre marca acima de quatro metros da cota de transbordamento.
Enfrentando o pior desastre natural de sua história, Rio Branco tem cerca de 90 mil pessoas atingidas direta ou indiretamente pela cheia, que segundo a prefeitura, ainda não tem um levantamento preciso dos valores dos prejuízos causados em residências e comércio.
Três pontes e seis ruas continuam interditadas na região do Centro da cidade. A Eletrobras Distribuição Acre informou que mais de 20 mil edificações tiveram a energia cortada no Estado. As aulas nas escolas públicas e particulares também seguem suspensas, o governo e vários outros órgãos decretaram ponto facultativo nas repartições públicas até sexta-feira, 6.
Subida em Assis e Brasileia
Em Assis Brasil e Brasileia o nível do rio voltou a subir. Enquanto às 6h de quarta, o nível estava em 4,53 metros, às 6h desta quinta, subiu para 6,22 metros. Em Brasileia também houve uma elevação de 4,79 às 6h de quarta para 5,55 metros no mesmo horário desta quinta.
Ruas do Centro, ponte da Amadeo Barbosa, Terminal Urbano são reabertos
Após análise dos técnicos da Defesa Civil, Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Rio Branco (Rbtrans) e Departamento Estadual de Trânsito (Detran) o prefeito Marcus Alexandre decidiu reabrir ao trânsito de veículos nas ruas centrais, nos trechos onde o tráfego foi interrompido por causa dos efeitos da cheia do Rio Acre.
A 4ª ponte, que liga o bairro Cadeia Velha à Avenida Amadeo Barbosa, também será reaberta. A reabertura das ruas e da ponte ocorreu às 21h de quinta-feira, 5. O Terminal Urbano, fechado nesta quarta-feira, iniciará sua operação às 5h de hoje, na primeira saída dos ônibus.
Para tomar tal decisão, o prefeito percorreu a pé o Centro de Rio Branco acompanhado de Nélio Anastácio, superintendente da Rbtrans; Marcos Lourenço, diretor de Trânsito da Rbtrans, Jô Luiz, diretor de Transportes da Rbtrans, o diretor-geral do Detran, Gemil Júnior e técnicos do órgão.
Estarão reaberta as ruas Floriano Peixoto, Avenida Brasil, Avenida Ceará, Avenida Getúlio Vargas. O trecho entre as ruas Epaminondas Jácome e Marechal Deodoro será reaberto e terá duplo sentido. Agentes do Detran e da Rbtrans estarão na área central orientando a operação. (Assessoria PMRB)
Portaria suspende prazos processuais na Secretaria do TRE/AC e no Fórum Eleitoral
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC), desembargador Adair Longuini, assinou a Portaria n.38/2015, que suspende os prazos processuais na Secretaria do Tribunal e no Fórum Eleitoral de Rio Branco nos dias 2 a 6 de março de 2015, em razão do estado de calamidade pública em Rio Branco, oficializada por meio do Decreto Municipal nº 214, de 1º de março de 2015.
A suspensão é justificada pelos níveis históricos alcançados pela cheia no Rio Acre e os transtornos causados pelo fenômeno, que atingiu o tráfego de veículos e pessoas na Capital.
A mesma portaria resolve manter o expediente na Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral e no Fórum Eleitoral de Rio Branco, bem como os demais serviços prestados pela Justiça Eleitoral. (Renata Brasileiro, Ascom TRE/AC)
Governo e prefeitura mantêm ações operacionais de apoio em Rio Branco
Mesmo com o Rio Acre apresentando vazante, o governador Tião Viana e o prefeito Marcus Alexandre reuniram-se nesta quinta-feira, 5, com os órgãos e equipes de trabalho, para anunciar que irão manter as ações operacionais de apoio à cidade e aos desabrigados pela enchente. A reunião foi realizada na sala de situação montada no Corpo de Bombeiros.
Segundo a síntese de variações e monitoramento apresentada pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), o Rio Acre apresentou uma descida significativa, e até às 21 horas desta quinta deve descer de 10 a 20 centímetros. Porém, as chuvas ocorridas no Alto Acre ainda vão descer em dois ou três dias para Rio Branco, e ainda há previsões de chuvas, mesmo que abaixo da normalidade.
O prefeito Marcus Alexandre disse que não irá desmobilizar as equipes de trabalho da prefeitura até que a situação de normalidade seja estável. “Por enquanto, ruas do Centro e o Terminal Urbano permanecem fechados, não iremos deslocar o efetivo agora, mas sim prosseguir com o atendimento à população, a fiscalização e o acompanhamento nos bairros”, disse.
O governador Tião Viana contou que os kits contendo materiais de higiene, fraldas descartáveis e colchões já chegaram a Rio Branco e foram entregues pelo ministro da Integração, Gilberto Occhi. “Ao todo são 17 mil e estão sendo armazenados no 7º BEC [Batalhão de Engenharia e Construção], para serem distribuídos aqui em Rio Branco e nos municípios afetados. O Ministério Público e o Tribunal de Justiça estão acompanhando com a gente todos os procedimentos”, explicou o governador.
Tião Viana lembrou ainda que o trabalho intenso do Governo do Estado junto ao Governo Federal, Prefeitura de Rio Branco e instituições financeiras resultou na liberação de 966 casas, que irão abrigar de imediato cerca de quatro mil famílias que estão alojadas em abrigos da Capital.
SEE, Sesacre e Depasa mantêm ações
Segundo o secretário de Saúde, Armando Melo, a situação está controlada na saúde pública. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estão abastecidas e o Exército Brasileiro vem apoiando, com a cessão de médicos, para ampliar o atendimento. “O Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] está nas bases de cada unidade, inclusive nas UPAs do Segundo Distrito. A UPA da Baixada também continua prestando atendimento com a ajuda do Corpo de Bombeiros”, contou.
O secretário de Educação, Marco Brandão, também garantiu que os trabalhos de sua pasta seguem com as medidas sem transtornos. “Estamos aguardando uma resposta positiva para o retorno das aulas. No Alto Acre, o ano letivo já irá começar dia 16 de março”, disse.
O Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa) também informou que, com a baixa do rio, minimizou a preocupação com a Estação de Tratamento de Água (ETA), que poderia interromper a distribuição de água em mais de 50% dos bairros de Rio Branco. “Houve um recuo de 20 centímetros, o que garante o pleno funcionamento da ETA para atender a população”, garantiu o secretário Edvaldo Magalhães.
Previsão para o Rio Madeira
Segundo o sistema de monitoramento feito pelo governo, em conjunto com a Sema, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e a Agência Nacional de Águas (ANA), o Rio Madeira continua subindo, mas a regulagem continua sendo feita para despressionar as águas na usina, o que vem impedido o aumento do nível do rio. Porém, a previsão ainda é de chuvas para a região dos rios Beni e Madre de Dios.
A reunião ampliada contou com a Defesa Civil do Estado e município, Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação (SEE), Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa), Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Secretaria de Articulações Institucionais (SAI) e Exército Brasileiro. (Ana Paula Pojo / Agência Acre)
Porto Acre decreta situação de emergência após o nível do rio subir 35 cm em 24h
Na manhã desta quinta-feira, 5, a Prefeitura de Porto Acre decretou situação de emergência, devido às águas do Rio Acre que avança e desaloja dezenas famílias na cidade histórica e zona rural do município.
O decreto de número 890, leva em consideração o nível do rio, a quantidade de famílias que foram para os abrigos públicos, a situação de anormalidade na região, e incapacidade do município de arcar sozinho com a magnitude da maior enchente da história do Acre.
O rio está subindo em média 1,6 cm por hora. Prédios públicos já foram atingidos, a Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento (Semsa) removeu os móveis e equipamentos para outra localidade, até a Prefeitura já esta sendo tomada pela água, outro órgão que teve que ser esvaziado é o Centro de Referencia Especializado em Assistência Social (Creas).
“Nosso sentimento é de integrar as forças, desde sábado colocamos a estrutura da Prefeitura a disposição, na medida do possível fomos atendendo. Até o presente momento nossa equipe tem conseguido enfrentar esta situação, agora com o apoio do Estado e das lideranças do município fica melhor para lidarmos com essa situação”, ressalta o prefeito Carlinhos Portela.
Mais abrigos tiveram que ser preparado para receber as famílias que chegam a todo momento. De acordo com os dados coletados até o meio-dia 35 famílias ocupavam os seis abrigos implantados pela Prefeitura. (Marcelina Freire / Ascom PMPA)