Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Homens do Deracre se arriscam para retirar balseiros das pontes

 Há mais de três semanas os servidores do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, Hidrovias e Infraestrutura do Acre (Deracre) trabalham na “Operação Balseiro”, realizada primeiramente na Ponte José Augusto de Araújo, em Brasileia, e posteriormente em Rio Branco, nas estruturas da Ponte Juscelino Kubitschek.

São rostos que passam despercebidos em meio a maior tragédia natural registrada no estado. São homens que se aventuram em meio aos galhos e troncos de árvores e mesmo próximos a animais peçonhentos, tudo para resguardar as estruturas das pontes das cidades inundadas pela alagação.

Centenas de toneladas de entulho que ameaçavam a estrutura das pontes já foram retiradas, segundo informa Cleber Perez, diretor de Hidrovias do Deracre. “Estamos com 28 homens se revezando dia e noite. Ficamos com uma equipe nas pontes e outra acima, que intercepta e retira as árvores maiores, antes que elas cheguem até as pontes”, explicou.

Um batelão é o único ponto de apoio, onde eles fazem as refeições e reuniões para discutir as estratégias de trabalho. O servidor Marcelo Passos mora em Manoel Urbano e há quase um mês não consegue voltar para casa por conta do volume atípico de serviço. “O batelão se transformou em nossa casa, estou praticamente morando aqui, porque o trabalho não pode parar. A cada minuto em que as equipes ficam paradas, mais balseiros se acumulam”, relata.

Não são apenas árvores e galhos que se aglomeram nas pontes. Há também muito lixo, como garrafas e sacolas, além de animais. “Aqui a gente encontra muita cobra, lagarto, inseto, e até animal grande já foi retirado. Hoje foi essa paca. A coitada deve ter nadado tanto que se cansou e morreu afogada”, lamenta Paulo Pinto, servidor do Deracre, que retirou uma paca morta dos balseiros.

Paulo mora no bairro Bahia Nova, em Rio Branco, e conta que há uma semana sua casa foi alagada. “A gente está aqui trabalhando, eu só fui lá tirar a mulher, os meninos e nossas coisas, e voltei para trabalhar”, diz.

O trabalho desses heróis, anônimos aos olhos da população, continua até que as águas baixem e as pontes, que levam e trazem milhares de pessoas diariamente, não tenham mais suas estruturas ameaçadas.

 

Sair da versão mobile