Passado um mês do começo dos trabalhos no plenário da Assembleia Legislativa (Aleac) nesta 14ª legislatura, o líder do governo na Casa do Povo, deputado Daniel Zen (PT), fez uma avaliação das atividades no parlamento.
Segundo Zen, os novos deputados têm demonstrado interesse em exercer com empenho e dedicação a função. “E quem ganha é o povo do Acre”, emendou ele.
Questionado quanto ao desgaste que o ofício pode trazer ao parlamentar, ele afirma estar tranquilo. Para ele, o objetivo é exercer o papel de forma coerente e respeitosa, tanto em relação aos colegas parlamentares como também a população.
“O desgaste em decorrência da função é natural, haja vista que você tende a defender um projeto que muitas vezes é alvo de críticas. A questão é saber lidar com a situação. O diálogo e o respeito são peças fundamentais”, frisou.
O deputado comentou também sobre a escolha dos presidentes das comissões permanentes da Casa legislativa. Cotado para assumir a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, Zen afirma que, após entendimento consensual entre os parlamentares que compõem a base aliada ao governo na Casa do Povo, a pasta ficou sob a responsabilidade de outro colega.
“Pelo fato de o Partido dos Trabalhadores já ocupar a Presidência da Casa e a liderança do Governo, seria um gesto bonito e importante que o presidente da CCJR fosse um parlamentar de outro partido da FPA”, afirmou ele.
A GAZETA – O senhor foi o segundo deputado mais votado na última eleição. Como você avalia essa expressividade de votos?
Daniel Zen – Me senti bastante feliz e satisfeito, mas também surpreso. Sobretudo por se tratar da minha primeira eleição. Esperava uma boa votação. Mas, nas minhas projeções mais otimistas, pensava que obteria, no máximo, 6.500 votos. Chegamos a 7.499, quase mil votos a mais que o esperado. Acredito que o trabalho realizado na Secretaria de Educação e também na Fundação Elias Mansour, aliado a um bom planejamento de campanha, com uma boa plataforma de candidatura e, o principal, excelentes apoiadores, foram os fatores responsáveis por isso.
A GAZETA – Qual avaliação o senhor faz desse primeiro mês de atividades na Casa Legislativa?
D. Z. – Faço uma avaliação extremamente positiva, desde as articulações para composição e eleição da mesa diretora, conduzida pelo Deputado Ney Amorim (PT), nosso presidente. O trabalho dele tem deixado todos os deputados satisfeitos pela forma democrática e republicana como conduz os destinos da Casa, passando pelas visitas aos municípios do interior atingidos pelas cheias dos rios, através da campanha ‘Aleac Solidária’. O fato, também, de termos uma grande quantidade de oradores em todas as sessões, com diversas indicações e requerimentos já apresentados, a formação democrática das comissões, e chegando à escolha dos seus presidentes e vice-presidentes. Isso tudo demonstra uma grande força de vontade dos parlamentares em exercer seu papel com empenho e dedicação, gerando os melhores frutos possíveis para a sociedade.
A GAZETA – A Aleac passa por um novo momento. Tem-se 18 novos parlamentares na Casa e um desejo de manter um diálogo mais próximo com o povo acreano. Como o senhor enxerga essas mudanças na Aleac?
D. Z. – Enxergo como uma consequência da renovação que houve no quadro de parlamentares. Sabemos que nem todos os deputados da legislatura anterior disputaram a eleição, mas, daqueles que disputaram, apenas seis foram reeleitos (Ney Amorim/PT, Jonas Lima-PT, Maria Antônia/PROS, Eber Machado/PSDC, Manoel Moraes/PSB e Chagas Romão/PMDB). Todos os demais estão ingressando agora no parlamento estadual, à exceção do Dep. Luiz Gonzaga (PSDB), que retorna à casa após alguns anos afastado. Com uma composição renovada, as ações e a forma de trabalho também se renovam. Vejo isso com muito bons olhos.
A GAZETA – Antes do parlamento estadual o senhor foi secretário de Educação. Como o senhor pretende atuar nessa área dentro da Aleac?
D. Z. – O parlamentar, além da atividade legislativa, deve ser um interlocutor da sociedade por excelência. É normal recebermos, toda semana, entidades da sociedade civil, sindicatos, ongs, grupos de interesse, todos a procura de uma intermediação do parlamento para com situações as mais diversas possíveis. Acho que minha passagem pela Secretaria de Educação me credencia para ser um interlocutor naquilo que disser respeito aos assuntos relacionados aos temas educacionais. Estarei à disposição para desempenhar esse papel.
A GAZETA – Além da educação, quais áreas o senhor pretende atuar?
D. Z. – Além da educação, apresentei propostas de trabalho na campanha que abordavam diversas áreas da vida em sociedade. Cultura, esporte, lazer, ciência, tecnologia, inovação, comunicação, juventude e direitos humanos são áreas com as quais tenho afinidade e alguma experiência de trabalho e de trajetória de vida. Pretendo atuar de modo mais consistente nessas áreas, sem prejuízo de outras com cujos temas nos depararmos ao longo do mandato.
A GAZETA – Como líder do governo o senhor tem adotado um posicionamento e um discurso tranquilo. O senhor acredita que isso seja o ideal para evitar um desgaste político?
D. Z. – Acredito que a defesa do Governo deve ser feita com paz e serenidade. Temos excelentes resultados a serem apresentados e debatidos com a sociedade. De outro lado, ao tomarmos conhecimento de um problema, este deve ser encarado de frente e, sobretudo, solucionado. Esse é o nosso papel. Não acredito na agressão como forma de resposta. A melhor resposta é a verdade dos fatos e dos dados.
A GAZETA – O senhor era cotado para presidir a Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Aleac, porém, outro parlamentar acabou ocupando a vaga. O senhor não quis assumir a pasta?
D. Z. – Houve um entendimento consensual de que nesse momento, pelo fato do PT já ocupar a Presidência da Casa e a liderança do Governo, seria um gesto bonito e importante que o presidente da CCJR fosse um parlamentar de outro partido da FPA. Nessa comissão temos três parlamentares da situação e dois da oposição. Como o deputado Jenilson (PCdoB) havia manifestado o interesse em presidir a comissão, acordamos que eu retiraria meu nome, para que essa pluralidade de representação partidária da base de sustentação do Governo também estivesse refletida na presidência das comissões.
A GAZETA – A vice-presidência da CCJR será ocupada por uma parlamentar da oposição, no caso, a deputada Eliane Sinhasique. Isso também foi um consenso?
D. Z. – A possibilidade de a deputada Eliane presidir a CCJ em caso de empate só existiria se tivéssemos lançado dois candidatos da base de sustentação, o que dividiria os votos, e isso não aconteceu. O deputado Jenilson foi o candidato único da base e contou com os três votos dos três deputados da FPA que integram a comissão, incluindo o meu voto. Poderíamos eleger também o vice-presidente, pois seriam três votos a dois. No entanto, também entendemos por bem que, assim como na legislatura passada, os deputados de oposição poderiam ocupar a vice-presidência desta e também de outras comissões, sem qualquer tipo de embaraço ou constrangimento. Isso é próprio da democracia, que, em essência, representa a prevalência da vontade da maioria, mas com respeito à vontade das minorias.
A GAZETA – O atual presidente da CCJ tem formação em Medicina. O senhor é formado em Direito, logo, devido à sua formação, o senhor não seria mais adequado a assumir a comissão?
D. Z. – Acredito que não é formação acadêmica que determina se o parlamentar será um bom presidente desta ou daquela comissão. Dos três líderes do governo anteriores que presidiram a CCJ, nenhum possuía formação na área jurídica e todos os três desempenharam essa função com muita competência. O deputado Jenilson é um parlamentar qualificado, preparado. Contará com o nosso apoio e com o suporte técnico de excelentes profissionais de carreira que trabalham na Aleac dando assistência às comissões. Não tenho dúvidas de que ele fará um grande trabalho, à altura do desafio. E, para isso, ele poderá contar com todo meu apoio e de todos os parlamentares da bancada de situação.
A GAZETA – O que podemos esperar do deputado Daniel Zen para o ano de 2015?
Daniel Zen – Muita dedicação, trabalho e empenho. Ativa participação nas sessões, nas comissões e nas atividades de interiorização. Chego cedo e saio tarde da Aleac, todos os dias. E observo que muitos deputados fazem o mesmo. Esse é o nosso dever.