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Sucinto perfil da política partidária brasileira

O quadro atual da política partidária brasileira, expresso  aqui em poucas palavras, não foge um sentímetro da seguinte premissa: Temos uma esquerda radical, onde se abrigam partidos  como Psol, mas que não tem densidade eleitoral num mundo dominado pelo sistema capitalista, Portanto, essa esquerda não tem poder de ascensão. Temos, partidos que se dizem de centro esquerda. Exemplos de PSDB, o resistente PMDB, PT e outros. O PSDB, traz em seu bojo, lá no cantinho um resquício de neoliberalismo. É bom que se diga que o PT não é partido de esquerda radical. É certo que por longos anos abrigou comunistas, mas nunca foi e, agora no poder essa realidade aflorou, à olho nú. O próprio “arco de alianças” característico  desde a sua fundação, sucumbiu em meados dos anos 90, 1995 para ser mais preciso, quando inclusive este articulista se desfiliou do partido, após uma reunião em  Manaus, com a presença, à mesa, dos senhores Delúbio Soares e  José Dirceu, que impuseram ao Diretorio Municipal, de cima para baixo, como era próprio do PT , uma coligação espúria com o PL nas eleições municipais, apoiando um candidato sem nenhuma identidade com  as lutas do partido.

Temos, também partidos de centro e de centro direita, permeado de “políticos” conservadores do antigo coronelísmo e das oligárquias. Estes sempre estiveram no poder, mesmo na época dos 20 anos de ditadura. Temos, ainda, a direita radical, em cuja iharga  existem políticos do tipo Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, entre os outros, amparados por uma tradição ultra conservadora, na maioria religiosos irredutíveis quanto às questões que envolvem Leis sobre o aborto, homossexualismo, casamento gay, etc. A direita radical, “é amparada”, também  por grande parte dos  70 milhões de pessoas “evangélicas” cerca de 33% da população do Brasil . Nesse caso, é aqui que mora o perigo. Aliás, o deputado federal Jair Bolsonaro, um militar da reserva (humm!) já se prepara para ser candidato à Presidência da República.

Uma coisa é certa: Na hipótese do deputado Bolsonaro postular o cargo de presidente, com o atual caminhar da carruagem, é possível tenha mais votos do que qualquer candidato que o PT indicar. A dedução é obvia: todos os principais cardeais do partido dos trabalhadores caíram em desgraça. Os do baixo clero que meterem a cara serão derrotados nas urnas.

Chegamos a este ponto drástico, após 35 anos de infância democrática, pelo simples motivo, tão pouco, pouco mesmo, de a política partidária brasileira ser o protótipo da política sem idealismo em cujas entranhas ou bastidores, os padrões éticos representados na virtude da sabedoria, da coragem, da moderação e da Justiça, não se fazerem mais presentes.

Política sem idealismo, em sentido comum, é ainda aquela sem engajamento e dedicação a uma causa nobre. Assim, nos dias atuais, neste ou em qualquer outro governo do passado,  vislumbrar uma política embasada em ideais é uma verdadeira utopia, para não dizer de elevado conceito abstrato, isto é:  impossível à luz da experiência humana, porquanto política e ética,  que deveriam andar lado a lado, estão  trilhando caminhos ambíguos, não tem nada a ver uma com a outra. Utopismo, na sua significação mais usual, refere-se à indiferença quanto à possibilidade de suas propostas que caracteriza os idealizadores de utopias ou sociedades ideais.

É notória a ausência, não só de idealismo, mas também de ideologia nos partidos políticos que estão à frente do poder instituído. É uma verdadeira miscelânea “ideológica” revelando um caráter no mínimo vergonhoso, porquanto  o que tem a ver em termos ideológicos, por exemplo, o DEM com o PV. Os democratas, diz um trecho duma nota atribuída aos verdes “representam ideias e práticas políticas absolutamente contrárias aos estatutos e ao sentimento do Partido Verde”.

Dá para entender, leitor, os homens do poder partidário? Cadê a ideologia partidária?   Se bem que, atualmente a ideologia dos partidos políticos é o poder de barganha que ultimamente tem terminado em operações do tipo:  “Mensalões” e “ Lava Jato”.

Mas, o que é ideologia  e ideologia política?

Em sentido positivo, ideologia significa qualquer sistema de ideias e normas que orienta a maneira de pensar e de agir das pessoas. Aponta para ideias e maneira de refletir que caracterizam um grupo particular, inclui-se aí partidos políticos, bem como os ideais que guiam a conduta desse grupo. Uma ideologia total, diz. O sociólogo Karl Mannheim e aquela que tem sua origem nas condições sociais. Em política, ideologia visa o bem comum.

*Pesquisador  Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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