Na manhã desta segunda-feira, 27, o governador Tião Viana se dirigiu a Brasileia numa comitiva com empresários e membros da imprensa, para acompanhar a evolução do frigorífico de suínos Dom Porquito. Não é o único investimento em desenvolvimento na região do Alto Acre, que amplia sua criação de frangos e se prepara para receber os primeiros investimentos para formar a bacia leiteira da região, negócios que juntos podem movimentar em breve mais de R$ 1 bilhão.
“São investimentos feitos em parceria com o governo e o setor privado. Isso constitui um grande projeto de agroindustrialização do Alto Acre, com altíssima tecnologia. A grande unidade de laticínios do Acre vai ser aqui, gerando cerca de R$ 150 milhões por ano daqui dois anos e meio. Estamos falando de milhares de empregos, envolvendo a piscicultura, a bacia leiteira e a suinicultura, além do plantio do milho. É um novo Alto Acre na vida dessa população”, disse o governador Tião Viana.
A inauguração do frigorífico e da fábrica de embutidos Dom Porquito está marcada para a primeira semana de julho. O espaço estará apto a abater 250 animais por dia, cada um pesando mais de 130 quilos, produzindo 60 toneladas de produtos beneficiados por dia, entre bacon, mortadela e salsicha. Já foram investidos R$ 80 milhões no projeto, que foca principalmente a exportação para a Bolívia e o Peru. Inicialmente serão gerados 450 empregos diretos, expandindo para mil vagas quando a capacidade estiver total. O sistema de abate será alemão, enquanto o de embutidos seguirá o modelo e tecnologia espanhol.
O investimento privado não poderia ter sido realizado sem o apoio do governo. Só o Estado construiu 55 galpões de engorda de suínos pela região do Alto Acre. A Dom Porquito não vê nem mesmo necessidade de comprar milho de outras regiões. “Este ano a gente não vai precisar trazer milho de fora. Do ano passado para cá foi um ‘boom’ inacreditável”, conta o empresário Paulo Santoyo, da Dom Porquito e da Acre Aves.
As aves e o leite
A Acre Aves já é uma empresa consolidada no Estado, mas almeja grandes avanços para o setor. Hoje, a agroindústria abate 15 mil aves por dia. Em maio, esse número salta para 16,7 mil. E com investimentos de cerca de R$ 5 milhões planejados para este ano, o objetivo é de que o abate salte para 30 mil aves por dia em 2016. Atualmente o faturamento da Acre Aves ultrapassa R$ 4 milhões por mês, e ela está operando na capacidade máxima.
A ousadia vai além do mercado acreano, mirando agora o mercado internacional. A Acre Aves solicitou o Serviço de Inspeção Federal (SIF) ao Governo Federal, com o objetivo de vender seus frangos para a Bolívia, Peru e Hong Kong, na Ásia. Os produtores também comemoram – uma criação regular de 15 mil aves gera lucro de R$ 4,5 mil para o produtor a cada 40 dias.
Já o investimento na bacia leiteira é uma das grandes apostas do governador Tião Viana para alavancar ainda mais o desenvolvimento do Alto Acre. Em investimento público/privado, chegarão à região as primeiras 1.400 matrizes leiteiras, criando automaticamente em Brasileia a quinta maior fazenda leiteira fechada do Brasil, onde as vacas ficam confinadas e não em pasto. As vacas são derivadas de embriões da Nova Zelândia, de onde também está sendo importada a tecnologia de ordenhadeiras. Serão 75 empregos diretos e 150 famílias envolvidas na produção.
Do grande ao pequeno produtor
O projeto de desenvolvimento do Alto Acre surpreende por realizar um trabalho em cadeia, que vai do pequeno ao grande produtor, da agricultura à criação de animais e à agroindústria. Cleidison dos Santos mora com a família no Ramal Chico Mendes, a 20 quilômetros de Epitaciolândia. Ele ganhou do Governo do Estado um pequeno galpão de engorda de suínos, com capacidade para 240 animais. A Dom Porquito é a parceira, e cede os animais, a ração e os remédios. O produtor tem apenas que garantir a engorda dos porcos.
Na hora do abate, metade do valor dos suínos é da Dom Porquito, e metade de Cleidison, que vende justamente para a Dom Porquito. Com um ciclo animal de 90 dias, o lucro para Cleidison é de R$ 2.200 por mês. Empolgado com o resultado, ele já sonha alto – quer um segundo galpão. “Para nós está sendo super bom. O ganho que a gente tinha aumentou. Agora vamos pelejar pra fazer mais um galpão ou dois, a fim de melhorar mais. E a gente espera o apoio do governador, porque quanto mais melhor, né?”, diz o animado produtor.
Acompanhando a comitiva do governador, o empresário Edilberto Afonso de Moraes, o Betão, não escondeu a surpresa com os resultados dos investimentos. Para ele, as parcerias público/privadas têm feito a diferença para o Alto Acre. “Quem está de parabéns é o Acre. Isso que estão fazendo aqui é digno de elogio por qualquer pessoa. Trata-se de um investimento que vai viabilizar essa região e gerar muito emprego”, conta Betão. (Samuel Bryan / Agência Acre)