O Ministério de Relações Exteriores puniu o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, com uma suspensão de 20 dias. O diplomata ajudou na fuga do senador opositor boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil.
A sanção imposta pela Corregedoria do Itamaraty foi publicada no boletim interno do órgão, na última sexta-feira, 10, 1 ano e 8 meses depois do incidente que gerou um conflito diplomático entre Brasil e Bolívia.
A suspensão foi efeito de um processo disciplinar interno, para definir a responsabilidade de Saboia em um caso de ruptura de hierarquia. O diplomata ajudou na fuga do parlamentar boliviano sem conhecimento e sem autorização do governo brasileiro.
Saboia admitiu que Pinto Molina foi levado em um automóvel da embaixada, escoltado por soldados, até o município de Corumbá, no Mato Grasso do Sul. Molina chegou em agosto de 2013, sem que o governo boliviano tivesse expedido o salvo-conduto. Em Corumbá, o senador foi recebido pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, Ricardo Ferraço, e dali viajou para Brasília em um avião fretado pelo presidente.
O caso Saboia
Em agosto de 2013, o diplomata, com mais de 20 anos de carreira, ficou como encarregado de negócios (substituto temporário do embaixador), na Bolívia. Reiterou diversas vezes para o Itamaraty, os problemas enfrentados pelo senador boliviano, que estava há mais de 445 dias, na embaixada do Brasil em La Paz, onde esperava asilo político e o salvo conduto do governo boliviano para viajar.
O diplomata alegou que Pinto Molina sofria de depressão e problemas renais, e que havia solicitado sua mudança para outro país, pois o governo estava demorando a resolver a situação.
O senador opositor boliviano é acusado pela justiça de seu país de corrupção e de derrubar o então ministro, Antônio Patriota. Ele enfrenta cinco acusações de corrupção, e em uma delas, já foi condenado a um ano de prisão. Essa é a justificativa de Evo Morales para negar o salvo-conduto que o permitiria deixar a embaixada brasileira.
Desde então a Bolívia exige a deportação do senador Pinto. E a embaixada brasileira em La Paz continua sem titular.
Quase dois anos após a entrada no país, Pinto Molina continua vivendo em Brasília. Sua situação no Brasil depende da Comissão Nacional de Refugiados (Conare), que por sua vez depende do Ministério da Justiça se pronunciar sobre o pedido de refúgio requerido pelo senador.