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Geografia da Língua Portuguesa no Mundo

O texto aborda a questão da língua portuguesa no mundo, sua origem e expansão enquanto idioma oficial, em alguns países. O português é um dos dez idiomas mais falados no mundo: 1º mandarim; 2º inglês; 3º espanhol; 4º bengali; 5º hindi; 6º português; 7º russo; 8º árabe; 9º japonês, 10º alemão.

A língua portuguesa está presente em todos os continentes: na América (Brasil), na África (Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Angola, Príncipe e São Tomé), na Ásia (Goa, Diu, Damão e Macau), na Europa (Portugal) e na Oceania (Timor Leste), bem como nas ilhas próximas da costa africana (Açores e Madeira). O fato reflete a grande expansão territorial de Portugal nos séculos XV e XVI, onde o poder lusitano se impôs nas novas terras descobertas.

Falado por 244 milhões de pessoas em todo o mundo, o português é a sexta língua mais falada do globo, mas é a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais como Facebook e Twitter. Falado nos cinco continentes, o português é a língua oficial de oito países: Angola (19,8 milhões de habitantes), Brasil (194,9 milhões), Cabo Verde (496 mil), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Moçambique (23,3 milhões), Portugal (10,6 milhões), São Tomé e Príncipe (165 mil) e Timor-Leste (1,1 milhões). Contudo, só nos casos de Portugal e do Brasil é contabilizada toda a população como falante de português. Em Timor-Leste, por exemplo, apenas 20% dos habitantes falam português, enquanto na Guiné-Bissau são 57%, em Moçambique 60%, em Angola 70%, em Cabo Verde 87% e em São Tomé e Príncipe 91%.

E como se originou a língua portuguesa? Da cisão do galaico-português em dois falares distintos (galego e português). A sua estrutura de língua neolatina manteve-se, mas recebeu, ao longo do seu período de formação, a contribuição de outras línguas, especialmente o árabe e as línguas germânicas. No período renascentista, o grego e o latim erudito contribuíram para uma maior variedade vocabular, bem como à estruturação linguística e gramatical. Com as Grandes Navegações e as Descobertas, a língua portuguesa adotou vocábulos de diferentes origens. Nos séculos XVIII e XIX, sofreu influência do francês. No século XX, do inglês.

Imagina-se ser imenso o acervo lexical da língua portuguesa. Para se ter ideia, admite-se haver 360 mil palavras na língua viva do Brasil e 340 mil na língua viva em Portugal.  É imenso o legado cultural acumulado ao longo da história e que os falantes necessitam conhecer, dominar e usar. Em termos de uso dos vocábulos da língua, há quem afirme que:

Uma criança usa 1.000 palavras;
Um adulto, 2.000;
Uma pessoa culta, 5.000 ;
Uma pessoa erudita, 10.000.
O brasileiro médio usa 2.000 palavras.

Agora, se se levar em conta às palavras disponíveis na língua, os falantes comuns utilizam menos de 1% desse léxico, o que é muito pouco. Mapear e registrar as palavras usadas numa língua é fundamental. Os dicionários estabelecem a geografia e a anatomia das línguas. Essas obras são peças vitais no desenvolvimento de qualquer povo. As palavras de uma língua são catalogadas nos dicionários, em forma de verbetes. Os dicionários se renovam de tempos em tempos, na busca de acompanhar a evolução da língua. Há grandes e bons dicionários:

O Dicionário da Academia Brasileira de Letras tem 72 mil verbetes;
O Dicionário de Antonio Houaiss, 228.500 verbetes (palavras);
O Dicionário Michaelis 200.000;
O Dicionário do Aurélio 160.000;
O Dicionário Larousse Ilustrado 35.000;
O Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa 120.000.
O Oxford English Dictionary, com 615.00 verbetes.

Para concluir, mais uma reflexão. O mundo inglês é falado por 1,5 bilhão de pessoas. Então, se juntássemos toda a latinidade – os nossos 230 milhões com os 400 milhões que falam espanhol e mais os 170 milhões de língua francesa (língua oficial da ONU), 63 milhões que falam italiano, 10 milhões do provençal, 7 milhões do catalão, – estaríamos suplantando, há muito, a língua inglesa. Talvez fosse interessante criar a Academia da Latinidade, essa política, por si só, uniria os povos latinos que, aparentemente, vivem isolados uns dos outros.

DICAS DE GRAMÁTICA
Qual a maior palavra da Língua Portuguesa, professora?
– A maior palavra da língua portuguesa não é anticonstitucionalissimamente, como durante muito tempo se falou, mas Pneumoultramicroscopicossilico-vulvcanoconiotico, com 46 letras, registrada no novo Dicionário Houaiss, tendo por definição “estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas”.

Se conheço alguém que sabe pronunciar a palavra pneumo-ultramicroscopicossilicovulcanoconiótico?
– Não, ninguém, nem eu mesma. Tente você, caro leitor …

Menos ou menas?
– A palavra menos não deve ser modificada para o feminino, porque é advérbio. Exemplo: Naquele instante não tive menos coragem do que antes. “Menas” não existe.
Micro / micros
– Micro é uma derivação por redução, como acontece com motocicleta/ moto. As palavras reduzidas moto e micro flexionam em número: o micro/ os micros, a moto/ as motos.

* Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É  Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.

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