Em tempos reais, vivemos uma época bem interessante. Tecnologia a todo “vapor”, redes sociais e videogames de alta complexidade e interatividade, exposição ao máximo. Horas reais, poucas; mas, horas virtuais, muitas… Então, corremos contra o tempo ou estamos a favor do tempo? Ou, ainda mais profundamente: estamos a favor ou contra a nossa existência?
São perguntas que não querem e não devem ser caladas, já que estamos na era dos “surtos”, com todas suas nuances e alardeios.
De filósofos existenciais a diversos estudiosos da natureza humana, a preocupação é uma só: a de que nós, homens, mulheres, crianças e idosos estamos “doentes”. É isso mesmo: no constante “mal-estar”, com dificuldades e sintomas de dor e padecimento.
Com esta ausência de saúde, observamos os seres humanos correndo, literalmente, em busca de algo, algum “remédio” que aplaque essa dor, e aí que vem a grande descoberta…
A de que essa “doença” não tem cura somente através da alopatia; que se faz necessário uma tomada de consciência. Consciência de si, com a necessidade de “introjetar” e não somente “externalizar”. Vixe! Pegou. E agora? Se a “onda” do momento é aparecer, expor, exibir, lipoaspirar e etc…
Num país que é líder mundial em cirurgias plásticas e um dos maiores utilizadores da ferramenta do facebook, podemos facilmente concluir que estamos falando de uma realidade virtual, ops real, e embora essa dificuldade enfrentada seja crônica, não podemos negar também a facilidade e o aprimoramento que nos trouxe toda essa tecnologia da saúde física e social.
Entretanto, a análise se estabelece no contra-senso que estamos evidenciando: o culto ao externo, ao que aparece, ao que é visto, mas que não tem o poder de ser lembrado.
Lembrança, no significado literal, refere-se à recordação, experiência sentida e vivida, memória afetiva. Então, estamos nos esquecendo de lembrar da vida, da nossa existência, da nossa verdade…
Em tempos virtuais, o desafio é este, como Marisa Monte retrata muito bem em sua música “O que você quer saber de verdade”: nos preocuparmos com as nossas verdades, com o nosso íntimo, com nossas dificuldades e complexidades, refletirmos sobre nossa existência. A isso chamamos autoconhecimento, e este é de suma importância para uma vida mais saudável.
Podemos enumerar as diversas técnicas, dinâmicas, áreas de conhecimento que esbanjam saber a respeito e nos conduzem a melhor performance de nós mesmos. A citar a terapia, as atividades que trabalham com a consciência corporal, a astrologia, as próprias ciências humanas em si…
E temos o Coaching, metodologia de desenvolvimento humano, que como John Withomore, escritor e estudioso sobre o coaching, conceitua: “consiste em liberar o potencial de uma pessoa para incrementar ao máximo o seu desempenho. Consiste em ajudar-lhe a aprender em vez de lhe ensinar”.
Ou seja, trata-se de uma metodologia, na qual a partir de perguntas poderosas e bem estruturadas podemos começar a “mergulhar no oceano infinito” da consciência de si e desenvolvimento de nossas potencialidades.
Como diz a nossa musicista citada, “(…) atenção para escutar, esse movimento que traz paz (…) atenção para escutar, o que você quer saber de verdade”… Para compreender e viver de verdade esse mundo virtual e real.
* Marcela Mastrangelo é professora, socióloga, bacharel em Direito e Coach.