O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomércio/AC), Leandro Domingos, concedeu, nesta semana, uma entrevista ao Jornal Valor Econômico. Na pauta, Domingos discutiu os desafios para um crescimento sustentável no Acre, a participação do comércio acreano na produção total do Estado e, entre outros pontos, as ações adotadas pelos governos federal e estadual para o aumento da competitividade dos negócios locais.
Para o presidente, o crescimento sustentável para o Acre carece, ainda, de um uso responsável dos recursos florestais para garantir a melhoria no padrão de vida da população residente e domiciliada. “Porém, essa percepção nem sempre é levada em consideração pelas autoridades constituídas, que chegam a considerar a floresta como um santuário a ser preservado em detrimento de toda uma população e de seu desenvolvimento social”. Domingos afirma, ainda, que qualquer modelo para um crescimento sustentável acreano que não priorize a exploração e o uso sustentável dos recursos das florestas não representa alternativa de geração de riquezas internas.
“Desta forma, o maior desafio para o crescimento sustentável do Acre depende de uma política para exploração estratégica do seu maior potencial de riquezas: a sua floresta. O segundo ponto importante e que quase sempre impede ou desestimula a implantação de outro modelo capaz de ensejar o desenvolvimento do Acre é a grande distância que separa o estado dos demais centros produtores e consumidores. Isto tira a competitividade, em face da péssima logística, falta de mão de obra especializada e elevado custo do transporte terrestre e aéreo”, argumenta o presidente.
Segundo o presidente, ainda na entrevista, o comércio de bens, serviços e turismo é preponderante na produção do Acre, já que a maioria absoluta dos bens consumidos do Estado é importada de outras unidades federativas, especialmente do Sul e Sudeste. “Portanto, o comércio é o grande gerador de rendas e emprego, contribuindo significativamente para a economia acreana”, esclarece.
Domingos comenta, também, acerca das vocações da economia, que justificariam os grandes investimentos. “Convém destacar as atividades da pecuária, produtos madeireiros, borracha e castanha. É evidente que a economia que poderá advir da exploração agroflorestal ensejará a que outros segmentos do setor produtivo possam se instalar”, reitera, acrescentando o surgimento de produção de alimentos nas áreas de piscicultura, suinocultura, avicultura e, agora, a possibilidade real de funcionamento da Zona de Processamento de Exportação, onde poderão ser processados produtos advindos da floresta, além de manufaturados”, comenta.
Importância do segmento comercial
Para Leandro Domingos, dada as peculiaridades de o Acre ser um Estado importador de produtos para revenda e consumo, o comércio local se constitui no maior empregador dente os demais segmentos da economia, respondendo a uma importante parcela das rendas acreanas. “O comércio do Acre é constituído basicamente por micro e pequenas empresas, tanto em termos da receita gerada como das pessoas ocupadas. Mesmo assim, pode-se definir o segmento como de grande importância para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do Acre”, explica.
Para o presidente, a economia acreana ainda é dependente de recursos injetados pelo estado. “Quer seja por meio de investimento em infraestrutura ou através da folha de salários. As fontes de recursos do Estado são basicamente oriundas do governo federal por meio do FPE e FPM, e também organismos nacionais como BNDES e o BID”, afirma, complementando que, no setor privado, o Banco da Amazônia, por meio do FNO e o BDNES são grandes fomentadores do desenvolvimento no estado.
Investimentos
Domingos também comentou os investimentos recentes e os esforços do governo para a criação de uma base competitiva comercialmente para o estado. “Porém, carece de definição prévia dos fatores produtivos, capazes de atender a um plano estratégico de desenvolvimento”, explica. Para o presidente, o governo federal não estaria demonstrando esforços para definição e aplicação de políticas para o desenvolvimento estratégico da região acreana. “Desta forma, nada se pode afirmar quanto os níveis de deficiências estruturais do Estado do Acre”, finaliza. (