O Encontro Nacional de Ateus (ENA) realizado no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) foi marcado pela queima de um exemplar da Bíblia Sagrada, e o gesto foi considerado desrespeitoso pela reitoria da universidade, que suspendeu as atividades culturais.
O gesto do estudante de filosofia Roberto Oliveira da Silva aconteceu durante o encontro nas instalações da Ufac, que contava com apoio de professores. O organizador do evento, Felipe Zanon, disse ter autorizado a queima da Bíblia.
“No dia em que eu tiver que censurar um artista em seu lugar de direito, o palco, será o dia em que a arte e a cultura morreram”, justificou Zanon, que é historiador, ateu e estudante de Direito na Ufac, segundo informações de um site de notícias acreano.
A repercussão do gesto e de sua fala não foi a melhor na comunidade acadêmica, e como resposta às críticas, Felipe Zanon disse que o gesto foi feito para repudiar “o mal causado pela Igreja no que diz respeito aos massacres ocorridos ao longo da história do cristianismo”.
Zanon argumenta que houve atos de vandalismo e brigas em outros eventos culturais, mas a reitoria da Ufac não tomou providências similares: “Aproveitaram o que aconteceu (queima da bíblia) para pegar carona e nos colocarem como culpados”, disse o militante petista.
Como retaliação, Zanon prometeu atear fogo a outro exemplar da Bíblia Sagrada se o reitor Minoro Kimpara não revisse sua decisão: “Se a reitoria não aclarar e rever a situação que levou a suspender os eventos, bem como a real motivação acerca da proibição de novos eventos musicais, eu mesmo vou tocar fogo em outra Bíblia, desta vez na frente da reitoria. Daí sim, terão motivos para me culpar realmente porque até agora estou sendo culpado por algo que não fiz”, disse.
Questionado se a queima da Bíblia não seria uma forma de intolerância religiosa, Zanon minimizou: “Eu acredito em mim mesmo, no que sou, no que posso! Respeito os demais, suas crenças… Não temos problema nenhum em quem crer ou não em Deus. Nós buscamos a laicidade do Estado, queremos um estado sem religião, todos merecem o mesmo respeito, inclusive falam em perseguição, mas nós é quem sofremos perseguição por sermos ateus, porque somos minoria. Nossos cartazes foram rasgados aqui nas dependências da Ufac. Até o outdoor com a divulgação do nosso evento foi retirado”, disse.
O reitor Kimpara disse que a suspensão dos eventos foi uma resposta aos atos de vandalismos e não, especificamente, pela queima da Bíblia, e ressaltou que não concordou com o gesto: “É lamentável agredir a crença das pessoas, eu fiquei triste porque as pessoas têm o direito de crer ou não, de defender suas posições políticas, suas convicções, mas para tudo isso é importante o respeito. A Ufac é um espaço plural, lugar de cristãos e das pessoas de diferentes religiões, dos que creem e dos ateus também. Eu defendo uma Ufac uma sociedade e um estado laico que garanta a convivência respeitosa entre ateus e cristãos de diferentes religiosidades. A intolerância precisa ser exercida, sim, mas contra a corrupção e a miséria que a assola nosso pais e grande parte do mundo”, concluiu. (Do Portal gospelmais. com.br)