Após a divulgação da suspensão das viagens de imigrantes do Acre para a cidade de São Paulo, pelo Ministério da Justiça no início da semana, o Governo do Acre reafirmou que o transporte para outros estados deve continuar. A confirmação foi feita pelo porta-voz do governo acreano, Leonildo Rosas, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 20.
Leonildo Rosas ressaltou que o convênio com o Governo Federal, via Ministério da Justiça, que viabiliza as viagens, permanece. O porta-voz disse ainda que o destino dos imigrantes não é decidido pelo Governo do Estado. “Eles escolhem o destino que desejam seguir viagem. Prova disso é que, dos 36 mil imigrantes que já passaram pelo Acre, apenas 50 permanecem em terras acreanas”.
Com isso, os imigrantes devem seguir para outros estados do Centro-Sul. O porta-voz falou que ainda não existe a definição para que as viagens a São Paulo retornem. Enquanto isso, os imigrantes que querem ir até a capital paulista vão ficar no abrigo em Rio Branco.
Está previsto para ocorrer uma reunião nesta quinta-feira, 21, entre o governador do Acre, Tião Viana, com a Casa Civil da Presidência da República, para tratar das questões que envolvem os imigrantes no Acre.
Respondendo à reclamação do prefeito de São Paulo, que diz não ter sido informado quanto à chegada de imigrantes, o porta-voz do governo acreano afirma que o Estado também não é notificado sobre a chegada.
“Os imigrantes quando chegam ao Acre não notificam. Essa medida de informar os estados é do Governo Federal. Não cabe ao Acre fazer essa mediação. Nós acolhemos os imigrantes. Eles definem para onde vão e o Governo Federal faz essa mediação”, explicou Leonildo.
De acordo com a coordenação do abrigo, atualmente, existem 500 imigrantes no local. E como as viagens recomeçaram, após dois meses, o número de pessoas que chegam ao Acre só aumenta a cada dia.
Sobre o abrigo
O Governo do Acre mantém seu posicionamento de entregar o gerenciamento do abrigo ao Governo Federal. Desde que foi feito o anúncio, na primeira quinzena de abril deste ano, conversas estão sendo mantidas, permanentemente, para que a transição seja feita.
“O Governo do Estado não tem mais condições de assumir a responsabilidade pela acolhida dos imigrantes. Para se ter ideia, nesta terça-feira, 19, chegaram ao Acre 220 imigrantes. Nos últimos cinco anos, recursos na ordem de R$ 10 milhões já foram gastos”, pontuou Rosas.
Morte de imigrantes no Acre
Desde 2010 foram registrados três óbitos de imigrantes no Acre. O primeiro deles foi vítima de câncer, o segundo foi a haitiana Milourde Rigueur, que morreu no dia 4 deste mês, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), com diagnóstico de pneumonia. E, nesta última terça-feira, 19, o haitiano Davace Jack veio a óbito no Hospital das Clinicas do Acre, vítima de insuficiência respiratória.
Como o governo haitiano não possui serviço para translado e a família da vítima ainda não tinha sido contactada, ele deve ser enterrado no Acre. Davace Jack chegou ao Estado com a saúde debilitada e há dias fazia sessões diárias de hemodiálise, no Hospital das Clínicas, confirmou a assessoria do governo.